Pessoas Boas Dormem bem
EU SOU A POESIA...
Debruçada no papel
De noite, lua e estrelas
De dia, teu favo de mel
A mergulhar em cheiro
No pomar de flores no céu.
Eu sou a poesia...
Sinônimo que tira o teu sono
na efêmera madrugada
te levando ao êxtase
do mais intenso prazer.
Eu sou a poesia...
Que ludibria os teus sentidos
E em algumas doses de vinho
Embriago a tua alma
E viro musa no paraíso.
Eu sou a poesia...
Que ao se despir pra ti
Transforma o teu olhar
E fala com o teu corpo
No insensato pensar.
Eu sou a poesia...
Que te faz dormir
No acalanto dos seios
Cobrindo o perene amor
Dos dias forasteiros.
Eu sou a poesia...
Que arranha os teus versos
Beijando-te em palavras
Vorazes, completas
Em poema, derramadas.
Eu sou a poesia...
Que ao acordar te faz poeta
De rimas, versos e estradas
Dantes vida jamais trilhada
Nas vias da tua jornada.
(Celeste Farias, BH, 20/11/2013)
Parece-me que a natureza trabalhou para ingratos: somos felizes, mas os nossos discursos são tais que parecemos nem sequer suspeitar disso. No entanto, encontramos prazeres em toda a parte: estão ligados ao nosso ser, e os pesares não passam de acidentes. Os objetos parecem em toda a parte preparados para os nossos prazeres: quando o sono nos chama, as trevas nos aguardam; e, quando acordamos, a luz do dia nos arrebata. A natureza é enfeitada de mil cores; os nossos ouvidos são lisonjeados pelos sons; as iguarias têm gosto agradável; e, como se a felicidade da existência não fosse suficiente, é ainda necessário que a nossa máquina precise de ser incessantemente reparada para os nossos prazeres.
A maioria de nós não sabe o que está buscando.
A maioria de nós vive entorpecidamente na ilusão de ser apenas aquilo a que se está condicionado momentaneamente a ser.
A maioria de nós sente um vazio tremendo e mesmo tendo todos os indícios de que algo está errado, simplesmente ignora e continua agindo e existindo como um robô na configuração automática.
A maioria de nós nem sabe que está dormindo, a não ser que uma pane no sistema demonstre enfaticamente que as configurações atuais estão obsoletas e autodestrutivas.
Mesmo assim, muitas de nós ainda escolherão voltar às ilusões quando o processo de manutenção acabar.
Nota 6:00 Horas
No silêncio da madrugada
Lembro do som da sua risada,
Lembro das nossas piadas e as gargalhadas.
Lembro das caminhadas,
Do seus toques e as olhadas.
No silêncio que me consome,
Me viro e reviro na cama ,
Mas os pensamentos não somem.
O sono não vem,
E as lembranças me consomem.
Às 3:00 horas já se foi faz um tempo,
E já clareou la fora.
Se multiplicar por 2 são exatamente agora,
São 06:00 horas.
Depois de perder meu irmão, tive um tempo difícil. Então tomei uma decisão. Disse a mim mesmo que viveria uma vida na qual eu não teria que perder ninguém. Não viveria uma vida divertida. Viveria uma vida na qual eu não sonharia com o futuro. Desde então, nunca tive uma noite de sono confortável. Nunca fiz piada, nunca toquei piano e nunca amei ninguém. Até você pousar no meu mundo um dia. Era assim que eu vivia.
Ok.
durma bem…
...enquanto me perco às veredas da insólita insônia que me assola a mente dispersa e indisciplinada, que vaga por caminhos tortuosos alimentados pela incerteza, carente da imagem do teu sorriso cuja resplandecência, assás indelével que és, ladrilha a abóbada celeste com o brilho de mil diamantes, alimentando tamanha inveja que nem mesmo Da Vinci seria capaz de reproduzir nos áureos tempos do Renascimento.
à minha frente
tantas possibilidades
e esta incapacidade premente
de apenas estar no vazio corrosivo
explodindo neurônios
e sentimentos profundos na aparência
vagos na essência
um estado constante de estupefação
sem nexo
sem providência
sem ação
é como se eu deixasse para viver
amanhã
no amanhã
os significados esperam
os olhos humanos
e eu, teimosamente, não os deixo
existir por dentro
a lava do vulcão escorre e transforma
tudo
ideias
sonhos
projetos
em lamento
apenas meus ouvidos escutam
um som inconfundível e mordaz
sua nota reverbera em estribilho e passa a ser
minha
companheira
e juíza
repetida. repetida. repetida.
golpe hipnopédico
como um barulho silencioso e paralisante
como uma pedra engastada
na garganta
o perene não fazer
não existir
não ver
fingir
e deixar para depois
quem sabe…
[ainda são 7 da manhã
e quantas vezes já pensei em fugir?]
De todos os lugares que existem dentro de mim, alguns só me atrevo acessar nos sonhos, pois assim, com a cobertura do sono, posso olhar com mais imparcialidade a maneira que me sinto...e tentar lidar com isso.
ESPERTINA (soneto)
O cerrado está frio, lenta é a hora
É tarde da noite, o vento na vidraça
Pendulando o tempo, tudo demora
E o relógio, em letargia não passa
A espertina virou no dormir escora
Tento escrever, mas a ideia está lassa
A vigília do olhar não quer ir embora
Viro, e reviro no liso lençol de cassa
Dormir? O sono no sono faz ronda
O frio na minha alma faz monda
E o adormecer em nada me abraça
Que insônia! O sino da igreja já badala
O galo da vizinha o canto já embala
E o sol pela janela a noite ameaça!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Julho, 2016
Cerrado goiano
Que junto com as estrelas se acenda a luz da paz, trazendo descanso para a sua mente e tranquilidade para o seu coração. Boa Noite!
Tornei-me imensamente grata desde que me dei conta que, uma noite a mais sempre traz um dia a menos.
Chega a noite e a lua me veste com seu lume E vestida de luar caminho entre sonhos e olhares de estrelas repletos de brilho; entre nuvens e nebulosas cheirando a sorriso de anjo. Ao longe vejo serafins risonhos espalhando o orvalho da noite nas campinas, vales e serras, para apagar as pegadas de tudo que deve ser esquecido durante a noite. E assim acordo: com esse brilho no olhar, um sorriso bobo nos lábios e um dia novinho pra viver.
Bendita noite, que além de me presentear com o espetáculo do crepúsculo, ainda semeia estrelas no meu céu e enche de luz os sonhos meus.
O sol vai se afastando de forma quase imperceptível até tornar-se uma tímida réstia de luz entre as nuvens; com ele os olhos vão pesando e as pálpebras devagarinho se fechando; o coração vai serenando, a respiração se acalmando e corpo ficando leve, leve, muito leve até que o sinto flutuar no universo mágico dos sonhos.
Fecham-se as cortinas do dia para o suntuoso espetáculo do sol. Mas o grande show não termina com a despedida do astro; por trás do rendilhar de cores do acaso surge esplendorosa a lua sob o aplausos das estrelas e o olhar curioso dos anjos toda vestida de prata.
Que ao findar desse dia, somente o cansaço nos vença! Que a nossa fé se fortaleça e a gratidão prevaleça.