Poema de Mario Quintana o Espelho
Os velhos caluniam o tempo presente atribuindo-lhes os males de que padecem, consequências do passado.
O desejo da glória literária é de todas as ambições a mais inocente, sem ser todavia a menos laboriosa.
Quando os prazeres nos esgotaram, julgamos haver esgotado os prazeres; e então dizemos que nada pode saciar o coração do homem.
Não há homem que não deseje ser absoluto, aborrecendo cordialmente o absolutismo em todos os outros.
É muito difícil, e, em certas circunstâncias, quase impossível, sustentar na vida pública o crédito e conceito que merecemos na vida privada.
A opinião da nossa importância nos é tão funesta como vantajosa e segura a desconfiança de nós mesmos.
É tal a incapacidade pessoal de alguns homens, que a fortuna, empenhada em sublimá-los, não pode conseguir o seu propósito.
Tudo é grande no templo do favor exceto as portas, que são tão baixas, que por elas apenas se pode entrar de rastos.
Crítica
Existem muitos poemas
Tecidos sob as nuvens
Cujos repetidos temas
Nada mais intuem
São reles afirmações
Sequências de quase nada
Daqueles que sem inspirações
Querem dos outros a estrada
- Espinhos e flores -
Te quero rosa celestial,
Margarida vital,
Do ocaso irreal.
Amo-te puro lírio,
Essência de meu delírio,
Espinho do meu martírio.
Por que poeta,
Por esta flor te encantastes,
Não sabes que com espinhos,
Ela pode perfurar-te.
- A minha paz -
Quero sentir-te paz,
Suave como a brisa por entre as árvores,
Doce como o perfume das flores,
Mas, ter-te em sua plenitude no mundo,
É um pensamento utópico desejável,
Um belo delírio irrealizável,
Tu sublime paz,
É a dádiva dos poetas amantes,
Porque somente quem ama possui a paz,
E no mundo falta amor; falta esperança; caridade; empatia,
Falta-lhe no mundo paz,
E nada mitiga tua ausência,
Porque sois bela, ó paz,
Como flores ao amanhecer primaveril,
E sois passiva,
Como o vento praiano no lusco fusco.
Rejubila-te amor,
Pois tu és a raiz da paz,
Resplandece-a porém,
Com mais êxito que a aurora,
E acalentas a euforia,
Com mais suavidade que a lua,
Ao emergir do ocaso solar,
Amo-te como o orvalho,
Que entre as pétalas e as folhas quer sempre estar,
Desejo-lhe, pois sou poeta,
E sei amar.
Um dia não serei mais
Mas antes de partir
Com as palavras tocarei
As melodias da Alma
Coisas que embelezam o mundo
Coisas que só o Silêncio profere
