Poema que Descreva uma Pessoa
Mistérios
Mistérios esse teu olhar
Profundo
Claro
Escuro em meus desejos
Mistérios apenas mistérios
E eu a desvendá-los
Em promessas cantadas
Palavras enluaradas em noites de verão
Esses mistérios me deixam cada vez mais aguçada
Em minhas percepções
Quero tanto que eu mesma me estranho
Faço versos pensando assim em ti
Mergulho em minhas desventuras
Apenas amo-te, nada mais
Nada importa
Se há distância
Se não há importância ao que me revelo
Nada importa...
Tudo que quero sentir
É o meu coração assim por ti palpitar...
Leticia Andrea Pessoa
A rosa e a mulher
Uma é perfumada
A outra se perfuma e sai
Uma é tão bela que os pássaros atraem
A outra de beleza igual à primeira
Atrai apaixonados, poetas e sonhadores
Uma tem cores esplendorosas, inebriantes
A outra faz as cores se inebriarem, se faz arco-íris
Um apesar de tão bela possui espinhos aguçados e agudos
A outra como a primeira
Tão bela como a primeira
Tão perfumada quanto à primeira
Tão colorida quanto à primeira
Possui espinhos vorazes como a primeira
Espinhos pontiagudos, venenosos
Capazes de ferir mortalmente quem os toca
Crescido em seus momentos de tristeza e solidão
Mas nada a temer...
Pois esses espinhos se tirados com cuidado
Terás a mais bela flor do jardim
Ea mais amada mulher até o fim...
Leticia Andrea Pessoa
Faça de mim...
Faça de meu corpo terra fecunda
Onde nascem todos os teus sonhos
Onde se fazem frutos todas as sementes
Faça de mim.
Tudo o que pensas em compor
Seja uma música, com melodia e letras
Ou apenas versos
Soltos pelo espaço entre o presente e o futuro
Faça de mim...
Faço-me estrela cadente, entrando em teu universo
Incendeio-me ao teu contato breve e tão profundo
Faço-me lua em fases distintas...
Meio crescente meio minguante
Sou lua cheia ao teu encontro tão furtivo
Faça de mim...
Faça tudo aquilo que não sou , ou que nunca penso em ser,
Faça tudo , mas não me conte , apenas faça
Pois se eu souber , jamais serei assim...
Eu te peço , oro , rogo ..faça de mim...
Leticia Andrea Pessoa
Um sonho
Numa bela madrugada
De brisa suave e de caminhos tão claros, acordei
Sentei na cama, respirei e fundo e lamentei
Lamentei por ter acordado
Pois contigo sonhava...
De mãos dadas caminhávamos pela areia branca de uma praia
Coqueiros dobravam o vento
O mar assim tão azul
Mas acho que era verde...
O sol se deitava ao longe
Tudo era tão lindo
Em cores fortes e ao mesmo tempo delicadas
Olhava em meu redor e não via ninguém
Era apenas eu e você
Sentada na minha cama permaneci
Embevecida com o meu sonho...
Olhei o relógio na cabeceira da cama e vi
Que era início da madruga e que eu poderia voltar dormir
Olhei tua foto...
Senti o teu perfume em minhas roupas...
Relembrei tua voz....
Fechei meus olhos e novamente deitei,
Quem sabe outra vez o sonho traz você pra mim...
Leticia Andrea Pessoa
As avessas
Tantas vezes sonhamos com o príncipe encantado
Montado num cavalo branco
De crina comprida
De cavalgar suave
Que venha nos libertar de nossos pesadelos reais
Um príncipe tão belo
Tão encantador
Um conto de fadas perfeito
Tornando-nos rainhas de seu reino
Princesas maravilhosas...
Mas o príncipe está do lado
Nem tão belo
Sem cavalo...
Mas se observarmos bem direitinho
Dentro do ogro há um homem divino
Meio xucro
Às vezes de patadas a tratar
Mas é o príncipe da vida real...
Leticia Andrea Pessoa
Reflexão
Sonhos existem para serem sonhados
Amores para serem amados
Realidade para serem vividas...
Ninguém foge ao seu destino
Embora o destino possa ser mudado
Paixões arrebatam!
Ou simplesmente nutrem o coração
Amar é o que move o ser humano
É a razão das nossas vidas
Nascemos por amor
Amor entre dois corações
Amor, simplesmente amor...
Então vivamos o amor em toda sua magnitude...
Letícia Andrea Pessoa
Canção Cuiabana
Em versos poéticos de amor
Frases perfeitas de sonoridade
Igual a notas da viola de cocho
Deliciosas rimas como os sabores cuiabanos
Cuiabana... De meu coração...
Cuiabana... minha emoção...
Linda poeta, proseada enluarada
De versos e canções
Cuiabana o som ao longe corre as veredas
Das águas claras mato-grossenses
Cuiabana...
Meu grito solto ao vento
Aparece-me um alento os carinhos teus...
Tantas aves, flores e cores nos prados de Cuiabá
Cuiabana é a minha canção
Dos trens e fronteiras
Das horas matreiras dos campos gerais...
Das chapadas, céu azul, belos animais...
Cuiabana... De meu coração
Cuiabana... Minha emoção
Bela morena... Formoso peão
Essa canção cuiabana vou a cantar
Estrada sem fim ou se no fim, irei gostar
Se todas as estradas dessem em Cuiabá...
Leticia Andrea Pessoa
Queixamos nos de infelicidade sem sequer saber o que é não ser feliz.
Esquecemos os privilégios que temos em poder ver aqueles que amamos todos os dias.
Devíamos agradecer o facto de os termos lá.
Passados 68 anos da 2ª Guerra Mundial é incirvél a maldade que ainda se vê nos seres humanos.
Quer dizer, todos criticam o Hitler, mas no fundo todos temos um pequeno Hitler dentro de nós, todos temos um génio mau, todos já fizemos algo de que nos arrependemos.
É horrível ver as pessoas a criticarem as outras sem sequer olharem para si mesmas
Há 21 anos atrás o mundo parou. Muitas lágrimas caíram, muitas vezes foram ouvidas e reouvidas as músicas deste senhor.
Há 21 anos morreu uma lenda. Talvez a maior que o mundo da música já viu. Talvez a maior que o mundo da música alguma vez irá ver.
Há 21 anos morreu o senhor Freddie Mercury deixando dentro do coração de todos os fãs uma enorme saude, que viverá para sempre.
Ele tinha SIDA e era gay, mas contra todas as probabilidades ele enfrentou o mundo e sem ter medo ou vergonha foi para um palco cantar. Ninguém queria saber se ele tinha SIDA, se era gay ou o que quer que fosse, ele era respeitado pela música que fazia. Cada vez que cantava um arrepio percorria a espinha de quem o ouvia.
Tal como dizia ele não queria ser uma estrela, queria ser uma lenda, e conseguiu.
Apesar do seu corpo já não se encontrar entre nós ele viverá sempre nos nossos corações e através da sua música. Only the good die young, esta frase aplicasse perfeitamente a este grande senhor.
Freddie Mercury 1946-1991
Maior perda de sempre do mundo da música
Domingo é quando desaconteço.
Não me peça poesia — estou despalavrado.
Fico feito pedra que esqueceu de ser chão.
Aos domingos, todo meu rabisco é sem querer.
Asas
Me ensinaram a ser chão,
a ser reto, a ser horário.
E eu fui —
fui sem vírgulas, sem desvios, sem fé,
sem delírios.
Nem andor passava por mim.
Desaprendi de voar
quando adulteci
e virei funcionário da rotina.
Guardei minhas asas na gaveta do
esquecimento,
junto de papéis amassados e promessas
vencidas.
Me acinzentei — mas os olhos, não.
Eles cansaram de ver histórias de aluguel.
Anseio por uma história que ainda não construí.
Meu conto.
Meu próprio folclore.
Quero subir novamente,
nem que seja feito um passarinho de metal,
avião de lata.
Cair para cima.
Acredito que ainda tenho tempo.
Sonhar é verbo com hélice.
Ontem, me lembrei que nasci para o alto.
Reabri a gaveta com dedos de menino.
Achei minhas asas caladas, mas inteiras.
Borrifei esperança nas penas,
reacendi o desejo pelo voo na pele.
E fui.
Voar é desobedecer o peso.
Mesmo que o vento se esqueça.
Mesmo que as asas tremam.
Alcançar os ares é importante —
reaprender a sonhar,
mesmo que o mundo diga: não.
Idade Mídia
Vivemos a era da conexão plena e da desconexão absoluta. Nunca estivemos tão juntos em redes e tão apartados em ideias. Nunca se falou tanto e se pensou tão pouco. A esse fenômeno contemporâneo, poderíamos chamar de “Idade Mídia” — um tempo em que a opinião ganhou status de argumento, e a ignorância, muitas curtidas.
A figura do homo idiota — não no sentido ofensivo, mas etimológico, grego, do sujeito que se abstinha da vida pública e refugiava-se no particular — retorna com força. No período helenístico, esse era o cidadão que ignorava o debate político e voltava-se apenas à sua esfera privada. Mas havia, ao menos, o silêncio. Hoje, o homo idiota não apenas opina: ele grita, compartilha, cancela, vocifera. Tem o direito à fala, mesmo sem o menor interesse pela escuta.
Não se trata de um ataque à democracia — longe disso. A liberdade de expressão é o alicerce de uma sociedade plural. O problema não está na liberdade, mas no esvaziamento do conteúdo. Falamos muito, mas dizemos pouco. Informados por manchetes, formamos certezas antes mesmo de compreender as perguntas.
Seguimos, então, a passos de moonwalker — deslizando de costas, imitando movimento para frente, mas indo para trás. Temos tecnologia avançada, filtros estéticos, inteligência artificial, mas carecemos de diálogo honesto, empatia e pensamento crítico. Avançamos nas ferramentas e regredimos nos fundamentos.
A Idade Mídia é o tempo em que se troca sabedoria por performance, reflexão por lacração, silêncio por barulho. E, assim, com a ilusão de progresso, dançamos rumo à mais elegante das involuções.
Estrelas que me lembram
Trago no sangue o ferro
que já foi coração de planeta.
E há, na minha espinha,
o cansaço milenar das galáxias.
Não nasci hoje.
Nasci quando Deus ainda aprendia
a escrever luz nos espaços.
Sou poeira antiga,
com nome recente.
Memória estelar em movimento —
não de um astro,
mas do instante em que o amor
acendeu o primeiro fogo.
O imediato me fere,
como quem tenta cortar o infinito
com o fio cego da pressa.
Há milênios dentro de mim.
Olho o eterno
porque só ele me reconhece.
O Primeiro Ritmo
O coração é o primeiro.
Não a pele que nos defende,
não o rosto que nos denuncia,
não a ideia que nos inventa.
Antes de tudo, um músculo.
Trêmulo.
Errado de tão certo.
Bate.
Sem saber se há alguém ouvindo.
Lá no escuro,
onde o mundo ainda é silêncio,
ele se apressa em existir.
Compasso clandestino,
riscando o nada com vontade.
O coração começa sem ter endereço.
Sem saber se será aceito,
se haverá colo,
ou ao menos tempo.
Ele bate.
No vazio.
Como quem chama por um nome
que ainda não foi escolhido.
Descobri isso tarde.
Como se costuma descobrir o amor.
Antes do pensamento,
há o susto.
Há o sentimento nu,
sem dicionário,
sem licença.
Descartes quis começar pela razão.
Mas a razão já é medo.
Já é contenção.
Já é tarde demais.
Antes de sermos gente,
somos urgência.
Ritmo.
Vergonha de termos vindo sem convite.
“Quantos equívocos seriam evitados se ao invés de ficarmos com nossas rasas interpretações buscássemos a versão do autor.
Quando existe a possibilidade de ir diretamente a fonte de qualquer assunto é ignorância e imaturidade continuar interpretando escritos e ações.
Quando a intenção é encontrar a verdade de um assunto à imaginação sempre nos fará pecar.”
Vc não ver
Mas eu me corto todo dia pensando em te ter
E vai doer
Mas dói bem menos do que isso que sinto por vc
Eu estou desesperado
Prestes a me jogar do telhado
Mas antes decidi te escrever
Pq sei que um dia vc ainda vai me querer
Tá passando td na minha cabeça agora
E que tenta me fazer mudar de opinião
Mas eu já tô morto
Não tem explicação
Não sei se foi as estrelas
Ou a constelação inteira
Tentando me fazer desistir
Mais o que eu queria era ter vc aqui
Antes de cometer essa loucura
Que parece mais uma aventura
Queria te dizer:
I died for you!
A Costura do Tempo
No concerto do tempo, onde a memória ressoa,
a roda da costura torna-se volante,
em mãos infantis, nervosas de esperança.
Ali, sob a mesa antiga de madeira,
um mundo se desenha em trilhas e trilhos,
na imaginação fértil que a tudo acolhe.
De ferro e linhas, nascem sonhos motorizados,
o silêncio da máquina transforma-se em estrada,
levando a alma a paragens nunca dantes vistas.
A cada giro, a promessa de um novo destino,
na simplicidade do brincar, a vastidão do universo.
Ah, os primeiros carros, feitos de nada
e de tudo que o coração de uma criança possui.
Éramos inventores, pilotos, aventureiros,
com um fragmento de mundo nas mãos,
tecendo histórias que o tempo jamais apagará.
A criança antevê a felicidade,
não espera que ela chegue para ser feliz.
Hoje, ao lembrar desse recinto sagrado,
onde o riso desafiava o impossível,
sinto a saudade suave como brisa estival,
acariciando o peito, evocando a magia
de quando podia costurar o tempo no chão da sala, meu infinito caminho.
A menina
A menina se olhava no espelho e passava horas chorando, se lamentando por aquilo que ainda nao tem
Ela se maltrata, se humilha e se odeia
Faz de tudo para poder se sentir aceita
Sua alma está morrendo, e sua alegria foi deletada
A menina implora por atenção.
A menina prega sobre amor próprio, enquanto corta o seu rosto com uma lâmina
A menina cancela sua imagem, ela perdeu suas emoções
A menina
A menina está morta.
A saudade
Sonhando acordado todo dia
Me fantasiando com o dia da sua volta
Meu coração ainda exala a tua essência
Minha boca ainda clama por teu nome
E minha alma anseia por atenção.
Me sinto um idiota
Minhas emoções são tão intensas
Tudo isso é um misto de sentimentos.
Mas você
Você não se importa, e nunca se importou
Nunca demonstrou, nunca se expressou.
Se eu dissesse que não sinto sua falta todo dia, seria mentira.
Você arranjou um outro amor
Sinto falta de ser a sua garotinha
Saber que tudo que sentimos era um engano, isso machuca
Tudo acabou
Eu odeio
Eu odeio te amar.
