Poema de Pablo Neruda Crepusculario
No Amazonas o meu
espírito é profundamente
nascido e refeito
a cada floração do Ipê,
A cada instante escrevo
os meus mais lindos
Versos Intimistas
mesmo sem ninguém ver,
Porque estou abrindo
rotas para a gente se pertencer.
Florescido o Pau-d'arco
neste Amazonas,
Escritos nos igarapés
estão os meus mais
lindos Versos Intimistas
com o dom magnífico
que Deus me deu,
Agora o quê eu quero
mesmo é que você seja meu.
Meu Pau-d'arco-amarelo
que oferece o Universo
no meio do Amazonas,
Você me dá inspiração
para escrever Versos Intimistas
com a sua cor com adoração
para trazer a memória
para gente que não presta
atenção que as coisas só
andam para frente quando
são feitas com o coração.
Minha linda Bahia,
me plena floração
da flor-de-algodão,
Te dedico os meus
Versos Intimistas
com todo o amor
no meu coração,
Porque por ti tenho
infinita adoração.
Lindo Pau-d'arco-amarelo
que floresceu no coração
da magnífica Amazonas
que jamais esqueço,
Te amo desde sempre
e sem nenhum abalo,
Todos os dias escrevo
poemas feitos com
meus Versos Intimistas
e guardo como um
pássaro que canta
distante e se encontra
numa gaiola trancado.
Se não for para casar
com o cortejo
dançando Moçambique
eu não caso,
Quero com direito
a Capitão Chefe e Substituto,
dois guias, dois tambores
e com direito a tudo,
quatro pajens levando
o nosso guarda sol,
nossos trajes de Rei e de Rainha,
e você me declamando poesias.
Quero dois capitães bem enfeitados,
espadas reluzentes,
um Coronel bem apanhado,
por ambição mais
de um Alferes da Bandeira
um na frente e outro na retaguarda
para garantir a bênção
para sermos um só coração.
Quero esteiras de bastões
e os dançarinos com gungas
de sacudir os corações,
Quero você bem ajeitado,
todo perfumado dando a impressão
de flores desabrochando ao léu
e banho tomado de puro mel.
Se não for para casar
assim eu não caso,
passo o restante da minha vida
sem ter alguém ao meu lado.
onde as estrelas são
mais visíveis eu
vou encontrar Órion
minha constelação
da vida que guarda
toda minha poesia
Para cada batição
tenho escrito uma
nova letra para
animar o seu coração;
Irei nesta Serafina
em roda ou em fila
para buscar a sua
amorosa atenção.
O puçá está preparado
porque o nosso vai
ser lance bem alto,
O peito está apaixonado
e te quero enamorado.
No arrodeio baixo
vou fazer você cair
na minha sedução,
E você não vai pensar
em outra coisa a não
ser em cair na tentação.
E sem nenhum esforço
na hora do arrastão
você estará caidinho,
e se entregará
doidinho a nossa paixão.
A dança das auroras
sobre a Buganvília laranja
quase vermelha sempre
me encanta trazendo
inspiração e esperança
para me preparar quando
você chegar te receber
com toda a festança
continuando a escrever
Versos Intimistas
para a ida e chegança
sempre que houver
e meu carinho de mulher.
O Chefe dos Enganos
No trono da ilusão, o chefe se ergue,
Com um sorriso calculado, a verdade engole,
Entre mentiras e promessas, sua voz preenche,
Os vazios de um governo que a ética não recolhe.
Em seus olhos, o brilho de uma máscara fina,
Que oculta o vazio e a corrupção latente,
Cada decisão, um engano, uma linha,
De um jogo sujo onde a justiça é ausente.
Os fundos desviados, o poder mal empregado,
São moedas para o luxo e para o prazer,
Enquanto o povo sofre, esquecido e desolado,
Sem saber que o engano é o que o faz padecer.
O chefe dança no palco da impunidade,
Com uma coreografia de desvio e egoísmo,
E a verdade é uma sombra de vanidade,
Que se esconde atrás do seu cínico altruísmo.
Mas em cada mentira, há um grito abafado,
Em cada promessa, um lamento não dito,
E o chefe dos enganos, em seu poder desmedido,
Enfrenta o vazio de um futuro incerto e falido.
Ergam-se as vozes, desafiem o engano,
Que a verdade se levante e a justiça prevaleça,
Que o chefe pague pelo seu ato insano,
E que a liberdade e a verdade finalmente nos apareça.
Cai solene a chuva fina,
Escrevo como quem furta
As flores das casas alheias,
- apoiadas nas cercas
Pulando todos os muros,
Escrevo para roubar corações.
Tenho orgulho deste par de olhos,
Que glorificam as alturas,
Desabrochando todas as ternuras
À procura de mais de mil revoluções!
Sai infrene a letra delfina,
Escrevendo como quem reza
Pelos poetas perseguidos,
Pelos que foram exilados
Pela eliminação sutil;
Para que jamais se finde a primavera.
Tenho loucura pelo teu perfume,
Que brindou o meu caminho,
Dissipando as minhas trevas,
Por você sou água, fogo, ar e terra.
Ai, perene desatino!
Escrevo como quem espera
Os teus beijos de ouro
As flores se abrem como oráculos,
Ainda o céu há de testemunhar:
O mais luminoso de todos os espetáculos.
Deixa eu te dizer:
- Que o amor existe;
E que sem você
A minha vida é triste.
Deixa eu te dizer:
- Que eu te amo;
E que eu sem você
Não tenho nenhum plano.
Deixa eu te dizer:
- Que te namoro,
E que não fico sem você
Nem no outono,
Eu não te abandono
Nem no inverno,
Porque entre nós há um verão,
- e uma primavera
E o nosso amor que é eterno.
Sem me importar com a correção:
Caí em completa perdição
Sob o teu incorreto e erótico
- domínio -
Estou guardada no teu coração,
Rendi-me às tuas armadilhas sensuais,
De dentro de mim você nunca mais sai,
Deixei-te nos braços do tempo,
Não fazes conta de quanta falta você faz.
Sem se importar com a opinião:
Tu me buscas em nome da paixão
Sob os aromas indutores da doçura
- mística -
Com as cores do Sol e da Lua,
Vesti-me de estrelas para ser toda tua
- odalisca -
Dançando até o raiar do dia,
Encantarei-te como o fogo da fuga.
Resguardo para ti no final de tudo,
E até mesmo no final de um dia comum:
O beijo mais doce de todo o mundo,
Descanse, meu bem
- Tranquilize-se
A força do destino vivifica:
Algo que a alma não decifra
A coisa boa que você me faz
Só sei que sem o teu amor não vivo mais.
Chegou mansa a 'noitinha',
ela pronta a se assanhar:
Fez com que eu imaginasse
dormindo de ladinho
bem abraçada contigo.
Nós dois de 'conchinha',
como 'a onda no mar',
vestidos de estrelas e luar.
Noite toda mansinha
cheirosa nas nossas relvas...
Teu corpo é lugar de ficar,
mesmo estando de costas:
eu sei do que tu gostas!
Sinto teu peito a ribombar...
Esbanja a vontade indelével,
Supera a vergonha engolida,
Busca a verdade lasciva,
Enfrenta a opinião alheia,
Abraça com ânimo rebel,
Revela este amor incrível!
Suaviza como o vento,
Acaricia como a neblina,
Balança como o mar,
Carrega como o barco,
Providencia como a duna
Esbanja como a Lua.
Acolhe como as areias,
Estoura como a espuma,
Invade como a onda,
Floresce como as flores,
Recolhe-me feito concha,
Colore como o Sol e suas cores.
Esbanja-me quando fores meu,
Usufrui-me por inteira,
Toma-me por tua,
Encanta-me como presa,
Devora-me sem gentileza,
O destino me trouxe como prometeu.
Um castelo de bons ais,
Tão doce de [gemidos,
Doces acordes sonoros,
Agradando os [ouvidos.
Invasão e terno afago,
Maciez do meu agrado,
Enfeitando os sonhos,
E agradando os olhos...
Voltas sempre para mim,
Porque só eu faço assim,
Amas o meu par de [pernas,
Carícias tu não me [negas.
A poesia é travessa...,
Sensualmente não mente,
Para te amar imensamente,
E te agradar eternamente...
Convencida dos teus [desejos,
Ultrajando todos os [medos,
Agarrando-me às tuas [manias;
Escancaro-me às tuas [alegrias.
Não sei o quê fazer com você,
E nem com a lembrança doce;
Que me fez gostar sem querer
Do olhar que me fez endoidecer.
Tua serei sempre que quiser,
E do jeito que ordenar...,
Não há nem como negar
Sob o domínio do teu olhar,
Não há como não esquecer
Do manso bem-me-quer
Vindo de um beijo estelar
- Primeiro e derradeiro -
Que fez o meu corpo te querer
- inteiro -
Sendo eu poesia última,
Juro-te como o meu amor
- verdadeiro -
Guardado estás no meu peito.
Não sei o quê fazer com amor,
E nem com todo este encanto...
Quando não é verso, ele é pranto
É melhor eu fixar no meu canto.
Jura que irá voltar para mim!
Não encontro melhor fim,
Por isso resolvi me recolher
Para eternizar em versos
- tudo -
O que o coração não consegue
- apagar -
E o que o meu corpo espera
- se alimentar -
Do universo feito de você
E deste amor que não consigo
- esquecer -
Porque nascermos para nos repletar.
Não sei o quê fazer com o tempo,
E nem com a distância...
Que os meus versos sejam o breviário,
E a saudade de mim se torne estância.
Dançam os plátanos ao vento,
Jubilosos de tanta gratidão,
Saúdam os mansos parreirais,
A saudade é o sentimento
Dono de um tempo que não volta mais;
Sublimes os leques das araucárias
Abertos em celebração,
Bondoso o Vale dos Vinhedos
Repleto de belezas sobrenaturais.
A vida acontece plena,
- fortificada
A mata cor de menta,
- perfumada
Sob a proteção da grandeza
De um céu feito de turquesa,
Protetor de mãos trigais,
Povo feito de batalhas,
Gente que não se rende jamais!
Encantam com sabores,
Persistentes na labuta,
Gente gaúcha e resoluta
Que não perde sequer uma luta!
Não me poupe das tuas mãos
Que brindam com carinhos,
Não me poupe dos teus passos,
Quero estar nos teus caminhos.
Não me poupe dos teus beijos
Que lembram os sacros pomares,
Não me poupe dos teus sabores
Quero celebrá-los diante dos altares.
Não me poupe dos teu pensamentos
Poéticos cataventos de sentimentos,
Não me poupe dos teus beijos solares
Quero estar contigo em todos os lugares.
Não me poupe nem das tuas noites,
Que me convidaram para protagonizar
- as boas madrugadas -
Quero estar na tua companhia
Não sairei jamais das tuas estradas;
Não me poupe dos vinhos embriagantes
Das mais doces juras e do Vale dos Vinhedos;
Ainda hei de saber dos teus (segredos)...
