Poema de pensamento

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Falhamos ao traduzir exatamente o que se sente na nossa alma: o pensamento continua a não poder medir-se com a linguagem.

A cultura, sob todas as formas de arte, de amor e de pensamento, através dos séculos, capacitou o homem a ser menos escravizado.

A morte é o repouso, mas o pensamento da morte é o perturbador de todo o repouso.

Entre o pensamento e a poesia há um parentesco porque ambos usam o serviço da linguagem e progridem com ela. Contudo, entre os dois persiste ao mesmo tempo um abismo profundo, pois moram em cumes separados.

O pensamento é uma qualidade própria da alma, que a si mesma se multiplica.

A palavra foi dada ao homem para disfarçar o próprio pensamento.

A divagação é o domingo do pensamento.

O que é uma grande vida senão um pensamento da juventude realizado pela idade madura?

Certas rudezas de estilo são garantias da integridade do pensamento. Existe só uma forma de dizer o que pensamos, e por que razão teria que ser agradável?

O amor causa verdadeiros levantamentos geológicos do pensamento.

O pensamento é a mente em ação.

As palavras são os trocos do pensamento. Há faladores que nos pagam em moedas de dez tostões. Outros, pelo contrário, dão-nos peças de ouro.

Um pensamento pode ser uma coisa excelente, mas a realidade começa com a ação.

O pensamento é livre.

Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo
– para que possas profundamente respirar.

Quem faz um poema salva um afogado.

Mario Quintana
Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Nota: Poema emergência.

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O Poema

O poema
essa estranha máscara
mais verdadeira do que a própria face...

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

O assunto

E nunca me perguntes o assunto de um poema: um poema sempre fala de outra coisa.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

O poema

Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas me lembram essas galinhas que carimbam os ovos...

Mario Quintana
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

Sonho

Um poema que ao lê-lo, nem sentirias que ele já estivesse escrito, mas que fosse brotando, no mesmo instante, de teu próprio coração.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Poema de beco

Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
-O que vejo é o beco.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M. Estrela da Manhã, 1936