Poema Nao Ame sem Amar

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Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.

Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...

Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...

Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?

Esqueça o mundo,
não reclame do teu dia...
Apenas venha para a cama
e faça amor comigo...

Uma geração envelhece enquanto a outra cresce.
Não vivemos apenas em nosso próprio tempo. Carregamos conosco também a nossa história.
Quem de três milênios,
Não é capaz de se dar conta,
Vive na completa ignorância, na sombra,
A mercê dos dias e do tempo.

Hoje não sou o mesmo de ontem.
Hoje estamos por aqui e amanhã podemos não estar.
Será que somos pessoas de verdade, feitas de carne e osso? Será que o nosso mundo consiste em coisas reais, ou será que tudo que nos cerca não passa de conciência?
Afinal somos feitos da mesma matéria dos sonhos, e nossa breve vida está encolta em sono...

Uma verdade, mocinha:
não é todo homem que te acha linda
que quer comer você: existem as exceções,
mas eu não sou uma delas...

É claro que falo, faço, ou penso bobagem 99,9% do tempo.
Não conheço ninguém que seja verdadeiramente feliz
levando a vida sempre tão a sério. :)

Não conto com a sorte, eu conto com Deus.
E Deus sempre diz ao meu coração:
seja determinado, apaixonado,
honrado, ousado,
e trabalhe!

Bom...acho que vou pra rua...
Mas não beberei
Nem vou entregar-me aos encantos de nenhuma mulher.
Caminharei apenas, até onde meus passos forem,
mas não irão longe, eu sei. Estou triste.
Logo me entrego ao consolo de uma calçada solitária,
e me esforçarei para colocar um sorriso no lugar dos olhos rasos d’água,
na esperança de que o orvalho venha anunciar
o alvorecer de uma nova manhã...

De tanto andar uma região
que não figurava nos livros
acostumei-me às terras tenazes
em que ninguém me perguntava
se me agradavam as alfaces
ou se preferia a menta
que devoram os elefantes.
E de tanto não responder
tenho o coração amarelo.

XXXIX - O MISTÉRIO DAS COUSAS

O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.

Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.

Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.

Fernando Pessoa
"Guardador de Rebanhos" - Alberto Caeiro

você teria ido sem mim
mesmo que eu não me atrasasse

você teria dito tudo aquilo
mesmo que eu não te ofendesse

você teria me deixado
mesmo que eu não propusesse

você faz tudo o que quer
mas sou eu que deixo tudo preparado

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Poesia Reunida. Porto Alegre: L&PM, 1999.

ele não é meu
porque não dorme comigo
mas também não é amigo
porque me beija e me vê despida
não é meu marido
mas telefona e reparte um passado
que eu queria também ter vivido
não é meu porque não tem roupas
penduradas ao lado das minhas
não tenho dele um retrato
não passa comigo um domingo
jamais ganhei um presente
que não fosse de seda rendada
eu sou a preferida
de um homem comprometido
queria não ser um perigo
uma bomba que pode explodir
e deixar outra mulher arruinada
ele é o terrorista
eu o alvo escolhido
preferia aceitar um pedido
fazer nada escondido
mas ele não é meu marido
não é namorado, não é bom partido
não pode andar ao meu lado
não sabe a que horas acordo
não racha as contas comigo
não fica para ouvir um disco
não é exigido, não é meu parente
e anda sumido
nada é mais deprimente
quando chamo seu número ela atende
e eu desligo

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Poesia Reunida. Porto Alegre: L&PM, 1999.

Eu não posso abrir tua mão à força e dizer-te:
pegue, guarda contigo este diamante.
O máximo que posso fazer é dizer-te:
olha, veja aí um diamante.
Pegá-lo ou não será decisão tua.
Ninguém pode obrigar ninguém a ser feliz.

É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada, não se abre a boca
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida
Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas a terra dada, não se abre a boca.

Sem açúcar

Todo dia ele faz diferente
Não sei se ele volta da rua
Não sei se me traz um presente
Não sei se ele fica na sua
Talvez ele chegue sentido
Quem sabe me cobre de beijos
Ou nem me desmancha o vestido
Ou nem me adivinha os desejos

Dia ímpar tem chocolate
Dia par eu vivo de brisa
Dia útil ele me bate
Dia santo ele me alisa
Longe dele eu tremo de amor
na presença dele me calo
Eu de dia sou sua flor
Eu de noite sou seu cavalo

A cerveja dele é sagrada
A vontade dele é a mais justa
A minha paixão é piada
A sua risada me assusta
Sua boca é um cadeado
E meu corpo é uma fogueira
Enquanto ele dorme pesado
Eu rolo sozinha na esteira

Quem me vê sempre parado,
Distante garante que eu não sei sambar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu tô só vendo, sabendo,
Sentindo, escutando e não posso falar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo as pernas de louça
Da moça que passa e não posso pegar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Há quanto tempo desejo seu beijo
Molhado de maracujá...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

E quem me ofende, humilhando, pisando,
Pensando que eu vou aturar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

E quem me vê apanhando da vida,
Duvida que eu vá revidar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo a barra do dia surgindo,
Pedindo pra gente cantar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu tenho tanta alegria, adiada,
Abafada, quem dera gritar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar...

descubro meus vícios assim
cheguei na cabana e pensei
sem têvê eu não fico
sem você eu não vivo

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Poesia Reunida. Porto Alegre: L&PM, 1999.
Inserida por gabipinho

Talvez eu não deixe aqui uma boa estória
ou um bom exemplo a seguir.
Talvez eu nunca tenha contribuído para melhorar
de forma significativa a realidade do lugar onde moro,
ou de meu país.
E talvez eu não deixe bens ou fortuna
com a qual alguém possa fazer bom uso.
A única coisa que deixo com certeza
são essas minhas poucas palavras
E elas podem ser muito simples, mal colocadas, e não muito sábias
- Mas são palavras deixadas com o coração –
E uma palavra salva...

Inserida por AugustoBranco

Não sei mais o que fui ontem.
Com cuidado em manter os pés bem firmes no hoje,
vivo mirando o horizonte,
mas o futuro dilui-se em presente e torna-se a passado a todo instante.
Minha única constante é a mudança...

Inserida por AugustoBranco

- Você escreve sobre isso que a gente faz?
- Não, sobre isso que a gente sente.
- E qual a diferença?
- A diferença é que você é homem.

Inserida por Dhyuli

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