Poema para Cunhada

Cerca de 19845 frases e pensamentos: Poema para Cunhada

REI VERÃO

O teu mandar verão!... Está cheio
Cheio de suor e alta temperatura
Como arde o sol na sua quentura
Que calor estroina e sem receio...

Como brilha o dia sem algum freio
Sob o reflexo do ardor, árida figura
De pé, no cerrado, flagra em fartura
Como um cálido fumoso no enseio

Que abrasador fogo no céu ardente
Morre o desejo, outro almejo roga
Em febre, teima o chão recendente

Reino de suspiros!... incandescente
Reino esbraseante! de picante toga
Sossega este calor, vil e indecente!...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
02 de janeiro de 2019
Cerrado goiano

NA PELE DO CERRADO (soneto)

Pulsa mais do que se pode ouvir
Vário mais do que deve imaginar
Mas, não se pode nele se banhar
Sem nele o teu chão os pés sentir

Aqui, pois, o céu é do azul do mar
Teu horizonte na vastidão a reluzir
Num encarnado que nós faz ouvir
Tons no vento no buriti a ressonar

O contraste é somente pra iludir
Hibernando e, encantado o olhar
No árido inverno dos ipês a florir

Num espetáculo que vai embalar
Do marrom ao virente a se colorir
Pele do cerrado, agridoce poetar

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano

DRAMA (soneto)

Quando é que o afeto meu terá encontrado
a sorte duma companhia pra se apresentar?
Quando é que na narração poderei conjugar
Assim, despertarei de então estar deslocado

Se sei ou não sei, só sei que eu sei atuar
E se eu estarei ou terei ou se está iletrado
É impossível de inspirar, o ato está calado
Pois, o silêncio discursa sem representar

O aplauso alheio pulsa, mas de que lado?
Na cena a ilusão é expulsa e, põe a chorar
Impossível imaginar atuar sem ser amado

E este drama sem teatro, e ator sem teu lar
De comédia trágica, no peito, então atuado
É amor e fado, no palco, querendo ser par!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano

DENTRO DA TARDE

A tarde seca e fria, de maio, do cerrado
Cheia de melancolia, deita o fim do dia
Sobre cabelos de fogo tão encarnado
Do horizonte, numa impetuosa poesia
A tarde seca e fria, de maio, do cerrado

O mistério, o silêncio partido pelo vento
No seu recolhimento de um entardecer
Sonolento no enturvar que desce lento
Do céu imenso, aveludado a esbater
No entardecer, seco, frio e, sedento

Perfumado de cheiro e encantamento
Numa carícia afogueada e de desejo
Seca e fria, a tarde, tal um sacramento
Se põe numa cadência de um realejo
Numa unção de vida, farto de portento

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, maio
Cerrado goiano

BALADA DO TEMPO (soneto)

... e o tempo passa, indiferente
apático, indo embora sem saber
poente na saudade, o alvorecer
mais um, outro, apressadamente

... dono dos gestos e do prazer
tristemente, tal uma flor dolente
que traga o frescor vorazmente
no ato da ação do envelhecer

e o tempo passa, inteiramente
sem que escolhamos perceber
e na lembrança, assim, assente

passa o tempo, e é para valer
sem que nada dele ausente...
Presente! Pois vale a pena viver!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

A JANELA E A LUA (soneto)

Já de ti - dizia a lua - me despeço
Pra janela, no cerrado com sorriso
Deixo-te com os sonhos. Preciso
ir... O sol já está no seu ingresso

No horizonte me embaço no paraíso
De tua fresta vê-me no meu avesso
Diz a lua no clarão no céu disperso
E eu, noturna, indecisa, me diviso

E, escancarada, alegre, a ti expresso
Até mais logo! Vá com lotado juízo
Diz a janela pra lua, breve regresso!

E está, que já dormia, de sobreaviso
Inteirou a janela deste seu recesso
Até a noite, quando volta no improviso

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

PARA OS AVÓS

Abraço doce, amor terno
Aconchego nas vontades
No coração sempre eterno
Vô e Vó, nossas metades
Num todo. Gesto fraterno
Colo que o afeto abriga
Dobro materno e paterno
Exemplo pra toda vida
Avós, a nossa bênção
No bem querer acolhida
Razão, emoção, paixão...
À vocês reverência incontida!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano

O cerrado pede socorro

O cerrado é árido é dissonante numa certa harmonia
Te engole os olhos com a boca ávida de melancolia

O cerrado é plano por todo lado, torto e desencontrado
Neste desajeito pedregoso, espinhado, o êxtase é espetado

Cerrado ao longe provoca ilusão, maravilha o sol e escorre o calor
Tuas árvores e teu desencanto trás encanto e é sedutor

Cerrado de vasqueira água, fica deitado no lençol aquífero
Nestes poros transbordam renascimento e galhos frutíferos

Cerrado espesso, pele grossa e contradição
O homem e sua cruel mão, pinta na terra a tela da devastação

Destes campos velhorro
O cerrado pede socorro!

Cerrado não é cidade
É patrimônio da humanidade.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08/042016 – Cerrado goiano

Desfolhos

Do outono no cerrado e seus desfolhos
Minha saudade caia ao chão fragoso
Do meus ásperos e mirrado tristes olhos
Em tal lira de verso aflito e rancoroso

Nos ventos secos e enrugados chiavam
Os gritos da noite numa solitária canção
Onde lembranças aos astros clamavam
Esmolando do silêncio alguma atenção

Só um olhar neste brado de compaixão
Um olhar, um eco, uma mão...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
30/04/2016, 18'00" – cerrado goiano

para a mãe que já não está entre nós

hoje é o dia de visitar a recordação,
onde a celebração da vida é saudade.
do vazio o meu, parabéns, em oração,
e neste abraço que se faz pela metade,
minha saudação.
nesta data querida, de descontinuidade...
a gratidão, o amor, em contas dum rosário,
de lembrança, de afeto, onde a dor brade.
onde estiver, mãe, feliz aniversário!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
julho
Cerrado goiano

Bolero de inverno no cerrado

No cerrado, seco, o sol da manhã
Nos tortos galhos, o ipê, a cortesã
De um inverno, em uma festa pagã
Desperta o capricho do deus tupã
Degustando a aurora tal um leviatã

E numa angústia, o orvalho, num afã
Do céu azul, num infinito, de malsã
Craquela o dia no seu tão árido divã
Do duro fado, tão pouco gentleman
E tão árido, tal uma agridoce romã

E vem o alvor, com o frígido de hortelã
Bafejando poeira cheia de balangandã
Tintando a flora em um rubro poncã
Zunindo o vento tal um som de tantã
Num bolero ávido por um outro amanhã...
São gemidos, uivos, sofreguidão
Correndo pelo sulco do cascalhado chão
Emergindo desse pântano, ressequida solidão.

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2018, 27 julho 2018
Brasília, DF

poente no cerrado

encarnado
sob o mesmo valsar
o dia vai sendo arrancado
por seres alados que se põe a pintar
os sons das cores ali ilustrado
pros sensores apagarem, e vir o luar
num só tom, escrevo, todo arrepiado
neste silêncio que faz poetar
o poente no cerrado...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26/03/2016, 18'25" – Cerrado goiano

Eu, a poesia e o cerrado

Com os cascalhos do cerrado
e as saudades em entrelinhas
eu alicercei o meu versado
em sulcadas poesias minhas

e no horizonte além
deixei os meus sonhos
junto ao entardecer, porém,
não foram olhares tristonhos

nem sei bem se eram fados
ou lamentos do árido viver
só sei que eram suspiros calados

mas nas trovas tinha o querer
tinha poemas alados
tinha eu, tinha zelo, tinha o crer...

(também, tinha
o poeta mineiro do cerrado
em versos apaixonados.)

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
maio, 2016 – Cerrado goiano

Adeus junho

Junho, despede-se
Agasalhado no inverno
Vai-se tão terno
Brindado com vinho
Bem de mansinho
Um novo recomeçar
Doce é poder estar
Dádiva da vida a girar
Vivificando a cada manhã
Em um novo amanhã
Adeus junho das festas
Das madrugadas em serestas
Na despedida a evidência
De dia vencidos, reverência
Sai junho, mortulho...
Vem julho...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Junho, 2016
Cerrado goiano

RETORNO (soneto)

De volta à minha vida de outrora
Há inquietude com o meu futuro
Tal, embora, o atual seja escuro
A intuição me diz pra ir embora

É assim, no raiar, uma nova aurora
Vai e vem, prevalece o afeto puro
Só na fé com compaixão é seguro
E na esperança que se faz a hora

Porém, se perde, também se ganha
Nas dores, se bate, também apanha
O próprio tempo que doutrina a gente

Pois no dever cumprido, vem o sentido
Da correlação, e ser mais agradecido
Hoje vou melhor, com amor mais ingente

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

copyright © Todos os direitos reservados
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

pacote

... cada ruga, um poetar do tempo. Envelhecer é o embrulho do viver. Use papel da gratidão, assim, terás mais o que ser... do que só se ver.



© Luciano Spagnol

poeta do cerrado

20/10/2019

Cerrado goiano



copyright © Todos os direitos reservados

Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol

Ao mestre com carinho

Este Ser do livro, do saber, do ensinar
Que as nossas primeiras letras vêm formatar
É sábio que divide o que possui
Ao aprendizado contribui
Com amor, dedicação, coração
Sacerdote da verdade, abnegação
Ao pupilo a passagem da experiência
Os degraus da filosofia
As palavras, a escrita, a poesia
Do tempo, dos valores, da graduação
Obstinação incontida
Existência dividida
Com todos repartida
Que em nossa vida traz luz
Em nossa alma... “De truz”

Aqui todo o nosso louvor
Ao amigo, companheiro, professor!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
15/10/2010, 6’00”
Rio de Janeiro, RJ

APENAS UM VERSO (soneto)

Enquanto o dia no cerrado embotava
Em mim cavava o emotivo submerso
Dos porões dos medos que eu meço
Nas incertezas, que dá sorte brotava

Na aridez da saudade, ali disperso
No soluço d'alma a sofrência rolava
E na linha da recordação eu deitava
Aí, o sertão se tornava meu universo

Neste vazio a solidão por mim urrava
O destino rimava quimeras no averso
Então o coração amortecido chorava

Assim, eu com um olhar transverso
Devaneava sonhos, e lacrimejava
Pedaços de mim, forjando o verso!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano

Seu cheiro ficou comigo

Após este breve adeus
E ter-te nos braços meus
Ficou a inocência de seu odor
Misturados com seu calor
Nos labirintos do lençol
Enlaçados com a turbação
Do pensamento sem noção
Gravados no sentimento
Inebriando o contentamento
Com resíduos de nossa paixão
Que naufragaram na minha emoção
É pura essência de hortelã
Que bem cedo, ainda pela manhã
Exala por todos os meus poros
Em eternos cânticos sonoros
Dissolvendo minh'alma em ti
Acordando o meu coração
Marejado de saudosa comoção
Da necessidade de você ter partido
Mas, seu cheiro ficou comigo

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
28/02/2019
Rio de Janeiro, RJ

bioma

me encanta o reino do cerrado
onde cresce o diverso na diversidade

o pôr do sol que é encantado
num pique esconde na luminosidade
(no horizonte)

e nesta magia viva de vivacidade
és dourado, é ponte, é fonte, é cerrado

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.

Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.

Entrar no canal do Whatsapp