Poema da Geladeira Elisa Lucinda
Brotamos de Deus
como as flores, folhas e frutos
brotam da árvore.
Todos são e não são a árvore.
Todos somos e não somos Deus.
Somos Deus brotando
de si mesmo.
Deus é o caos criador da ordem.
A ordem que retorna ao caos.
O caos que se converte em ordem
na massa pulsante do infinito.
Nascemos de uma explosão:
átomo ou ovo primordial
a miniatura do nada.
Espaço, tempo, matéria
e o infinito num ponto.
Onde é que Deus estava
nesta singularidade?
Santificaram a pobreza.
Mas muitos pobres preferem
a riqueza à santidade.
Satanizaram a riqueza.
Mas os ricos não se importam
se sua riqueza é satânica.
Deus nasce todo dia em cada homem
e aprende conosco o que Ele sabe.
Deus se deixa encontrar a cada instante,
sem ser chamado, sem ser procurado,
nos terrenos mais férteis ou mais sáfaros,
em meio à oração ou à heresia,
sem encontro marcado e em qualquer parte.
A quem devo invocar se já não creio
em tudo o que foi dito e revelado?
A dúvida é forte como a fé
e se sustenta no seu próprio vácuo.
E nem creio sequer em minha dúvida,
porque tudo o que é crido é construído
dos nossos medos e fragilidades.
Deus não é a dor justificada,
o prêmio e o castigo além do túmulo,
mas tudo o que não pode ser descrito
nem humanamente compreendido.
Ser humano que sou, não sei que humano
possa exceder à sua condição
e revelar mistérios que não passam
de criações da carne atormentada.
É difícil aceitar
a face escura de Deus.
Raríssimos são aqueles
que o conseguem.
E os que se tornam
a face escura de Deus?
Como as pessoas comuns
poderão compreendê-los?
Fatos se tornam sonhos
e sonhos se tornam fatos.
Qual deles é o real?
O fato que já passou?
O sonho que ainda é sonho?
Deus não é para ser achado.
Porque achamos que Deus
é isso ou não é aquilo,
ficamos na ilusão
de O ter achado.
Outrora, essa rua era
um enorme e denso silêncio.
Muitas árvores. Poucas pessoas.
Porém, o rio do barulho urbano
invadiu a rua e as casas.
E o silêncio se foi na correnteza
para nunca mais ser escutado.
Somos uma geração sem peso na história.
Sem propósito ou lugar.
Não temos uma Guerra Mundial.
Não temos a Grande Depressão.
Nossa Guerra é a espiritual.
Nossa Depressão, são nossas vidas.
Fomos criados através da TV para acreditar
que um dia seríamos milionários e estrelas de cinema.
Mas não somos.
Aos poucos tomamos consciência do fato.
E estamos muito, muito putos.
Máscaras de Deus, só existimos,
enquanto Deus em nós se representa.
O Bem e o Mal são condições do palco
e cessam ao término do espetáculo.
O pecado é pensar que existimos
nos papéis que nos foram destinados.
No pior vilão, no excelso herói,
o mesmo Deus se exalta como ator.
Os teólogos são os
ficcionistas de Deus.
São exímios contadores
de histórias,
que acreditam
serem verdadeiras.
Qualquer beleza que possa ser considerada valiosa em mim, se esconde profundamente em minha essência.
Todo ser humano possui uma existência fascinante, com uma grande quantidade de personagens bons e maus. E quase sempre, em algum lugar ao longo do caminho, há mágica.
Eu aprendi que as crianças são as peças de construção da raça humana. Se elas forem tortas, a próxima geração será torta também.
Eles se conscientizam do que o futuro representa para eles. Eles podem enxergar, no brilho de seu pleno vigor e beleza, que também estarão em declínio um dia.
“(...) Um poeta pode ser tanto quem escreve quanto quem lê; um poeta pode ser tanto um analfabeto quanto um deficiente visual. Não são as palavras que caracterizam uma poesia; é o que está nas entrelinhas, é toda a beleza que depositamos nas coisas.”
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