Poema na minha Rua Mario Quintana

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Eu falo idiotices, me enrolo nas minha próprias palavras, tropeço nas minhas pernas, rio de mim mesma e sorrio para as coisas mais simples da vida. E é isso que me faz feliz.

Mas estou cansada, apesar de minha alegria de hoje, alegria que não se sabe de onde vem, como a da manhãzinha de verão. Estou cansada, agora agudamente! Vamos chorar juntos, baixinho. Por ter sofrido e continuar tão docemente. A dor cansada numa lágrima simplificada. Mas agora já é desejo de poesia, isso eu confesso, Deus. Durmamos de mãos dadas. O mundo rola e em alguma parte há coisas que não conheço. Durmamos sobre Deus e o mistério, nave quieta e frágil flutuando sobre o mar, eis o sono.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Aturar minha mente confusa, minha memória irritante, minha sinceridade exagerada.

Porque te juntastes a mim, minha vida ganhou mais cores, tem mais flores o meu jardim!

Minha alma é um quarto onde os objetos mais estranhos estão colocados, um ao lado do outro, sem ordem, sem nenhuma intenção de fazer sentido.

Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva, minha dádiva.

Nesta minha nova covardia – a covardia é o que de mais novo já me aconteceu, é a minha maior aventura, essa minha covardia é um campo tão amplo que só a grande coragem me leva a aceitá-la.

Clarice Lispector
A paixão Segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Você não enjoa. Você me cansa demais mas não enjoa. E quando você me cansa eu enfio a minha cabeça no fortinho do seu peito, eu que sempre odiei os malhados…

Deus vinde a mim e não tenho alegria e minha vida é escura como a noite sem estrelas e Deus por que não existes dentro de mim? por que me fizeste separada de ti?

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Talvez seja da minha natureza não me sentir pertencendo totalmente a lugar nenhum, em lugar nenhum.

Minha essência é inconsciente de si própria e é por isso que cegamente me obedeço.

Clarice Lispector
Água viva. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Quando recebo uma injúria, preciso erguer a minha alma tão alto, que a ofensa não chegue até mim.

Se foi por mera ignorância, perdoo-te, mas se foi para abusar da minha alma prosopopeia, juro pelos tacões metabólicos dos meus calçados que dar-te-ei tamanha bordoada no alto da tua sinagoga que transformarei sua massa encefálica em cinzas cadavéricas.

Minha definição de sociedade livre é aquela em que se pode ser impopular com segurança.

Talvez eu devesse recomeçar, porque talvez essa seja a minha última chance de fazer as coisas darem certo.

Antes de dormir rezei, pedi a Deus que perdoe tanta ingratidão de minha parte, por não enxergar tudo de bom que a vida me oferece, e continuar aqui me lamentando.

Isso implica uma atitude desprendida. Creio que minha atitude é mais egoística. Apenas aprendi a não me deixar tomar por emoções inúteis.

Minha Pátria é minha língua. Pouco se me dá que Portugal seja invadido, desde que não mexam comigo.

Fernando Pessoa

Nota: Trecho adaptado do "Livro do Desassossego por Bernardo Soares" (heterônimo de Fernando Pessoa). Link

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Planto meu jardim e decoro minha alma ao invés de esperar que alguém me traga flores!

Veronica Shoffstall

Nota: Trecho adaptado de um poema de Veronica Shoffstall.

Acordo com a voz safada de Cazuza repetindo em minha orelha fria: "quem tem um sonho não dança, meu amor."