Pensadores Alemães

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⁠Quando o amor se dedica a um único ente, atinge então uma tal intensidade, um tal grau de paixão que, se não puder ser satisfeito, todos os bens do mundo e a própria vida perdem o seu valor.

Arthur Schopenhauer
As dores do mundo. Lebooks Editora, 2020.

Devemos encarar com tolerância toda loucura, fracasso e vício dos outros, sabendo que encaramos apenas nossas próprias loucuras, fracassos e vícios. Pois eles são os fracassos da humanidade à qual também pertencemos e, assim, temos os mesmos fracassos em nós. Não devemos nos indignar com os outros por essas fraquezas apenas por não aparecerem em nós naquele momento.

A dor profunda que é sentida pela morte de cada alma amiga tem origem no sentimento de que existe algo inexprimível em cada indivíduo, peculiar a ele próprio, e está, portanto, absoluta e irremediavelmente perdido.

Arthur Schopenhauer
Parerga e Paralipomena

Pois o que alguém é por si só, aquilo que o acompanha na solidão e que ninguém pode lhe dar ou dele tomar, é evidentemente mais essencial para ele do que tudo que ele venha a possuir ou também a ser aos olhos dos outros.

Quanto menos, por condições objetivas ou subjetivas, alguém tiver necessidade de entrar em contato com as pessoas, tanto melhor passará.

Um exercício principal da juventude deveria ser aprender a suportar a solidão; porque ela é uma fonte de felicidade, de paz de espírito.

“Imaginemos, por um instante, que a humanidade fosse transportada a um país utópico, onde os pombos voem já assados, onde todo o alimento cresça do solo espontaneamente, onde cada homem encontre sua amada ideal e a conquiste sem qualquer dificuldade. Ora, nesse país, muitos homens morreriam de tédio ou se enforcariam nos galhos das árvores, enquanto outros se dedicariam a lutar entre si e a se estrangular, a se assassinar uns aos outros.”

A sociabilidade também pode ser considerada como um mútuo aquecimento intelectual dos homens, parecido ao produzido corporalmente quando, em ocasião de frio intenso, eles se juntam bem perto uns dos outros. Mas quem tem bastante calor intelectual em si não precisa de tal agrupamento.

Toda a sociedade exige necessariamente uma acomodação mútua e uma temperatura; por conseguinte, quanto mais numerosa, tanto mais enfadonha será. Cada um só pode "ser ele mesmo", inteiramente, apenas pelo tempo em que estiver sozinho.

A vida humana, pois, passa-se toda em querer e em adquirir. O desejo, por sua natureza, é dor: sua realização traz rapidamente a saciedade: o objetivo não era mais que uma miragem; a posse mata todo encanto; o desejo ou a necessidade de novo se apresentam, sob nova forma: se não, é o nada, é o vazio, é o tédio que chega.

Os mesmos acontecimentos, ou situações exteriores, afetam de modo diverso cada pessoa e, em igual ambiente, cada um vive num mundo diferente.

Portanto, para vivermos entre os homens, temos de deixar cada um existir como é, aceitando-o na sua individualidade ofertada pela natureza, não importando qual seja. Precisamos apenas de estar atentos para a utilizar de acordo com o permitido pelo seu gênero e pela sua condição, sem esperar que mude e sem condená-la pura e simplesmente pelo que ela é. Eis o verdadeiro sentido do provérbio: “Viver e deixar viver”.

Cada um deve ser e proporcionar a si mesmo o melhor e o máximo.
Quanto mais for assim e, por conseguinte, mais encontrar em si mesmo as fontes dos seus deleites, tanto mais será feliz.
Com o maior dos acertos, diz Aristóteles: A felicidade pertence aos que se bastam a si próprios.
Pois todas as fontes externas de felicidade e deleite são, segundo a sua natureza, extremamente inseguras, precárias, passageiras e submetidas ao acaso; podem, portanto, estancar com facilidade, mesmo sob as mais favoráveis circunstâncias; isso é inevitável, visto que não podem estar sempre à mão.
- Arthur Schopenhauer

DOS FEITOS E DAS OBRAS:
Dos feitos, fica apenas a lembrança, que se torna cada vez mais fraca, deformada e indiferente e deve, aos poucos, apagar-se a não ser que a História a registe e a entregue à posteridade sob forma petrificada; ao passo que as obras elas próprias são imortais e podem, especialmente as escritas, desafiar o tempo. De Alexandre o Grande vivem o nome e a lembrança; porém Platão e Aristóteles, Homero e Horácio ainda estão aqui eles próprios, a viver e a agir diretamente.”
(Aforismos para a Filosofia)

Ainda mais absurda é a teoria de que o Estado é a condição da liberdade moral e, dessa forma, a condição da moralidade. A liberdade reside além dos fenômenos e, na realidade, além das disposições humanas. Conforme vimos, o Estado dificilmente é dirigido contra o egoísmo em geral. Ao contrário, ele surgiu através do egoísmo e existe apenas para favorecê-lo. Esse egoísmo sabe muito bem onde reside seu interesse máximo. Ele procede metodicamente, renunciando ao limitado ponto de vista individual em favor do ponto de vista universal, tornando- se, dessa forma, o egoísmo comum a todos. O Estado é, portanto, criado na suposição de que seus cidadãos não se comportarão de acordo com a moral — ou seja, não escolherão agir de modo correto por razões morais (isto é, para o bem de todos). Pois, em primeiro lugar, se esse fosse o caso, não haveria necessidade do Estado. Assim, o Estado, que pretende promover o bem-estar de todos os cidadãos, de modo algum é orientado contra o egoísmo em geral. É orientado apenas contra a multiplicidade de egoísmos particulares e seu efeito deletério sobre o egoísmo coletivo, que deseja o bem-estar comum.

Livro: "O mundo como vontade e representação"

Às vezes é possível desvendar, com muito esforço e lentidão, por meio do próprio pensamento, uma verdade, uma ideia que poderia ser encontrada confortavelmente já pronta num livro.
No entanto, ela é cem vezes mais valiosa quando obtida por meio do próprio pensamento. Pois só então ela é introduzida, como parte integrante, como membro vivo, em todo o sistema de nossos pensamentos, estabelecendo com eles uma conexão perfeita e firme, sendo entendida com todos os seus motivos e as suas consequências, adquirindo a cor, o tom e a marca de nosso modo de pensar.

O tempo estritamente reservado à leitura, seja ele concedido exclusivamente para a obra dos grandes espíritos. Somente estes formam e instruem de verdade.

Uma vida feliz é impossível: o máximo que o homem pode atingir é um curso de vida heroico. Este o possui aquele que luta por um bem destinado a todos contra dificuldades gigantescas, vencendo por fim, mas recebendo pouca ou nenhuma recompensa por seu esforço.”

O mundo como vontade e representação, propõe um sistema metafisico em que a vontade é vista como essência do universo e da existência. O prazer, assim, não seria mais do que a satisfação passageira do desejo,ou seja, a breve negação da vontade, que logo se recomporia e imporia de novo a dor da insatisfação. Por isso, a filosofia de Schopenhauer é considerada um modelo de pessimismo.

Pois é como se uma maldição pesasse sobre o dinheiro: todo autor se torna um escritor ruim assim que escreve qualquer coisa em função do lucro.