Poema do Bebado
Minha vida
O breve é quem dita a minha vida
A vida da minha vida tem vida peculiar
Elege chegada, permanência e partida
Pulsa na minha vida sem se importar
Vive a sorte, independente, sua linha
Sem que eu quisesse ou não quisesse, vive
A minha vida, sem vida, eu não teria vida minha
Não teria arte, dor, suspiros, cor, amor inclusive
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril de 2016 – Cerrado goiano
Outono no cerrado
Cerrado. Ao horizonte escancarado. Escancaro o olhar
Sob o céu acinzentado, admirado chão de cascalho calçado
O vento rodopiando, a poeira empoeirando a anuviar
O minguado frio sequioso outono dos planos do cerrado
As folhas bailam, rodam, caiem em seu leito ressequido
A chuva se esconde, onde o céu não pode chegar
Os sulcados arranham e ondulam o ar emurchecido
Do desconforto calado entre os cipós e galhos a uivar
Olho o céu purpúreo desenhar o frio chegando ao porto
Os arbustos rodeados de cascalhos num único flanco
Rangendo o outono no amarelado e árido cerrado torto
Num verdadeiro espetáculo de pluralidade saltimbanco
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28/04/2016, 14'25" – cerrado goiano
CERRADO (soneto 2)
O cerrado é como um soneto
arbustivo, tortuoso, melódico
chora a sua aridez, é talódico
diversos como verso irrequieto
Fala do diferente, do exótico
contrastante e muito concreto
vai além de apenas indiscreto
exuberante e também retórico
É prosa narrada é céu sem teto
o cerrado é um insano imódico
e a sua melancolia vira adjeto
É tão sequioso no teu periódico
ádvenas flores, frutos, de ti objeto
d'amor que te quero, és rapsódico
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 de julho, 2016 – Cerrado goiano
SONETO PARADOXAL
Como quisesse poeta ser, deixando
O estro romântico, espaço em fora
O amor, ao reconhecer sem demora
A seleta face, abriu o ser venerando
Encontros e desencontros, cortando
Caminhos e trilhas, percorri: e agora
Que nasce a poesia, o poema chora
E chora, a rima passada, recordando
Ó, estranha sensação despropositada
Tão saudosa como se fosse “In Glória”
Invade o poetar sem ter um comando
Assim por larga zanga aqui pousada
Me vejo perdido, triste nesta oratória
Quando poderia êxito estar versando
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04 de dezembro de 2019 – Cerrado goiano
Olavobilaquiando
CANÇÃO ILUSÓRIA
No mistério do cerrado
estórias e mais contos
E, nos contos, alados
e, nos alados, pontos
nos pontos narrativa
e, elas, em confrontos
entre a quimera e o real
no voo da imaginação viva...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
ITINERÁRIO
Ainda deslizam fantasias pelos
meus cansados, tristes dedos,
na saudade vã do passado,
em copioso senso alienado.
Todos os dias ainda presente
no pensamento descontente,
a insistente dor na inspiração,
ó doidivanas e dura sensação.
Não sou mais do que um peregrino
viajante solitário no meu destino,
que a sorte me guia de mão dada,
pelos devaneios da vida, mais nada...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
BORBOLETA (soneto)
À flor de lobeira do cerrado, azulada
Voa a borboleta erradia lentamente
De asas tal multicor do sol poente
Num dueto de um balé na estrada
É tão imponente e é tão refulgente
No horizonte rubro, em uma toada
Que hipnotiza o ver e mais nada
Doidejando o encanto da gente
Só a flor, o que importa, a ela atada
Somente! E ao seu redor indiferente
Onde ali, a vida se faz multiplicada
Neste valsar vaporoso e inocente
Do diverso do cerrado camarada
Borboleta em voo, é o belo ingente!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Medo
Não tenho medo
Das brigas
Das fadigas
Das diferenças
Das desavenças
Tenho medo
De não termos brigas
Para lhe reconquista
A cada uma delas
Tenho medo
De não ter fadiga
Para nos seus braços descansa
Tenho medo
De não termos diferenças
E não poder aprender cada vez mais a Nos respeitar
Tenho medo
De não termos desavenças
De não poder nunca discorda
Não tenho medo
Dos seus gritos
Dos seus gemidos
Dos seus conflitos
Dos seus delírios
Tenho medo
De não ouvir sua voz a me grita
De não lhe provocar nem um gemido
De não lhe apóia em seus conflitos
De não fazer parte de seus delírios
Medo maior mesmo eu teria,
É de nunca te encontra!
Porta aberta
Mesmo quando você me disse
Vá, pois a porta esta aberta.
Não há nada que lhe impeça de voar
Não se prenda a mim
Siga seu vou
Mesmo quando você me disse
Que não tinha nada para me oferecer
Que não havia nada para se prender
Pois na porta
Nem fechadura mais não há
Para que se tranque
Eu entendi tudo que quis dizer
Só que você é que não entendeu
Que eu só aprendi a lhe amar
Não aprendi a lhe desamar.
Matando a saudade
Eu já matei a saudade
Milhares de vezes
Tantas foram às vezes
Que já me sinto um assassino
Mais ela sempre teima em volta
Sempre se aproveitando da sua ausência
Basta um breve momento
E já esta ela a me rodear
Como um predador
Em busca de sua presa
Por isso me desculpe
Pelas vezes que te ligue
Sem quase nada a falar
Era a saudade que eu estava a matar.
Olhar
E é no fundo dos seus olhos
Que poso ver, quase tudo.
Nestes olhos que me atraem
Olhos que lhe traem
Que quase me deixa ver
No mais profundo
Do seu íntimo
Coisas que sua boca relutar em dizer
E é nos seus olhos
Que posso ver
Mais que as aparecias ou palavras podem dizer
Esta luta interna
Que seu rosto não me deixa ver
Mais basto eu olha
No fundo dos seus olhos
Para que eu poso-me
Reconectar-me a você e poder dizer
Gosto de olha pro mundo
Quando eu olho com você!
Tristes são aquelas que dão atenção a algo idêntico a uma pedra, com uma cor que ilude e um valor que não existe.
Houve um tempo em que eu era uma mulher e ele, um homem. Mas, nosso amor cresceu, até não existir mais nem ele nem eu. Lembro-me apenas, vagamente, que antes éramos dois e que o amor, intrometendo-se, tornou-nos um só.
O AMOR E LINDO COSMOPAX UM SONHO UM JOGO COMO ESTE QUE EU CONHEÇO, UMA PESSOA NESTE JOGO QUE ME DEIXOU MANUCO BELEZA AMO COSMOPAX POEMISTA
Quando não se restringes a vida sobretudo o sentir você não se nega a soberania de vossas vontades.
Fluido sutil cuja a existência e admitida em todos os vão do universo a qual se oculta na atmosfera.
