Poema de Seneca
Despreza tudo o que um trabalho supérfluo estabelece como enfeite e requinte; pensa que nada é extraordinário a não ser a alma e que, para uma alma grande, nada é grande.
Nossa falta de confiança não é o resultado da dificuldade. A dificuldade vem da nossa falta de confiança.
Quanto mais desprezível e ridículo alguém for, tanto mais solta será sua língua.
Que todos os seus esforços sejam direcionados a alguma coisa, que este fim seja mantido à vista. Não é a atividade que perturba as pessoas, mas falsas concepções sobre as coisas que as deixam loucas.
De nada vale a hipocrisia; podem alguns deixar-se iludir por uma ligeira afetação de virtude superficialmente afivelada no rosto, a verdade, essa, é sempre constante em todos os pormenores.
Nada é menos próprio do homem ocupado do que viver, pois não há outra coisa que seja mais difícil de aprender.
Tu, efetivamente, laboras em erro ao atribuir a certas coisas maior valor do que o devido, e laboras tanto mais em erro quanto é certo que coisas consideradas entre nós como especialmente valiosas (riqueza, influência, poder) não valem na realidade, sequer um sestércio.
Porque o desejo implica uma necessidade, e nada é necessário ao homem sábio.
Preenche todas as tuas horas! Se tomares nas mãos o dia de hoje conseguirás depender menos do dia de amanhã.
O único porto onde pode abrigar-se esta vida agitada e conturbada está em saber desprezar as casualidades, em mantermo-nos firmes, em estar preparados para receber em pleno peito os golpes da fortuna sem nos encolhermos nem virarmos as costas.
Quando um homem não sabe a qual porto ele está indo, nenhum vento é o vento certo.
O sábio, porém, não se sente menosprezado por ninguém, conhece sua grandeza e afirma para si mesmo que ninguém tem poder sobre ele.
O que torna longa sua vida [do sábio] é a concentração de todos os tempos em um único.
Eu estava despreparado quando a Fortuna me desferiu o golpe repentino. Agora é a hora de você refletir, não apenas que todas as coisas são mortais, mas também que sua mortalidade não está sujeita a nenhuma lei fixa. O que quer que possa acontecer a qualquer momento, pode acontecer hoje.
Deve-se dar à alma algum descanso. Repousando, ela se torna mais atilada para a ação.
Assim como não se deve exigir demais dos campos férteis, porque uma fertilidade nunca interrompida os esgotaria, também o trabalho contínuo abate o ímpeto das almas, cujas forças se recuperariam com um pouco de descanso e de distração. Quando o esforço é demais, ele transmite à mente certo esgotamento e frouxidão.
Se alguém disser que navegar é ótimo, mas, em seguida, advertir que não se deve fazê-lo por águas onde são frequentes os naufrágios e nas quais as tempestades desorientam os pilotos, concluo que esse indivíduo me aconselha a não enfrentar o mar, por mais que louve a navegação.
Mas como um homem pode aprender, na luta contra seus vícios, uma quantia suficiente, se o tempo que ele dedica a aprender é apenas a sobra deixada por seus vícios?
