Poema por que o Macaco Nao Olha seu Rabo

Existem pessoas que economizam a sua inteligência, como outras o fazem com o seu próprio dinheiro.

A única maneira de aumentar a inteligência dos sábios seria diminuir o seu número.

É felicidade para os homens que cada um deles a defina a seu modo com variedade, na sua essência e objectos.

Temos muito mais temor do ódio ou da cólera dos homens do que esperança no seu carinho e na sua gratidão.

Para onde quer que o homem contribua com o seu trabalho deixa também algo do seu coração.

A maioria dos crimes podem ser cometidos muito polidamente: um homem pode seduzir a mulher do seu amigo polidamente; ele pode fazer batota num jogo de cartas polidamente.

A cada um seu defeito, no qual todos os dias recaímos, nem pejo, nem medo, nada o corrige.

Há muitos homens reputados infelizes na nossa opinião, que todavia são felizes a seu modo, segundo as suas ideias.

É preciso realmente que o homem morra para que outros, e ele mesmo, possam apurar o seu justo valor.

Os jovens usam muitas vezes no espírito uma peruca, mas feita do seu próprio cabelo.

Os homens têm querido dar razão de tudo, para dissimular ou encobrir o seu pouco saber.

Os moços são tão solícitos sobre o seu vestuário, quanto os velhos são negligentes: aqueles atendem mais à moda e à elegância, estes à sua comodidade.

Raramente podemos descobrir um homem que diga que viveu feliz e que quando termina o seu tempo deixa a vida como um conviva satisfeito.

Eis a natureza que te convida e te ama; mergulha no seu seio que ela constantemente te oferece.

A mente jungida aos sentidos vê romper-se o seu leme da sabedoria, tal qual uma nau na tormenta deriva para o naufrágio e morte.

Para o homem, apenas há três acontecimentos: nascer, viver e morrer. Ele não sente o nascer, sofre ao morrer e esquece-se de viver.

O acaso é o grande mestre de todas as coisas. A necessidade só vem depois, não tem a mesma pureza.

É, sem dúvida, próprio do homem enganar-se na escolha das companhias, mas também o é não dar facilmente o braço a torcer.

Os homens de pouca inteligência não sabem encarecer a própria capacidade sem rebaixar a dos outros.

Nas ditaduras, a frase, famosa, de Descartes, mudou para «Existo, logo não penso».