Poema Quase de Pablo Neruda
Outros tempos,
Tempos difíceis,
Tempos controversos?
Tempos que não são
Como outros tantos!
Nem ao menos tão bonitos
Ou lentamente feios,
Quanto se espera deles o tempo todo.
Será que nasci na família errada?
Aos 8 anos parece que nada se encaixa
Com 10 a minha dúvida se propaga
A minha casa não é o meu lar
Ou será normal as brigas todo dia?
Ninguém nunca quer a verdadeira resposta
Nessas horas a gente só queria ter alguma certeza
14 anos, percebo que é melhor guardar as dúvidas
Porque o mundo é movido por respostas
A única coisa certa é fazer agora
Porque ninguém te espera
E o que se faz quando até a família está separada?
Só não está longe por obrigação
E sua vida se torna sérvia a repressão
Devo escutar meu coração?
Largar tudo e morar perto do Japão?
Ou minto me dizendo que amanhã é diferente?
Parar para pensar nos deixa carente
Então, vou ganhar o mundo quando andar pelas ruas ainda sorridente.
Anseios
Triste menina,
Teu olhar é como a obscuridade da noite
Um olhar tão calado,
Um olhar que oculta,
Parecem aprisionados... Levante-os!
Olhe em direção a mim!
Pois,
Quando admiras,
Passa a existir uma luz que rasga as trevas,
Dissipando tudo o que te aniquila.
Mas,
O que contém além da tua visão?
Se eu soubesse dos teus sentimentos,
Navegaria nesse oceano de águas tenebrosas,
Somente para compartilhar dos mesmos anseios.
Liberdade
O que é ser livre?
Consistir em...
Estabelecemos nossos desígnios?
Nossas decisões?
Nossos estilos?
Nossos pensamentos?
Nossos sentimentos?
Comandamos a nossa própria história?
Quem nos extraiu o livre-arbítrio?
Será que foi Aquele que nos ofereceu?
Ou fomos nós próprios?
“A libertinagem nos roubou as virtudes da liberdade”.
E a criança sorriu
E a criança sorriu,
Na beleza do seu sim,
Na sua brincadeira de ser inocente,
E na pureza de seu olhar.
No encanto tão aparente,
Talvez no descobrir da vida, latente,
Assim quem sabe ganhe um beijinho de presente.
Um belo abraço e um obrigado,
Por estar sendo ouvido,
Cuidado e amado.
Filhos, sobrinhos e amigos,
Pequenos soldados,
Treinados para vencer a dor,
Espalhar o amor e pintar o mundo
Com uma linda cor.
Sem teu olhar
Não me importa o quão profundo seja,
Não me importa o quão bonito seja,
Se não tocar seu coração,
Para mim de nada vale.
As rimas puras, jogadas na escuridão,
Sem teu olhar, nunca brilharão.
È só começar
O que é perfeito?
Será que você ama, a ponto de perdoar defeitos?
Talvez nem consiga enxergar em si, os próprios erros!
Consegue multiplicar, ou somente dividir?
Talvez em alguma hipótese consiga somar!
Mas amar vai além mar,
Desde cuecas jogadas, á dormir de pijamas no sofá!
Quatro letras que juntas encantam ou destroem um jantar,
Mas se der certo, pode pensar em casar!
Se não, para que chorar, o negocio é logo separar!
E se mesmo assim quiser tentar,
Um ótimo passatempo logo abaixo vou lhe falar,
È apenas um conselho, não precisa á serio levar,
Você sai comprar e ele um futebol jogar.
Assim felizes todos vão estar.
A sala vazia
Ecoa a agonia,
Reflexo do silêncio
Que falou alto demais.
Para tantas palavras
Não ditas, não escritas,
Faltaram pedaços de vida
Momentos de ironia.
Faltou preencher
Com suor, lágrimas e alegrias,
O quebra-cabeça chamado vida.
Medíocre instante
Do botão, explosão!
Propagação da incerteza
Duvida e escuridão.
Dedos que condenam
Sem saber, sem ter um porque,
Justo sofrimento
Por escolha da sorte?
Ou da falta de saber!
Em um piscar de olhos
Uma caricatura bem apresentada,
Do mal, em forma de fada.
Auto, convencimento
De que o melhor para você
Talvez seja também para a nação!
Leve instante de esperança
Que se acabe a apreensão,
Mesmo que seja nas mãos
Manchadas de um duvidoso ser.
O voto é a guilhotina do povo
Que lentamente mata milhares
Pelas desculpas esfarrapadas
De homens que se dizem exemplares.
Ao amanhecer restam apenas vestígios
De mais uma fantasia, que esfarelou vidas,
Em troca de um barato assistencialismo.
Que começa no alento de uma urna
E termina com a esperança em um caixão.
Sobras
São sobras e apenas isto
De tempo, esperança, descrença
De comida, de sonhos, de maldição.
De humanidade, dignidade, bondade,
Oferecida aos porcos, ratos tão desprezados.
Peles em decomposição, olhares tortos
Prédios em ruínas, sociedade corrompida.
Mal dizeres, que trazem as velhas novas!
Uma idolatria arcaica que poda o que é assombro.
E toda sombra sente a dor de uma alma colorida
Mesmo que seja envolto de sacos pretos
Pra se proteger dos azedos dedos do destino.
São restos de histórias, mistura clássica popular
Ignorância, indiferença, distração, corrupção,
Ingredientes de uma fraca socialização.
Dúvida
O equilíbrio tênue
Ausente na mente
O escraviza por deveres
Adquiridos.
A falta da dúvida
Transforma a face
Em cordeiro,
Pronto para ser imolado.
Capenga de verdades
Inflada de proféticas palavras,
Não há sinal de razão
Em meio ao caos organizado.
Estupenda maestria
Em seguir velhas sinas,
Assassinando a própria liberdade
Para ter conforto na vida.
Em alguns momentos
Se está com as mãos cheias,
Em outros tantos
Elas parecem vazias.
E mesmo assim
Com tantas incertezas,
Vai se fazendo
A vida.
Novas letras, novos dias,
Na sombra de novos amores,
Velhas alegrias!
Na ponta de lápis gasto
Ideias novas
Sem fronteira, sem hora,
Sim senhora!
Pra começar e acabar.
Sentimentos
Que passam o verão
Furam o inverno,
Despertam no outono.
Preto e branco
Luz do dia colorindo,
O que nunca foi visto
Lido ou sentido.
Sentimentos tortos
Caminhos cruzados, bocas desejadas,
Da meia noite ao meio dia, resto do dia,
Os ponteiros insistem
Gritam e falam,
Sinta a vida!
Te dou a vida
Da mesma forma que lhe dou a morte,
Concedo-lhe o dom da escolha,
Permito que erres muitas vezes.
Permito que sorria, da mesma forma que irá sofrer.
Nada mais justo e honroso que aprender a perder,
E assim saber viver com o pouco que se tem.
No branco infinito
A paz, os pensamentos,
Tão longe quanto meus pés puderam levar,
Tão perto quanto meus sonhos insistiram em realizar.
Sou apenas mais um gigante
Pequeno, no oceano de duvidas e certezas,
E na beira do mundo,
Conquisto mais um cume, mais uma vitória,
A certeza de que o desafio apenas está no inicio
Por que no horizonte vejo apenas nuvens,
E sinto que ainda posso voar.
Sou um gigante, engolido pelas nuvens,
Pequeno, diante de tanta paz.
Lá estava,
Sem sombra, sem sonhos,
Em meio à madrugada
Perambulando pelas calçadas!
Um bêbado, um sonhador,
Que vive morrendo por amor
Tropeçando nas muitas palavras?
Que gritando balbuciava
Hora bem, hora mal,
Sem um destino, sem um ponto final.
Sua cara amarrada passava,
Assim, devagar, como a madrugada!
Escorando-se pelos bancos e escadas
Meio acordado sonhava,
Que tudo aquilo não passava
De uma bebedeira desgraçada!
E no raiar do sol, mesmo sem saber,
Estaria novamente em sua casa.
Com tantas vidas expostas
Apostas, para saber,
Qual a primeira que cai.
Com tanta sobra de vaidade
Espelhos trincados,
Por meias verdades
Escondem mentiras,
Pelos corredores.
Bocas delirantes
Em busca de calmantes,
Para fugir de qualquer coisa
Que se apresente como a dor.
Figuras abstratas em porta retratos
Algo relacionado ao passado,
Um futuro que em algum dia
Já se desejou.
Acho um saco
Toda esta historia de marasmo,
Piada de mau gosto
Feito sujeito malandro,
Mal encarado.
Nem todo dia é o mesmo,
Nem todo feriado tem festival,
Mas na TV continua tudo sempre igual
Bang - bang, mocinha e morte do vilão no final.
Ai daquele que resolver bater as botas
Em época de pré - carnaval,
Amaldiçoado vai estar
Por estragar algo tão carnal.
E que não chova no final de semana,
Para não ficar preso, deitado na cama.
Entre os arbustos
Que o vento
Envolvia,
As flores insistiam em
Nascer.
Teimosia sem fim
O sol
As aquecia,
A chuva saciava.
Mas,
O que é
Belo!
Ninguém tinha
Tempo, universo
Para olhar
Ou...
Gostar!
Paciência, ciência
Arte de ter
Crer, rever.
Palavras, Gestos
Desgostos.
Palavras, lavadas
Recicladas, gastas
À toa.
Razões, ilusões
Temporárias,
Ciência de ter
Paciência.
