Poema Nao Ame sem Amar
"Quando eu não te tinha
Amava a natureza como um monge calmo a Cristo...
Agora amo a natureza como um monge calmo a Virgem Maria...
Religiosamente, a meu modo, como antes,
Mas de outra maneira, mais comovida e mais próxima...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor...
Tu não me tiraste a natureza...
Tu mudaste a Natureza...
Trouxeste a Natureza para o pé de mim.
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Porque tu me escolhestes para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as coisas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou..."
“O temperamento não predestina um homem à santidade e outro à reprovação. Todos os temperamentos podem servir de material para a ruína ou a salvação. Temos de aprender a ver como nosso temperamento é um dom de Deus, um talento que devemos fazer valer, até que ele venha. Não importa até que ponto somos dotados de um temperamento difícil ou ingrato. Se fizermos bom uso do que temos, se disso nos utilizarmos para servir nossos bons desejos, podemos conseguir mais do que alguém que apenas serve seu temperamento em lugar de obrigá-lo a servi-lo.”
Na liberdade da solidão, (Editora Vozes, Petrópolis), 2001. p.20
Perder um filho
O dia amanheceu nublado e a chuva ainda não parou. O sol veio com a minha dor e tristeza. A dor de perder um filho é inexplicável. É muito difícil superar a perda.
A maternidade muitas vezes traz-nos um medo absurdo da perda. Mas eu amei estar grávida, viver a maternidade é amor! Esteve alojado na minha barriga durante alguns meses e carreguei no meu ventre um filho que amava e que ainda não conhecia!
É sofrer sozinha e sentir solidão apesar do apoio da família. É ter de sorrir com o coração que está em pedaços e caminhar com a saudade infinita no peito. Não há dor maior do que a de perder um filho. É dor e dor com muita saudade!
Como é triste perder um bebê, eu sei que nunca vou esquecer o meu anjinho! Quero acordar e ver que tudo não passou de um sonho. Mãe é capaz de dar a própria vida para salvar.
Perder um filho é sentir-se no meio do deserto e afogar-se no mar de dor! Senhor, que a minha dor e a minha tristeza se torne felicidade!
Canção da Estrada Aberta
Ouça-me! Eu vou ser franco com você:
Não ofereço velhos prêmios fáceis, o que ofereço são novos prêmios difíceis.
Eis como hão de ser os dias que lhe podem suceder:
Você não acumulará riquezas, assim chamadas, distribuirá com mão pródiga tudo o que venha a adquirir ou ganhar
Há uma recompensa para os escolhidos,
o saber conhecer entre muitos o tem aliado.
Não há medo entre as crianças.
As crianças são o nome do Novo Rei.
Oh! Divino Deus,
Eu, humilde servo teu
Servo eternos dos teus segredos loucos
Me rendo a tua luz
Eu chego à você
Tão com medo
Tu és meu Senhor.
O Guardador de Rebanhos
V
Há metafísica bastante em não pensar em nada.
O que penso eu do mundo?
Sei lá o que penso do mundo!
Se eu adoecesse pensaria nisso.
Que ideia tenho eu das coisas?
Que opinião tenho sobre as causas e os efeitos?
Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma
E sobre a criação do mundo?
Não sei. Para mim pensar nisso é fechar os olhos
E não pensar. É correr as cortinas
Da minha janela (mas ela não tem cortinas).
O mistério das coisas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o Sol
E a pensar muitas coisas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o Sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do Sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do Sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.
Metafísica? Que metafísica têm aquelas árvores?
A de serem verdes e copadas e de terem ramos
E a de dar fruto na sua hora, o que não nos faz pensar,
A nós, que não sabemos dar por elas.
Mas que melhor metafísica que a delas,
Que é a de não saber para que vivem
Nem saber que o não sabem?
«Constituição íntima das coisas»...
«Sentido íntimo do Universo»...
Tudo isto é falso, tudo isto não quer dizer nada.
É incrível que se possa pensar em coisas dessas.
É como pensar em razões e fins
Quando o começo da manhã está raiando, e pelos lados das árvores
Um vago ouro lustroso vai perdendo a escuridão.
Pensar no sentido íntimo das coisas
É acrescentado, como pensar na saúde
Ou levar um copo à água das fontes.
O único sentido íntimo dos coisas
É elas não terem sentido íntimo nenhum.
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Se ele quisesse que eu acreditasse nele,
Sem dúvida que viria falar comigo
E entraria pela minha porta dentro
Dizendo-me: Aqui estou!
(...)
A LEI DA INSEQUABILIDADE
Muita gente ainda hoje se pergunta se é insequapível ou não. A resposta é clilófricamente simples: A lei da insequapibilidade pode ser explicada baseando-se no método do "Diafragma de Aquiles". Tomando-se por base os crepúsculos de diferentes dimensões, alia-se ao pentagrama diluvial pela quinta lei de Newton, lei esta referente à gravitação das histórias em quadrinhos em torno dos velocípedes. Daí onde a teoria vigente entra em desacordo com a referida insequapibilidade.
Insequapíveis? Sim, porém insequapóveis em certos aspectos, quando examinados pelo oblíquo lado da patinete.
Fórmula
(Segundo ou terceiro Godofredo IV do Irã)
I - Retumblências transpurcar com azôto de carbono.
II - 3% de Rataclenas quentes.
III - 6 litros de pisceleto à gampôla na manteiga.
Fórmula algébrica da insequapibilidade: X3 + nada = ou parecido.
(...) Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
Felizes para sempre
Viver não é seguro.
Viver não é fácil.
E não pode ser monótono.
Mesmo fazendo escolhas aparentemente definitivas,
ainda assim podemos excursionar por dentro de nós
mesmos e descobrir lugares desabitados em que nunca
colocamos os pés, nem mesmo em imaginação.
E, estando lá, rever nossas escolhas e recalcular a duração
de "pra sempre". Muitas vezes o "pra sempre" não dura
tanto quanto nossa teimosia e receio de mudar.
(Montanha Russa)
AGIR versus REAGIR
A pessoa inteira é um ator, não um reator.
O colunista Sidney Harris conta uma história em que acompanhava uma amigo à banca de jornais.
O amigo cumprimentou o jornaleiro amavelmente, mas como retorno recebeu um tratamento rude e grosseiro.
Pegando o jornal que foi atirado em sua direção, o amigo de Harris sorriu polidamente e desejou um bom fim de semana ao jornaleiro.
Quando os dois amigos desceram pela rua, o colunista perguntou:
"Ele sempre te trata com tanta grosseria?"
"Sim, infelizmente é sempre assim".
"E você é sempre tão polido e amigável com ele?"
"Sim, sou".
"Por que você é tão educado, já que ele é tão indelicado com você?"
"Porque não quero que ele decida como eu devo agir".
A implicação desse diálogo é que a pessoa inteira é "seu próprio dono", não se curva diante de qualquer vento que sopra; ela não está à mercê do mau humor, da mesquinharia, da impaciência e da raiava dos outros.
Não são os ambientes que se transformam, mas ela que transforma os ambientes.
[...]
As vezes eu me olho no espelho
Sinto medo, medo de mim
Eu não me conheço
Sou esquisito
Sou humano
Uso óculos, como, bebo, fumo e defeco
Mijo
Olho-me no espelho
E esse da-me de volta quem saiu
Eu riu, alto, assustado e engraçado.
Duas longas coisas saindo do corpo: são os braços
Buracos, pelos, peles, nariz ponteagudo
Duas orelhas presas na minha cabeça
Olho os dedos, meus olhos, me assusta.
Falo, sinto emoções e tomo cerveja
Rídícula coisa, ali em pé em frente ao espelho
Eu me vejo de fora
Faço uma abstração mental do que eu nunca vi
Que sou humano, e me vejo. É esquisito.
É realmente esquisito. Procuro-me no espelho
Enão me acho. Só vejo aquilo ali.
Parado. Um monte de carnes equilibradas
por ossos duros que me mantem em pé. Ali
no espelho. Eu sei que não sou aquilo,
e o que sou, o espelho não pode
me mostrar... AINDA... eu não brilho...
ainda...
fornecido por D. Maria Eugenia Seixas 08/90
Dizem que não foi atilho
Nem punhal atravessado
Mas veneno que lhe deram na comida misturado
E chegaram os doutores
E deixaram declarado
Que o morto não se matara
Mas que fora assassinado.
Pra Rua Me Levar
Não vou viver
Como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho onde eu vou
Às vezes ando só trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão
Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora
Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você
É, mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas talvez você nem queira ouvir
"Eu ja disse, mas vou repetir:
Não se represa um rio,
Não se engana a natureza,
Faça a represa o que quiser,
Pois o rio cedo ou tarde vai arranjar um jeito de rasgar a terra,
Abrir um caminho,
E voltar a correr em seu leito de origem"
Beber faz mal, por que você não para?
- Meu avô viveu 92 anos.
- Bebendo?
- Não, sem se intrometer na vida dos outros.
Há pessoas que se apaixonam por quem não lhes dá valor.
Alguns podem dizer que isto é baixa auto-estima.
Outros podem achar que é o gosto pelo desafio.
Mas eu suspeito fortemente que é apreço pela solidão...
Eles Vivem
Ante os que partiram, precedendo-te na Grande Mudança, não permitas que o desespero te ensombre o coração.
Eles não morreram. Estão vivos.
Compartilham-te as aflições, quando te lastimas sem consolo. Inquietam-se com sua rendição aos desafios da angústia quando te afastas da confiança em Deus.
Eles sabem igualmente quanto dói a separação.
Conhecem o pranto da despedida e te recordam as mãos trementes no adeus, conservando na acústica do espírito as palavras que pronunciaste, quando não mais conseguiram responder as interpelações que articulaste no auge da amargura. Não admitas estejam eles indiferentes ao teu caminho ou à tua dor.
Eles percebem quanto te custa a readaptação ao mundo e à existência terrestre sem eles e quase sempre se transformam em cirineus de ternura incessante, amparando-te o trabalho de renovação ou enxugando-te as lágrimas quando tateais a lousa ou lhes enfeitas a memória perguntando porque.
Pensa neles com a saudade convertida em oração.
As tua preces de amor representam acordes de esperança e devotamento, despertando- os para visões mais altas na vida.
Quando puderes, realiza por eles as tarefas em que estimariam prosseguir e tê-los-ás contigo por infatigáveis zeladores de teus dias.
Se muitos deles são teu refúgio e inspiração nas atividades a que te prendes no mundo, para muitos outros deles és o apoio e o incentivo para a elevação que se lhes faz necessária.
Quando te disponhas a buscar os entes queridos domiciliados no Mais Além, não te detenhas na terra que lhes resguarda as últimas relíquias da experiência no plano material...
Contempla os céus em que mundos inumeráveis nos falam da união sem adeus e ouvirás a voz deles no próprio coração, a dizer-te que não caminharam na direção da noite, mas sim ao encontro de Novo Despertar.
Francisco Cândido Xavier - ditado por Emmanuel
Tudo tem que ser bem de leve para
eu não me assustar e não assustar os
que amo.
Pedem-me pouco, pedem-me quase nada.
O terrível é que eu tenho muito para dar
e tenho que engolir esse muito e ainda
por cima dizer com delicadeza: obrigada
por receberem de mim um pouquinho de mim.
Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
— Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava...
O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava;
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.
Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?
E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?
