Poema na minha Rua Mario Quintana
Muitas pessoas vão morar nas ruas porque perderam o emprego e não tem como pagar o aluguel. Como irão procurar emprego e irem ao médico nos primeiros dias se não tem endereço?
Das janelas se percebe que o dilema do Movimento "vem pra rua" é que muitos acabaram morando por lá mesmo...
Os livros são portas que levam você para a rua. Com eles, você aprende, se educa, viaja, sonha, imagina, vive outras vidas e multiplica a sua por mil.
Você já viu amor jogado nas ruas? Eu já, vi também a alegria, o companherísmo inabalável, exemplos de uma vida simples e o fim da solidão. Tudo isso e muito mais embalados em um triste cão abandonado louco pra fazer aquilo que ele mais sabe, fazer alguém feliz.
Eu imaginava pais caubóis, pais pilotos que aterrissavam de emergência na nossa rua, que saíam de seus aviões e nos resgatavam do Ray, o invasor que se casou com a minha mãe e se instalou na nossa casa.
Fica em Casa? Que casa? Isso é tudo que eu tenho, tenho sombra, tenho ajuda as vezes, tenho fantasmas que me perseguem 24 horas por dia, tenho anjos da guarda e essa solidão que é minha maior companhia. E isso muitas casas comuns tem também, então Tô em Casa! Memórias de um morador de rua.
A chuva torrencial tinha notas em graves e agudos molhados e saltitantes pelos caminhos que percorria sem parar. Era uma desvairada vontade de vencer obstáculos e chegar ao destino, mesmo sem saber onde este seria. Essa chuva repentina veio acordar o coração que dormitava, embalado por sonhos de verão, pés na areia, brisa marinha e gosto de sal nos lábios. Depois de abrir os olhos, senti-la e vê-la, vieram as lembranças de dias assim, cortinas fechadas, ausências e frio, quando outrora houve o adeus. Enquanto uma chuva assim caía, houve a partida, portas bateram sob o vento arrasador e que gemia junto às lágrimas do momento derradeiro. Não foi a chuva que provocou isso, foi a vida e junto às nuvens do tempo, em outro plano estás ainda a dizer: amo você e cada gotinha que caia, trazia o recado - a nostalgia do não mais...
Quando encontrar uma pessoa em situação de rua não trate ela como um lixo...
Ela é uma pessoa igual a vc as vezes em uma situação diferente da sua...
(...)O meu coração agora é só mais uma casa vazia perdida lá no fim da rua da solidão onde Ninguém passa por perto e se passa - não quer entrar! Ninguém mais vem até mim. Ninguém!...
Ontem, em um louco sonho,sentei na rua em frente a tua casa e sob a luz da lua,desenhei com um pequeno pedaço de giz,um enorme anjo sem asas,eu, você,o nosso filho,um coração,uma flor de Lis...e um rosto feliz.
Aquele homem da rua me ensinou a sorrir. Um velho sábio um dia me falou: "seja honesto e aprenda por onde for."
Existem dias que, sem mais, sem menos, a gente se sente sem. E sem rumo, sem norte e sem bussola, sem sol e sem lua, sem casa e sem rua, sem amigos, sem graça e sem sal, sem bula e sem capital, sem ninguém nos esperando no porto, sem sonhos, sem nada para dar e sem receber, seguimos, assim, sem destino, sem querer. E assim, sem que ninguém perceba, sem que ninguém note, sem que ninguém saiba, deixamos de ser.
Brigar na rua é para tolos. Por que entraria numa briga com um estranho, que não tem nada a ver com sua vida, que poderia tirar sua vida?
Há uma ano comecei a praticar corrida de rua.Nesse tempo parece que vivi mais de 365 dias, talvez 3 dias por dia, e quando eu corro o tempo é outro.A sensação é que não sou a mesma pessoa que corre. Parece que meu corpo tem vida própria e minha mente segue ele. Eu já nem sei mais o que é "eu". Se sou corpo, se sou mente ou se sou os dois. Só sei que sigo em frente na única certeza: sou respiração.
Naquele dia em que você foi embora sem ao menos olhar para trás senti uma dor no peito e um aperto no coração. Dor enorme e voraz! Saudade que ainda me devora. Mundo desfeito. Com medo, fiquei imóvel,sem reação... E não sei por que eu não fui em tua direção e não segurei em tuas mãos pedindo para você ficar um pouco mais?! E desde o dia em que você mudou daquela rua eu ainda vejo a imagem tua encostada no portão pronta para partir. Eu não consigo mais sorrir desde o dia em que você foi embora e até agora eu ainda não me acostumei a sair lá fora e não te ver. Os dias estão entediantes. Lentas são as horas. Já não sei o que fazer!? Você pode até estar longe mas aqui dentro de mim você ainda mora. A rua parece que ficou estreita, estranha, cinza e torta. Ao meu redor tudo silenciou. E o sol já não bate mais naquela porta onde você um dia morou. Sem você por perto a rua que antes era cheia de alegria agora é vazia,feia e sem graça - Um imenso deserto onde a hora não passa!...