Poema da Fome

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POR UM MUNDO MAIS HIPÓCRITA


Publicado em 1946, O livro de Josué de Castro, GEOGRAFIA DA FOME, aqui, o seu título pode ser traduzido como FOME NO MUNDO, infelizmente, traz nas suas páginas um assunto ainda muito atual, A FOME DE MILHÕES DE SERES HUMANOS.

Outro tema semelhante que está em evidência, de importância relevante, é o CORONA VÍRUS, que é um “sucesso” em todos os meios, com pouquíssimas diferenças da insegurança alimentar.

Diferente da FOME, O CORONA VÍRUS, se tornou uma balbúrdia nos meios de comunicação de massa, que divulgam informações a todo o tempo, até "parecem que estão" num negócio muito rentável.

Mas, o mais bonito de se apreciar é o quanto às pessoas são “solidárias", indivíduos de raças, gêneros e credos distintos, em países preconceituosos, sem as mãos dadas, mas unidos por uma causa tão nobre, "SALVAR A HUMANIDADE", e o fabuloso: patrocinados pelos mais abastados, como é lindo o “amor” entre as classes sociais.

Mas o que une essas pessoas de fato? O afeto? Ou a dura e, despida realidade que COVID — 19, também AFETA OS RICOS, diferente da FOME?

Inserida por gamalielmoreira

⁠BEM-ME-QUER
Sou alimento que chega à tua mesa nas horas mindinhas, eu, que sacio a fome dos teus e, ensino teu estômago a pensar.

Sou o calçado novo do teu filho, tuas botas confortáveis que acaricia teus pés, mas te impeço o caminhar.

Sou óculos de grau que te revela o argueiro, mas, te esconde o leão, sou venda de seda, sou grade, prisão.

Sou passagem aérea em avião de luxo, banco de couro, cálice de ouro, copo de vinho, sou conforto, sou torto, maquiado, sou O cala-boca.

Sou ultrassom, tomografia, ressonância, endoscopia, teste de aids, cesariana, vasectomia, bengala, dentadura, cadeira de rodas, não sou cura.

Sou abraço vazio, beijo gelado, dono do gado, chicote estalado, cerca de arame farpado, muro e cadeado.

Sou grande e pequena, do Norte, do Sul, de todas as regiões, sou fascista, imperialista, capitalista, racista, sexista, vampiro, sou mulher, sou homem, gigante e “anão”, da academia, do povão, sou ditoso, religioso.

Se eu fosse você não me queria, sou às oligarquias.

Inserida por gamalielmoreira

Eu vejo gente gritando, eu vejo gente com fome;
Eu vejo gente esbanjando, eu vejo gente feliz cantando;
Vejo gente praticando o bem e vejo gente pecando.
Eu vejo de todas as formas e o mundo vai girando...

Inserida por JorgeTolim

⁠A fome,

É todos agora reconhecem a sua existência, não te ver no rosto do povo é só intolerância, levas consigo a nossa alegria, imposto implementados para o desenvolvimento, passamos a duvidar da esperança.

Angola, mais uma vez te escrevo para aliviar a minha alma, venho dizer-te que as vezes nos sentimos tentados, já não se sabe se ser honestos nos salva, a fome tomou conta dos nossos bairros, está fora de controle, alguém a dome, tiraste a nossa dignidade, te tornaste o espirito que ronda as nossas casas, vamos pagar mais impostos quem sabe tu somes.
Igrejas abarrotam os nossos barros, Ó Deus agora nos alimentamos pela fé!!!

Mais do que a fome esses pensamentos me matam.⁠

Inserida por Guellor1996

Bem vindo, inverno!

Uma linda estação chegou!

Apesar do sono e fome dobrados, da indisposição e da carência que o inverno me remete, eu sou apaixonada por ele.

Inserida por JaneSilvva

⁠HERESIA

Te engulo como quem já morreu de fome. Com os olhos cerrados na vertigem do teu cheiro. Te tomo como anjo que escolhe cair não por pecado, mas por desejo de habitar tua alma, como quem entra sem pedir licença, nu de si mesmo.
Sou ausência que arde sob tua pele. Memória do toque mesmo sem o toque. O silêncio entre nós virou idioma. E tua respiração, confissão.
Cometemos a heresia da carne como quem reza com o corpo. Sem culpa. Sem o peso dos que condenam.
Te envolvo sendo, às vezes febre, às vezes brisa. Num abraço onde o mundo silencia e só resta esse instante: nós. Em transe. Em verdade. Em tudo que não nos cabe.
Se há uma força nisso, é aquela que dilacera e acalma. Que fere com ternura. Que transforma a heresia do desejo carnal em uma forma de permanecer, mesmo quando os corpos se afastam.

Augusto Silva

Inserida por augusto_silva_1

⁠Pastor





Fui pastor de ovelhas sim!
Ovelhas que tinham fome!
Fome! Fome! Fome! Fome!...
Mas de carne e de carne de homem, enfim.


Não fome, dessa verdade!
Que deviam ter, dela fome!
Mas comeram, carne de homem.
E isto sem ordem e com desordem!


Por isso, me comeram!
Me mataram;
Meu sangue, beberam!


Mas eis que, me dará vida, um pois, que pastor.
Que vem e a quem, mal fizeram!
Mas ele venceu e eu vencerei, com ele, o Senhor!

Inserida por Helder-DUARTE

⁠Vejam só o que o Homem está fazendo com a Natureza. Quanta fome os animais silvestres estão passando. Vocês não se importam com isso?
Destruir a Natureza é destruir a nós mesmos. Nós só existimos por causa dela, da Natureza, viemos dela. E tudo que temos de bom é ela quem nos dá.
A Natureza é fundamental para a nossa existência. Não sobreviveríamos com uma Natureza artificial. Somos humanos, não somos seres artificiais.

Inserida por reconceituando

⁠A fome vai além da produção e do desperdício de alimentos. É uma questão de consciência ambiental, da desigualdade social, improbidades administrativas e de educação financeira.

151122

Inserida por J6NEMG

avazera;


farto, sem fome.
taças de cristal
transborda cianeto.

cobro juros
da água benta,
penhoro a hóstia,
pago até
meus 10%
para comprar casas no céu—
e os anjos trancarem as portas.

o amor? em leilão.
parcelo afeto,
cobro taxa
por abraços.
não devolvo,
mesmo emprestado —
são meus.

engulo moedas,
asfixio-me com níquel,
tossindo sangue
e centavos.
cheques sem fundo,
cheios de zeros—
cheios mág00000as.

peso ouro
na balança,
mas minha alma,
ainda segue:
com Rayban escuro
e carro importado,
minha falência
espiritual.

nos bolsos pesam
cédulas pretas,
alianças sem dedos,
e mendigos sem nome.

notas falsas
não compram vida,
mas Caronte aceita
cem dólares.

mesmo assim,
não entro no barco—
ele sabe:
não pagaria.

mas comprei terreno,
e construí mansão.
no meu gigantesco
umbral dourado.



Inserida por rodriguesnutshell

‘ÁLCOOL’

Às cegas, a cozinha definha.
Sozinho, a madrugada consome.
O gosto de vodca tem fome.
Paredes anunciam rotinas.

No estômago, a água declina.
Desequilíbrio a cabeça tortura.
Na vida, tudo amargura.
Vulneráveis pernas toxinas.

Metafísica a cadeira suporta.
Reflexos viajam no fardo.
Não atendera vozes de portas,
Ou sentimentos desesperados.
O vazio fingiu-se, desbota.
O álcool ficara calado!

Inserida por risomarsilva

'TENHO FOME'

O café da manhã não compreende tua falta.
E o almoço,
mero esboço,
repulsa desagradável pelos olhos.
Mesa farta,
e tantos outros tormentos...

Olhar irreflexivo por entre a cozinha abarrotada,
limitada a devoções diárias,
exoráveis.
O estômago,
tritura os inacabáveis espectros ao anoitecer,
criando imagens repetidas...

Martírio zumbidos soando canções aprazíveis,
nuvens carregada pelos ventos.
Pássaros sem moradas,
novas melodias.
Sou sentimentos perdidos na sacada,
manhãs intermináveis...

Tenho fome do infinito,
do abraço colorindo a alma em descobertas.
Da voz suave que perfura uma vida nos seus mais imprescindíveis sentidos.
Fome de você,
transitiva,
aniquilando significados vãs...

Inserida por risomarsilva

'SINTO FOME'

A fome tem gosto queimadura,
e queima a alma.
Grunhido latente apregoando penúria.
A missa ainda reza aos órfãos,
pobres nas calçadas!
Olhares martírios,
e tantas outras melancolias...

Urubus Garbosos,
- mirando pasmos entre si -
pulverizando o divino pernil jogado.
Sublinhadas orações passadas,
alertando o sino amordaçado:
é hora de avocar!
Mendigar acenos...

A luz penumbra,
lembra indumentários,
- e uma cama quentinha! -
Escuridão, escuridão!
Porquê embrulhas o tempo indelével?
Tempos de fome,
sonhado nas portas das igrejas...

Fome na espinha!
A triste viúva e seus rosários,
sem revindas no caminhar matinal.
O contemporâneo-bicho-papão,
e suas rezas não vindas.
Excêntrico que assusta,
fome de arrimos...

Inserida por risomarsilva

'JANELA II' - [Fragmentos...]

Bebe-se uma tequila,
a fome é lembrar dela:
pobre vida!
Na madrugada ornamentando sequelas.
Recriando canções,
há de se sonhar com elas,
bravejando capelas,
sons oblíquos,
imensidão que não se vê.
A janela só tem sentido fechada...

Inserida por risomarsilva


CANTO DA PAZ Berlim/DDR 08/1974
E canto a fome, as dores do meu povo.
Canto o trinar do mudo sabiá,
A rouquidão de sonhos destruídos,
A luz,
O ser,
O trabalho criador.
Meu canto é imagem, futuro realidade,
Presente agreste à semente do amor,
Sofrer de um povo traído e humilhado,
O chumbo,
A crise,
O ódio destruidor.
Eu canto o som, da sombra da mangueira,
Que o ninho vela com verde e cálido olhar,
Sacia a sede de terra amargurada,
A flor,
A vida,
O feto do amor.
Eu canto a guerra, sovinas e chicanas,
Canto o detrito das bombas redentoras,
Buscam poder, pimpando a ferro e fogo,
O vazio,
A solidão,
O verme em estertor.
Eu canto o povo unido em uma só voz,
De punho erguido, opõem-se ao miserável,
Lutam uníssonos, sob uma só bandeira,
O sol,
A chuva,
O mundo sem senhor.
Eu canto a luta, vigor e a batalha,
Dos dois opostos, e um há de morrer,
Seus próprios vermes o devorarão,
O sangue,
A morte,
O nutrido ardor.
Eu canto o afago das asas da esperança,
Canto o sorriso do fogo adormecido,
De se livrar, no canto da vontade humana,
Os eus,
Os nós,
A vida p’ro amor.
Eu canto com cantos, versos e bailados,
Pintando o aroma de sua silhueta,
Eu canto ao longe a tinta o pincel,
Eu canto o homem,
Sua obra,
Eu canto a paz.

Inserida por ARUTANACOBERIO

DE VIVER

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Não de fome ou doença; desprezo; abandono;
solidão nem desgosto; acidente; homicídio;
nem de raiva, paúra ou envenenamento;
por um mal de momento, arrastada saudade...
Pode ser por idade, mas feito quem pousa;
feito quem fecha os olhos ao abrir as asas
ou brotar pra dizer que chegou e já vai,
como a pétala cai; bem feliz; pois foi flor...
Ninguém morra de amor, num campo de batalha,
pelas horas sangradas no trabalho escravo
e por falha da lei, uma bala perdida...
Não de causas que nunca serão descobertas,
de feridas abertas, overdose ou porre;
só há honra em quem morre de vida vivida...

Inserida por demetriosena

FOME & FOME

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Comerei sem parar,
porque comer
(para ser sincero),
é aquela metáfora
da poesia
sobre o que mais quero...

Inserida por demetriosena

FOME

Demétrio Sena, Magé – RJ.

Se quero comer carne,
só serve carne.
Nada mais me sacia
ou me acalma...
Nem o prato mais bonito;
a panela mais cheirosa...
repleta em alma.

Inserida por demetriosena

AQUELE QUERER

Demétrio Sena, Magé - RJ.

Tenho fome das fomes que já tive,
minha sede de antes me dá sede,
pois a rede repousa o corpo inerte,
mas me cansa o sossego indefinido...
Sinto falta de abismos e vertigens,
muita falta das faltas que não sinto,
minto a esmo verdades inventadas
sobre como alcancei a minha paz...
Quero aquele querer sem tino e prumo,
retomar incertezas do passado
para mais uma vez não ter futuro...
Meu escuro e meus saltos desmedidos,
minhas cismas e o velho desconforto;
este porto seguro é fim de linha...

Inserida por demetriosena

⁠ESCRAVO DE NÃO SER ESCRAVO

Demétrio Sena - Magé

Já tive a fome como a minha escolha,
quando meu cardápio era ter fome ou ser livre.
Quando ter comida e ter também liberdade
não caberiam na bolha do meu mundo...
Na verdade, optei por comer poesia,
por ter as artes como sobremesa,
se a mesa não podia ser variada;
era isto ou aquilo, na barriga ou n'alma...
Hoje como ensopado de cultura,
já tendo alimentado bem o corpo...
não cato mais tanajura pra ter "carne"...
poesia é meu emprego, as artes complemento.
Meu alimento é graças à teimosia
de querer me manter de ambas as formas.
Compro meu vestuário, embora modesto,
com o que "não dá camisa pra ninguém";
não disse amém à receita desumana
de suor e de sangue para ter comida;
da lida insana que os exploradores ditam.
Fui um bravo sem nome; sem escudo;
devo tudo a ter escolhido a fome,
quando a fome queria me tornar escravo.
... ... ...

#respeiteautorias É lei

Inserida por demetriosena