Poema do Jardim de William Shakespeare
Eu não estou esperando por um mover de Deus, eu sou o mover de Deus.
William Booth
Pregador Metodista
Fundador do Exército de Salvação
Sistema Clandestino
William Contraponto
Nos becos frios, vozes se escondem,
O jogo sujo corre sem avisar,
Na margem, segredos que respondem,
A quem se recusa a se calar.
Sistema clandestino, sem perdão,
Na noite escura, trama a ilusão,
Correndo entre fios, sem razão,
Na luta muda da opressão.
Papel oculto, fala que consome,
O grito preso que ninguém quer ouvir,
No silêncio frio do poder enorme,
Quem ousa pensar pode sucumbir.
Sistema clandestino, sem perdão,
Na noite escura, trama a ilusão,
Correndo entre fios, sem razão,
Na luta muda da opressão.
Mas há uma luz que nasce na esquina,
A força bruta que não vai ceder,
Contra o silêncio e a máscara fina,
Quem tem coragem vai renascer.
Sistema clandestino, sem perdão,
Na noite escura, trama a ilusão,
Correndo entre fios, sem razão,
Na luta muda da opressão.
Boneca do Vazio
William Contraponto
Há um corpo que não respira,
com olhos fixos no não-ser.
No colo, a ausência gira
vestida de um quase-viver.
Não chora, mas comove a alma,
não cresce, mas sabe esperar.
É ternura sem ter calma,
é consolo a simular.
Boneca feita de lamento,
de desejo e de negação.
O tempo ali é fingimento,
repetição sem coração.
É culto ao que nunca sente,
fetiche do eterno imaculado.
Negar o real, tão pungente,
por um afeto embalado.
No berço, repousa o espelho
de um mundo que teme sofrer.
Prefere o falso conselho
a ver o amor perecer.
Tão real quanto uma mentira dita,
com olhos que não sabem ver.
É o retrato de uma era aflita
que troca o fato por parecer.
Rito de Lama - A Saga dos Legendários
William Contraponto
Subiram calados a encosta,
sem celulares, sem nome.
Só homens. Só músculos. Só ordem.
Sem margem pra fome.
Pintaram-se com a terra
como quem volta ao começo,
mas era só mais um teatro
pra esconder o avesso.
Um gritou com voz de trovão,
o outro caiu de joelhos.
O suor nos rostos partidos
fingia lavar espelhos.
Passaram lama nos corpos
como quem sela um pacto.
Mas o toque era censura
revestida de ato.
Não era afeto o que unia,
era um medo compartilhado —
de que dentro daquele abraço
houvesse algo errado.
Diziam-se livres, guerreiros,
senhores da própria vontade.
Mas seguiam o velho script
de uma falsa identidade.
Não podiam se olhar nos olhos
sem desviar o sentido.
Pois sabiam — mesmo sem nome —
o que ali era omitido.
Chamam de rito, de cura,
de resgate da missão.
Mas é só o velho machismo
com nova embalagem e fardão.
E a montanha, que tudo via,
guardou em seu barro espesso
os segredos de um bando de homens
com medo do próprio começo.
Apresentação de Lilo
por William Contraponto
Há dentro de mim um menino que nunca se calou. Seu nome, quase um sussurro de infância, é Lilo — apelido que as vozes tortas e apressadas das crianças deram ao “William” que ainda não sabiam pronunciar seu nome direito.
Lilo não é apenas um personagem ou uma lembrança. Ele é o princípio inquieto, a centelha primeira que ainda hoje ilumina meus passos no caminho do pensar e do sentir. Enquanto o mundo impõe certezas e verdades prontas, ele permanece com suas perguntas — simples, musicais, profundas — feitas sem pressa, com a curiosidade de quem observa o céu, a terra e os próprios pensamentos e não aceita respostas fáceis.
Ele é o contraponto das minhas convicções adultas: uma voz que canta dúvidas, que mistura o existencialismo da alma com o naturalismo dos fenômenos, e o encantamento científico pelo universo que se desdobra diante dos olhos.
Lilo pergunta como quem toca uma viola de brinquedo — uma canção que nunca termina, uma melodia feita de perguntas que atravessam o tempo, o ser e o mundo.
É por isso que apresento Lilo a vocês, meus leitores, como o guardião das “Pequenas Grandes Perguntas”. Um convite para que, juntos, nunca deixemos de perguntar, de duvidar, de cantar a infância do pensamento.
Porque, no fundo, toda poesia é uma criança que se recusa a dormir.
Corpo a Corpo
William Contraponto
Teu cheiro chegou primeiro.
Nem palavra, nem nome.
Apenas pele
em estado de intenção.
Tinhas o torso do erro
que eu nunca quis evitar,
e um olhar de quem conhece
a língua dos labirintos.
Não havia futuro em nós —
havia agora.
Esse agora denso,
que se despe com os dentes
e se escreve no escuro.
Minhas mãos em tua nuca,
teus quadris contra o mundo,
e tudo o que não sabíamos dizer
se dizia ali,
em cada investida.
Não fizemos amor —
fizemos ausência.
Do que disseram que era certo,
do que juramos reprimir.
Fizemos vício,
feito dois animais
com pensamento demais.
Depois, o silêncio.
Não o constrangido —
mas o pleno.
Como quem sabe
que o que aconteceu
não precisa de legenda.
E quando partiste,
deixaste um rastro de ti
no cheiro do lençol,
e um pouco de mim
nas tuas costas.
O Silêncio Que Te Espia
William Contraponto
Te escondes no ruído e na agonia,
temendo o vulto da própria verdade.
Chamas de vida a farsa que te guia,
mas vives sob o fio da tempestade.
Teus gestos são ensaio e encenação,
reflexos de um deserto mal coberto.
Teu riso é disfarce da contramão,
pois nunca estiveste assim tão perto.
O quarto te devolve o que calaste:
um murmúrio sem rosto, frio, inteiro.
No fundo do silêncio que evitaste,
te espreita um ser sem nome e verdadeiro.
Não foges só do mundo lá de fora,
mas da presença crua que te habita.
O barulho é o refúgio de quem chora
sem ter coragem de escutar a dita.
Os Que Ficaram
William Contraponto
Era.
Sem disfarces.
Mas também — sem cartazes.
Fui o que era,
sem anunciar,
sem negar.
Toquei muitos —
como eu —
sem nomear o que havia.
Corpos sabiam,
palavras não.
Alguns chamariam de busca,
outros, de fuga.
Para mim,
era caminho.
Até que me aceitei.
Me revelei.
Não ao mundo —
mas a mim.
E bastou.
Enquanto tantos,
com quem me perdi,
optaram por se esconder.
Assinaram papéis,
tiveram filhos,
ergueram casas.
Mas não abrigo.
Fizeram o que se espera.
E esperam, ainda hoje,
que a vida passe
sem que ninguém veja
o que falta por dentro.
Ficaram nas sombras
das aparências.
Eu?
Neguei esse papel.
Uma Nota de William Contraponto
Na dúvida?! Ponha no Google: William Contraponto.
Os tempos de jornalecos locais e seus coronéis não existem mais para aqueles que souberam se desprender dessa engrenagem pequena. E muitas vezes ignóbil, limitada física e intelectualmente.
Não desprezo a estrada que passei, mas aqueles que seguem crendo nela como caminho diante do tempo novo como forma de se estabelecerem como líderes e bastiões da verdade.
Na minha escrita difundida pelo mundo está a resposta.
Localmente? Pouco me importa. O que tenho é coerência. E quem quer fama local e poder geralmente não possui o escrúpulo e a autenticidade mínimos para ir na linha do que pertence ao pensamento amplo.
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