Poema de Mario Quintana o Espelho
o espelho
do outro lado um estranho
faz simulações como se fosse
um demônio familiar
é sempre noite, um assassino sonha
com mulheres assassinadas em série
sob as palmeiras de Malibu
o mundo é só uma ficção plausível
a imagem que baila ao rés-da-lâmina
é um último e improvável vestígio
da existência de Deus
o resto são ecos de outras faces
gestos de espanto e despedida
a música dos relógios, a morte
Na superfície dura e fria do espelho, o reflexo embaçado de um rosto me encara de volta.
É uma visão turva de uma expressão duramente composta, criada com o propósito de aparentar uma natureza distante daquela que atormenta o meu íntimo.
Uma caricatura do eu, imagem vendida por mim e aceita pelos outros.
Mandíbula cerrada, sorriso composto, postura altiva e determinada. É o suficiente. Embalagem perfeita para a vitrine da vida, mais uma na prateleira de objetos inanimados esperando receber qualquer estímulo externo, ou ganhar vida.
Refração
...E quando, por ventura,
eu não me reconhecer
no mesmo espelho em que me vejo,
surpreenda-me;
olhos vedados por suas mãos.
Irei tatear a sonoridade de sua voz
até encontrar os contornos de seu rosto.
O sorriso seu, escancarado,
que me desperta uma quietude indefinida,
despertará segundos de paixão,
uma imagem refletida em meus sonhos sem nenhum pudor.
Ainda que imagem refratada na distorção do meu querer.
Miragem
me olho no espelho,
sempre olho mas nunca me vejo,
presença ausente de um reflexo
uma miragem de mim mesmo,
me enxergo diferente
não me vejo como você me vê,
sou sincero, ás vezes não me acho merecedor
minha modéstia assume controle
excedendo sempre o limite,
me auto sabotando
mas isso de nada adianta
pois são apenas reflexos,
reflexos de um pensamento.
ALMA DE SÍSIFO
De João Batista do Lago
A noite é fria…
Gélida!
O espelho esfumacento
não me revela
nesta fria noite… fria.
Algo dentro de mim
grita feito besta fera.
Ouço-o.
O lamento é lúgubre
e lúgubre é o meu lamento!
Feito Sísifo
desço a montanhosa noite
refazendo meus pensares.
Amanhã terei que rolar a rocha até o topo!
Renascerei ou mais um dia morrerei?
É o amor que me conduz, força linda poderosa que toma conta de tudo, água tranquila serena, espelho que reflete o rosto encantado por ser tão belo esse sentimento.
O amor muda tudo, deixa tudo mais cheio de luz e de cor.
Então caro poeta, deixa-te envolver por essas profundas águas, que te levaram ao paraíso, e escreve-as em teus lindos poemas, tuas linhas sagradas, como só tu sabes fazer.
Ninguém confia mais em ninguém, nem mesmo na
Própria sombra
Nem o espelho tá mais servindo, quando fui me olhar
Até me assustei com meu semblante destruído, geral
Corrompido, o amor tá frio, eu também já enfriei.
QUADRAGÉSIMO TERCEIRO HEXÁSTICO
Assenhora-te do espelho
Refletor de todos os caos
Ainda para ti irrevelados
Debulha-te duplo narcísico
Toda estética será falsa
Se nela faltar toda essência
Olhar além de si
Apaixone-se por você;
Decida conhecer-se;
Aceite-se!
Olhe-se no espelho d'Alma;
Somos muito maiores do que este pequeno corpo;
Ou suponho, que talvez existam
alguns menores.
Na verdade,
somos do tamanho que imaginamos!
Seja um louco voraz!
A loucura é feliz!
A loucura é sensata!
Acredite!
O borrão,
é apenas o início da obra;
As cores e possibilidades são infinitas!
A beleza, está nos olhos de quem a vê.
Não siga padrões!
Tenha o horizonte, como limite;
Entretanto, a distância só serve para
percebemos que sempre podemos ir além!
Não exija perfeição!
Quer paraíso na terra?
Plante flores em seu próprio precipício.
Aceite-se!
A humanidade usa como referência padrões
sem sentidos, frívolos, preconceituosos.
Crie seus próprios padrões próprios, mesmo
que diferente de todo resto da humanidade.
Seja o primeiro lugar de sua vida;
Respeite-se!
A vida não é um produto;
A vida não é apenas o palpável.
Sempre terá alguém que não te aprovará;
Aprove-se você!
Permita-se sorrir, mesmo tendo guerras no mundo!
Crie seu mundo!
Não falo em irresponsabilidade ou egoísmo, muito menos, em frieza.
Mas, não deixe que o mundo cale teu sorriso;
Isso chama-se depressão coletiva!
Se você não paga propina,
se você é honesto,
não coloque a corrupção do mundo
em suas costas,
muito menos, não a generalize.
Permita-se ser uma flor no espinhal!
E o mundo, mesmo com todos os espinhos, será mais belo!
Olhe-se no espelho d'Alma!
Refletir sobre o reflexo
Olhei para o espelho e refleti sobre aquele que vi
Pensamentos bons e ruins surgiam
Mas nada do que fosse bom me agradava
Refleti sobre aquele no reflexo
Percebi que não conhecia aquele a quem eu achava conhecer
Quem era aquele? - eu pensei
Lembrei de tudo aquilo que fez que não deveria ter feito
O que fez aquele no espelho a fazer o que fez?
Refletindo sobre isso, percebi que nada pudesse explicar tal ação
Muita coisa aquele do reflexo fez sem refletir
Refletia sua imagem, mas não refletia seus pensamentos
Como poderia ser se tivesse feito depois de refletir?
Não pude saber, pois o que fez já estava feito
Refleti sobre o que seria de agora em diante
Olhando aquele do espelho, vi que estava confuso
Pois não tem como saber o futuro
Resolvi refletir mais sobre aquele reflexo
E percebi que há tempos teve muitas reflexões
Todas elas que levavam a pensamentos vazios
Imaginava tudo, mas não pensava em nada
Quantas coisas refleti e quantas não pensei?
Aquele do espelho me olhava e eu olhava para ele
Refleti sobre aquele do reflexo e pensei:
O que será que ele pensa de mim?
Para saber isso tinha que refletir e saber o que eu penso daquele do reflexo
Pensei em tudo que pudesse me deixar feliz
Mas a cada coisa feliz uma triste aparecia
Não conseguia ficar feliz, pois coisas tristes eu via
Apesar de muitas coisas tristes que eu achava
Não era o suficiente para me entristecer
Pois as coisas tristes eram sucumbidas pelas coisas felizes
Tudo isso refleti sobre aquele do reflexo para saber o que eu penso dele
E assim descobrir o que ele pensa sobre mim
Enquanto eu refletia, mais eu pensava
E enquanto eu pensava mais eu imaginava
Imaginava o impossível e o improvável
Mas nada que fosse real
Refleti mais um pouco
E percebi que estava refletindo sobre um pensamento que veio de uma reflexão
E tudo o que eu estava fazendo era refletir sobre uma reflexão de um reflexo
A poesia me encontrou
A poesia se tornou o espelho
imponderável da minha verdade!
Serei eu tolo de versar a incoerência
Ou derramar lágrimas enganosas na tinta
que escorre entre os dedos
a poesia não julga,
tampouco acolhe quem quer que seja
A poesia desnuda
e te deixa a mercê de si mesmo
Ela está para o coração dos sensíveis
Ou lógica dos mais críticos!
A poesia é abundante
ao mesmo tempo pode imprimir falta
Subtraindo a certeza do sábio diante de
uma bela paisagem de infância!
Sigo firme na angústia em declamar a
palavra que ainda desconheço
E fazer dela meu espaço seguro!
Cujos gritos se juntam aos sussurros
de meus pensamentos!
Quem é esse que faz do espelho sua morada e insiste em me encarar toda vez que o olho?
Seu olhar é tão profundo... Como se, ao me observar, ele visse quem eu realmente sou.
Por que insiste em me encarar? Será que quer me dizer algo?
Ele parece mais confiante do que eu. Mais forte. Mais bonito.
Mas ele não sai de lá. Está preso, e eu estou livre. Algo meu é dele, e algo dele é meu.
Por isso, sempre que eu me esquecer de quem eu sou, voltarei aqui em busca de conselhos.
Espelho, espelho meu, diga-me: em que momentoeunãofuieu?
Sem fazer nenhum ruído
Um corpo foi despido
Diante do espelho,
Para arrancar um suspiro
De desejo lascivo,
Há de ser um belo bailado
No território [conquistado;
Será um pecado bem cometido.
03/07
Seja um espelho
para aquilo que deseja,
Só você poderá
fazer por si mesmo
quando tudo parecer
distante ou inatingível.
Metapoema
Num lago de letras
o metapoema está
para o poeta como
o espelho d'água
está para a imagem,
Não existe nenhum
poeta que nunca
tenha feito ao menos
um metapoema
na vida sem saber,
Um metapoema é bem
simples de entender:
é quando um poeta
explica o porquê
escreve um poema dentro
de um poema para você.
Existem quatro perguntas que você deve fazer para descobrir o significado da vida.
1° O que é espirito
2° Do que o espirito é feito
3° Por que nascemos
4° Por que morremos.
E todas as respostas se resumem numa só
"Amor"
O que é um espelho? É o único material inventado que é natural. Quem olha um espelho, quem consegue vê-lo sem se ver, quem entende que a sua profundidade consiste em ele ser vazio, quem caminha para dentro de seu espaço transparente sem deixar nele o vestígio da própria imagem – esse alguém então percebeu o seu mistério de coisa.
Assim devia ser a relação de autor para leitor: uma face nua num espelho límpido. Mas é tão difícil... Ou a face está mascarada ou o espelho embaciado.
Todo poema é uma aproximação. A sua incompletude é que o aproxima da inquietação do leitor. Este não quer que lhe provem coisa alguma. Está farto de soluções.
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