Poemas Anjos de Pijama Matilde Rosa Araujo
Enviei uma carta pelos correios e
avisei ao destinatário:
Espere por mim!
Tem texto fazendo viagem,
tem gente trabalhando por nós.
Metro por metro a distância é vencida.
Bytes que escolhi não agilizar,
ainda chegarão a tempo
sem riscos de encherem a caixa de Spam.
Tem perfume na folha
e um beijo impresso também.
Tem saudade em gotas
que pinga borrando a tinta, marcando o papel.
Em mundos em que o afeto é vertigonoso
a própria vida passa em branco.
Sem perfumes, marcas, beijos ou poesia.
Ela é arte,
mesmo sem fazer nada.
Mas quando faz, ah, quando faz.
Torna-se também amor.
Ela é assim:
impossível não amar!
Eu sinto como inseto.
Tenho medo de pés, jornais, venenos
De tudo o que me é maior.
Penso como humano,
Sei que o tempo é curto,
A vida menor ainda.
Sei que eu em meus quase dois metros
Sou minúsculo.
Sendo assim, volto a sentir como inseto,
Preso nessa máquina
onde engrenagens tentam me esmagar.
O mundo foi feito pra gigantes,
Mas ainda tem gente que bate no peito pra dizer que aguenta.
Para as operarias que se acham rainhas,
Nos corredores dos mais básicos mercados
Compra-se iscas inseticidas.
Doeu um tanto você não ter voltado,
Doeu pra arrancar lágrima, pra pesar o peito.
Doeu retrógrado a todos os passos que dei em sua direção,
As gotas de água que no banho caíram sobre meu corpo,
Todo pensamento que tive e acabou em sorriso,
Cada pequeno sacrifício que fiz, doeram.
Tudo por pensar que você também me queria
Por onde quer que seu caminho fosse levar.
Invisível para aqueles que vêem, e só.
Para todos os outros que ouvem,
Saboreiam,
Farejam,
E sentem,
É palpável a presença
do que desperta vida.
Para aqueles que só vêem
o mundo é uma miragem.
Na parede pichada do banheiro,
xingamentos gratuitos para quem se dispuser a ler.
O cuidado ao tocar somente o indispensável
em um ambiente que inspira -Não me toque's-
é colocado em xeque ao se deparar em frente ao espelho
A esbanjar vermelho,
Com um beijo impresso.
Quando criança, pensei ser piada.
Ou mais uma forma de prender a atenção das pessoas,
sabe? Ficção.
Porém hoje já posso ver sem sequer procurar,
pessoas plugadas a tomadas
esperando a vida carregar.
Pelo que você levanta todas as manhãs?
É a falta de sono tão somente?
Mais um dia de trabalho?
Pela prole faminta ao pé da cama?
Ou mesmo se levanta
para continuar sonhando acordado?
Tem vida chamando,
com pressa para ser atendida.
E os medos que você vêm fazendo de travesseiro
já venceram a hora de também tomar Sol.
Por hábito,
não abri a janela para ver o dia,
já que havia visto anteriores.
Por hábito,
não acendi nenhuma luz,
já que continuavam mesmos os corredores.
Cerrei meus olhos e cego me tornei,
por habitualmente pensar
que as coisas todas,
permaneciam as mesmas.
Houve compromisso com um sonho,
Houve ação e também palavras, mas
principalmente ação.
Houve aurora e entardecer.
E o sonho que por fim,
teve domínio apenas
quando com olhos fechados,
tornou-se passado.
O fim é o gosto desértico que resta a boca,
ao término do gole de água do mar.
É o espasmo no corpo frio
onde o coração já não se contrái.
É buscar por brilho em olhos que já não vêm,
E ter a carne comida por vermes
sem a chance de apodrecer.
É um convite para entrar que tarda,
e faz o coração sob o sereno esfriar.
O fim segue na frente quando se para pra ser feliz.
E espera em alguma esquina
o prazo até que o alcancemos.
É deixar no amanhã, o preocupar-se em ser.
Espaço
Não me culpe por sua angustia ou me responsabilize por sua dor, me aceite com meus defeitos ou me rejeite por não ser como gostaria que eu fosse, não espere de mim perfeição já que só devemos esperar do semelhante aquilo que damos a ele, não me lembro de receber tudo pronto e perfeito e mesmo que assim o fosse nunca usaria amor, carinho ou entrega como moeda de troca, dou ao mundo o que penso ser o melhor de mim e só espero do mundo espaço e se possível um tiquinho de respeito.
Entendi agora
Um dia acordei e percebi que era barro e que a vida estava calma demais então dei um tapa no visu e resolvi ser mar na primeira onda puf derreti entendi então que não posso ser o que não nasci para ser mas posso melhorar o que sou.
Ana Paula de Araújo
Tempos modernos
Saudades de quando podia falar da tranquilidade do dia, naquela hora sabia que mesmo quando uma chuva vinha forte e os ventos destelhavam algumas casas, o que já era assustador, o único barulho que incomodava era dos trovões que ecoavam pelo ar dando ao céu seu tom gutural o tornando negro e aos ouvidos mais delicados era um aviso " não saia de casa "... Hoje o barulho que espera-se mas que deseja se que nunca venha é de uma sirene estridente e nervosa que proclama "corra ou morra...
Só divagações sobre o medo sentido por morar próximo a uma barragem.
Mil e uma
Dá-se início o crepúsculo
E vou como quem não quer nada,
Aos teus pés.
Nunca suplico, ou ao menos falo,
Ela por si só me entende,
Sinto.
Ouço
Sua respiração ofegante
E com desejo:
Ser mulher!
Eu a faço!
Não que precise do meu corpo,
Só queremos um bate-papo!
Ali,
Conversamos sobre tudo
Sem uma única palavra.
Olhares e toques
Sob calor ardente do quarto
O mundo nos-ouve,
(Apenas gemidos).
O que ouvimos do mundo?
(Os choros).
Na ânsia pelo experimentar pubescente
O sal do seu suor,
O Crespo do seu corpo,
Vejo o querer em seus olhos,
Enquanto reviram-se ao me olhar,
E aos poucos seus lábios fraquejam,
Como num desmaio,
Seu corpo dorme.
Música,
Tempo,
Excitação,
Continuam.
Enfim chegou o momento da entrega,
O diabo vem a nos cobrar,
O que a tempos prometemos-o,
Entregamos-o, ele odeia perder tempo,
Primeiro ela.
E depois eu.
E sem saber das horas ou dos dias,
Nos miramos,
Tomamos o que ainda está por acabar,
Somos mil e uma transas!
Da pedagogia: quero que me ensine o bê-a-bá do amor.
Da medicina: que abra o meu peito e coloque um novo coração.
Da advocacia: que me liberte da prisão, que é a solidão.
Ao ser examinado pela médica, ela disse:
- Não estou escutando o seu coração.
- Levaram-no! - Respondi.
- Você deixou?
- Às vezes.
Valadares rima com:
Ares
Lares
Pesares
Manjares
Bares
Lugares
Familiares
Preliminares
Não rima com amor.
Mas ela é.
30/01/23, Governador Valadares, 85 anos.
Glêdston, o que é a vida?
A vida?
A vida é um presente com data de vencimento; portanto, não demore para desembrulhá-lo.
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