Poema da Geladeira Elisa Lucinda
Paixão
Sê como amigo,
O mais verdadeiro.
Sê por gratidão,
com a maior vontade.
Sê por justiça,
bem feita.
Sê por teimosia,
com orgulho.
Sê por caridade,
de coração.
Sê por ganância,
para valer o esforço.
Sê por obrigação,
para o certo.
Sê por paixão,
a mais intensa.
Sê por impulso,
sem arrependimentos.
Sê por amor,
irás ao céu
Sê assim,
que com o manto de minha paixão
te doutrinarei.
Aconchego
Que belo o que ousas proclamar,
Mesmo que seja em nome alheio
De ti, nunca vou me separar
Pois um grande amor é sempre verdadeiro.
Se sou rosa e tenho espinhos
És um cravo macio em que posso me aconchegar.
Sonhos de menina mulher
Fantasiei quando menina
Casar e ter meus filhos
Um menino e uma menina
De olhos bem clarinhos
Não foi fantasia
Foi um sonho realizado
Tive um casalzinho
De olhos clareados
Sonhei também como mulher
Fantasias até perversas
De viver com o meu companheiro
Como amantes exotéricos
Neste sonho glorioso
Quis conhecer lugares
Fazer coisas loucas
Sem traição, na liberdade
Mas este companheiro? Não tive
Não acompanhou a minha ilusão
Achou melhor a acomodação
Sobre o mesmo colchão
Não cativou a amada
Para viver os mesmos valores
Preferiu afagar os seus sonhos
Com a mulher da vida errada.
Neste caso, só agradeço
Ao sonho que tive com os filhos
Pois o sonho de mulher
Caiu no precipício.
Tatuagem
Vou tatuar o meu corpo
Com um Escorpião
Porque sou racional,
Mas destrutiva de coração.
Não, não - Vou tatuar Ideograma japonês.
Representando a minha índole refinada
Pelo meu bom gosto estético
Fidelidade e amor.
Oras! O Coração em chamas
Para mostrar o meu domínio
Tipificar este poder
Apenas cognitivo do meu ser.
E o Tubarão?
Caminho na solidão
Curiosa por missão
Sem submissão.
Vou, é tatuar um Dragão
Para sentir o meu controle
Meu desejo
Minha auto-afirmação.
Ou caio na esparrela
Tatuando os símbolos Tribais
Neste motivo abstrato
Voltar-se-ão olhares que sinto escasso.
Ou uma Lagartixa?
Para manter o meu autocontrole
E a contenção dos sentimentos?
Que lamento! Tatuagem.
Omissão
Proibiu as suas palavras de me visitarem,
teus olhos de me enxergarem,
teus ouvidos de me escutarem.
Improvisou outra voz mísera
que descarinhosamente negou,
escondendo de mim o que vivias.
As promessas não falam por mim
e já trouxe o amanhã para o hoje
confessando que pela compleição débil o destino errou.
Desisto de lutar pela faculdade de perceber.
Prendi a palavra,
fechei os olhos.
O que há mais de existir?
Um mundo desbotado e sem pessoas,
uma ave que não voa
nada mais de mim..., nada!
Amor amigo
Amor amigo é aquele que existe sem interesse,
sem querer nada em troca.
É o amor perfeito
não anedota.
Amor amigo não aconselha
Não se envolve no âmago
do que mais belo o seu dito amigo já construiu.
Amor amigo é participação exponencial.
Amor amigo não chora mágoas
pela compaixão.
Amigo não aceita por devoção
tudo que lhe é dito.
Amor amigo discute se defende,
possuem pontos de vista diferentes,
combatem os seus princípios
e vontades.
Ser seletivo na amizade
é o estado da arte.
O amigo não é só meu,
É da vida pelo amor da amizade.
Amor reverso
Num belo dia eu ouvi falar
Fizeram-te uma imprecação de males
Como prenúncio de morte.
Praga de gente sórdida.
Que nocividade é essa?
Uma árvore nascer dentro de mim?
Para que eu exploda?
Não entendi a malícia.
Fiquei torpe.
Predestinei à aversão.
E o infortúnio aconteceu.
A árvore nasceu, cresceu e criou raízes.
Dissipou dentro de mim.
Gerou frutos maravilhosos
As raízes entranharam-se no coração
Era a praga do amor reverso
De um amante em solidão.
Aplausos à morte
Morte e vida...
Vida e morte...
Conceitos distintos, reflexos intensos,
Lados de moedas reversos.
Quem vive e quem morre?
O que vive? o que morre?
Vida se espelha, morte de modela.
A morte nada mais é que a sequência da vida,
De uma vivência transformada,
Ressignificada,
Alterada.
A morte na vida ou da vida?
O que significa essa palavra: Morte?
O que morre, o corpo ou a alma?
De que formas eles morrem?
Nada mais é, do que uma condição.
A morte morrida, tão sofrida, traz lamúria.
A morte escolhida, traz sofrimento, a si, a ti.
Morte e vida, parâmetros, esperas, esferas
Vida bela, bela vida, que reverbera, que acelera,
A cada dia, o processo de sua irmã gêmea.
Se há um princípio, haverá um fim,
A espera da vida chega,
Sempre,
Em qualquer lugar,
Quando menos aguarda,
E lá vem ela, a gêmea má,
Malandra,
Sacana,
A mãe da desesperança,
Da descrença,
Da impaciência:
A Morte.
Mãe
Escrevo à ti, óh! Grande Mãe.
Mãe consoladora, imperatriz, geratriz.
Oh! Mãe das noites sem sono,
Dos dias apáticos,
Das calamidades;
Mãe dos sofredores, dos desorientados;
És tu, Mãe que ensina,
Que dirige, que transmite.
Escrevo à ti, neste dia,
De tormenta, de sofrimentos, de desesperanças.
Óh! Mãe dos montes, dos horizontes,
Da ternura.
É a ti que dedico minha alma,
Minha sonolência de vida,
Minha amargura cotidiana.
Mãe da Lua, sacerdotisa do Sol,
As nuvens que nos rodeiam, a ti pedem permissão;
Os obstáculos que nos chegam, a ti reverenciam;
Os anseios que nos corrompem, a ti te dão satisfação.
Mãe da falsidade, da esperteza, da cobiça,
Mãe da infelicidade, do desgosto, da tortura,
A ti me prostro, caído, humilhado,
Desventurado.
A ti, Grande Mãe, minha sabedoria de nada vale,
Meu conhecimento é desconhecido;
Meu entender, não se entende;
Minhas palavras não são escritas.
Em ti há contradição, dissociação
Em ti, perseguição
Mãe, te evoco,
Vida, te espero.
É Tarde (16/08/01)
De que adianta seu amor agora
Se quando te amei você nem ligou
O quê me importa seu carinho agora
Se já é tarde para eu te amar
O quê me interessa seu sofrimento agora
Se quando eu lhe quis você nem mesmo soube dar amor
O que me leva a pensar da tristeza em seu olhar
Têm-se mais tristezas no meu
De que valem suas palavras agora
Se quando as disse você nem ouviu
De que valem seus sentimentos agora
Se os meus já se esvaíram
De que vale meu perdão agora
Se não existe mais essência para perdoar
O que me leva ter que sofrer por você agora
Se sempre sofri e você nunca percebeu
O que me vale ser cedo para você agora
Se para mim você já morreu.
TEMPO (1979)
Mestre e correto é o tempo
Todas as coisas norteiam o tempo
Até o sobrenatural depende
Do tempo
O querer é algo com que sonhamos
O querer é o precisar
O morrer não é o querer
É o ter é o depender.
Maldito tempo
Faz-nos mendigar na vida
E traz-nos o necessitar
Por ser um cruel inimigo em apoiar.
Deveríamos fugir
Do maldito tempo
Pois dele não podemos
Vingar.
JOSINO O GÊNIO (1980)
Josino pequenino
Josino tão inocente
Aquele moleque trapo
Josino transumano.
Josino cresceu
Pois criança cresce
Homem, Josino continuou maltrapilho.
Mas com o coração de Josino.
E hoje, aqueles
Que brincaram com Josino
Ah! Josino
Brinca com eles.
TELEFONE (03/2001)
Estou escravizada
Por este aparelho maldito,
Fico constantemente a espera
Que ele me chame do longínquo lugar.
Aquele toque lusitano
Que só eu sei decifrar.
O som mais lindo que já pude ouvir em minha vida,
Sem instrumentos, mas é uma verdadeira sinfonia
Que me faz delirar.
Os prazeres já me tocam
Quando em seu visor maloca
O número além mar.
A prata da voz que sussurra do outro lado,
Transforma em ouro o meu coração.
É uma magia este som de notas poucas
Que atinge um grau de maestria
E transforma-se em melodia
E quando silencia me faz chorar.
CONDENAÇÃO (03/2001)
É ímpar, é demais poder amar
Mas amor é como o satanás
Faz proteger o nome do condenado
Precisando usar codinome para o ser amado
A sociedade não permite
Um amor assim tão alvo
Tão leve, tão solto, tão verdadeiro
Mas que nada tem de arbitrário
O satanás quem criou o dinheiro
Quem criou os valores materiais
Mas Deus criou o amor
Para combater o satanás
Quem é o homem?
Que se julga capaz de condenar
Um amor assim tão presente
No íntimo de um ser?
A liberdade existe
Mas na insensatez
A sociedade
Protege-se com Deus
E ama o satanás
Como um carrasco
Usando sua lâmina afiada
Cravando no coração amante
Mata morbidamente este amor tão presente.
SOFRIMENTO VIRTUAL (10/1999)
Nas noites escuras e frias
Não se faz mais barquinhos de papel
Como antigamente se fazia
Para encher de satisfação e alegria
Esta vida de aluguel
Hoje nas noites, finge-se
Fazer amigos virtuais
Amigos, amantes e tudo mais
Para encher mais de saudade os corações
Pois eles, assim como os barquinhos não voltam jamais.
Ficando no coração
O frio denso de uma ilusão
Que talvez em uma noite de verão
Possa tornar realidade
os sonhos dos amantes virtuais.
Sufocando toda uma vida
Acreditando em curar uma ferida
Que na verdade não será vencida
E cresce cada vez mais
Em cada noite de despedida.
Mas quando se torna realidade
Que satisfação! Até amedronta
Ficando registrado nas faces
A alegria do dado impasse
De vencer o que aparecia vencido.
Mas a tormenta não termina
A dor é mais intensa
Quando na despedida
Vendo um amor que fica
Na dura hora da partida.
Quanto arrependimento
E que no íntimo do ser vem o lamento
Sabendo assim que era menor o sofrimento
Da despedida virtual
E a maldita ferida nunca será vencida.
Setembro de 2003 em Portugal
Está um lindo dia
O sol brilhante o céu sem nuvens
Dá vontade de sair.
Imagino o mar deve estar magnífico
Mas estou presa as raízes
Dos meus sonhos infantis.
Coisas que idealizei
Momentos que revelei
Decisões que tomei
Estão agora reflectidos
Em minha face lânguida
Da perversidade que não imaginei.
Sofro ora agora
Pelo destino que me dei
Que outrora não consegui, livrar-me.
Chora meu coração
Pela empatia que concebe
Pelo outro sofrimento.
O quê deu errado?
Quem foi o culpado?
Que magia negra foi esta?
Que consegue sempre me consternar
Colocando-me com o ego arrependido
Daquilo que não quis fazer?
Foram erros de placenta
Que a regressão não consegue explicar.
Concepção talvez indesejada
Que reflecte na pessoa mal amada
De forma desesperada
Mas não consegue se livrar.
Passo agora este mal presságio
Para os entes mais queridos
Que no futuro se acharão esquecidos
Do ventre que os gerou
Moribundos e mal amados
Na mesma cadeia de valor.
31/08/2004
Novos tempos
Acordo e começa o corre-corre
Para chegar, não sei aonde.
Durante o dia, trabalho
A noite também.
Nos pequenos espaços diários
Estudo
Depois o “stress” o cansaço
Por não saber se o dinheiro vem…
As vezes vêm o mal presságio
Será que amanhã vou ter trabalho?
Então, estudo
Mesmo sem o dinheiro para fazer o itinerário.
Não tenho tempo, sem tempo
Mas com tempo
Não concentro
Hoje isso, amanhã aquilo.
Para relaxar, escrevo
Perdendo tempo
Deveria mesmo estar lendo
Reverenciando os mestres.
Mas não me façam críticas
Eu gosto dos novos tempo
Mesmo sem tempo, dê-me tempo
Para ler poesias.
Karoleen obrigada por teres crescido assim, tão cheia de vida, de alegria, enchendo nossos dias de uma grande felicidade...
Você é... o meu mundo, minha vida, meu amor, meu tudo, minha preocupação, minha felicidade, meu sorriso, minha paz, meu sonho, minha realização, meu futuro, meu presente, meu tesouro, meu ouro, meu coração fora de mim, eu te amo minha filhota! Amor esse que é tão grande, inexplicável, que não cabe em mim, que ultrapassa tudo e todos, morreria por você, sem dúvidas, faço tudo pra te ver feliz, não duvide! Te dei até hoje o meu melhor, e tenho certeza que você me ama também.
Foram 15 anos que passaram num piscar de olhos, voando... passou! Mas você não me sai dos pensamentos um só instante!
Karoleen, hoje 23/07, no seu 15º aniversário, quero que tenhas muita saúde! Isso... que Deus te abençõe minha filha e te guie na sua caminhada da vida!
Eu sou muito grata a Deus por ter me dado você de presente!
Eu nasci para te esperar, mamãe ama bb. Bb ama mamãe?
Seja feliz minha filha amada, sempre, sempre, sempre... Te amo!!!
A DOCE ILUSÃO
Para os intelectuais haverá sempre um paradoxo existencial: a caracterização da ilusão. Dotados dos meios suficientes e necessários na identificação desta possível armadilha, os afortunados doutos podem, por vezes, almejar a condição de vítimas consentidas dela, a doce ilusão.
A filosofia e o cienticifismo são implacáveis em refutar qualquer investida da ilusão. Por vezes, este rigor embota os sonhadores, prejudicando o desenvolvimento destas disciplinas. A ciência quer modelos formais que expliquem aquilo que pode ser observado. O artista, o poeta quer tornar belo o inexplicável, o imponderável. A desconfiança do óbvio é o pressuposto básico da filosofia. A fenomelogia dá o arcadouço necessário a ciência que a utiliza na descrição dos seus métodos de estudo.
A grande virtude dos afortunados doutos reside no poder da escolha entre ser feliz ou ter razão, quando esta condição conflitante se impuser. Sendo erudito ele pode optar. A maior das arrogâncias é querer ser feliz sempre ou ter razão sempre. “Afinal a vida é isso, e um pouco de fantasia não faz mal a ninguém”. Assim escreveu uma linda cientista, quem ousaria discordar dela?
Agostinho Lima-072200Set11
RESSURREIÇÃO
As minhas limitações e a minha turva visão, eu as trago diante de ti.
Transforma-as em clareza de entendimento pela tua ressurreição.
A carga que curva e a dívida que paralisa, eu as trago diante de ti.
Transforma-as em novo ânimo pela tua ressurreição.
A confiança perdida e as minhas inquietações, eu as trago diante de ti.
Transforma-as em nova certeza pela tua ressurreição.
Minha profunda saudade de proteção e segurança, eu as trago diante de ti.
Transforma-as em colo e lar eterno pela tua ressurreição.
AMEM!
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