Pedro Bandeira - Identidade
Porém se por virtude alguém decida
Ler algo que escrevi na etérea vida
Nos olhos de outro alguém vou renascer
A depressão é como um bolo, é resultante da mistura de várias dores. E como é doce a terrível dor da depressão.
Criou-me, desde eu menino,
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Ontem sonhei com você, foi tão lindo que acordei sorrindo .
Meu corpo ferve só de olha para você meu querido, e quando você pega no meu cabelo e me domina na cama nossa.
Tenho prazeres com você, que nunca tive com ninguém.
Acordei sem criatividade
e o q me resta é passear nessa cidade.
Pego minha bike azul marinho. E vou…
Descendo essa ladeira. Eu vou…
Queria te encontrar pelo caminho, seria tão bom, mas eu vou
Pelas ruas das mangueiras, minha cidade morena. Rodeada por paisagens tão belas. Eu vou…
E por alguns minutos fico sentada aparentemente, tranquila.
Te encontro, observo e você nem percebe, no entanto essa é a ideia.
O meu olhar de soslaio, disfarço.
Mas o seu pescoço, delicado…
Fico admirada com você deitada
nesse gramado úmido de lágrimas brilhantes…um vício
…
Seguindo no meu caminho
sinto o vento entrando nos poros do meu corpo e as árvores continuam
agitadas…gosto de vê o seu rosto
Amor!
Tantos sorrisos por aí e você querendo o meu
Tantos olhares me olhando e eu querendo o seu
Eu não duvido não, e não foi por acaso
Se o amor bateu na nossa porta, que sorte a nossa
Ai ai ai ai
Que sorte a nossa
Ai ai ai ai
Que sorte a nossa
Às vezes escrever poemas me cansa,
Ainda mais agora que ando cheio de problemas.
Mas eu sempre estive cheio deles,
Porém isso nunca me impediu de escrevê-los.
Pessoas vão e vem, mas... ela não.
Ela ficou na minha mente,
E não consigo esquecer ela.
E novamente me vejo em mais uma madrugada escrevendo,
Querendo apenas um pouco de sossego.
Eu até tento te esquecer,
mas é impossível assim como
O tempo se recusar a passar.
Eu escrevo para te lembrar
Escrevo para te esquecer
Escrevo para me livrar de você
Escrevo para te ter de volta
Mas no final nada vai mudar.
Você não está aqui, e eu nunca mais vou te ver
Então eu continuo escrevendo,
Para que a minha dor não me consuma
Sempre que eu elaboro um poema eu penso que escrevo sobre amor mas só escrevo a dor que há aqui dentro, mas eu não aguento
É tanto sofrimento escrever a uma pessoa que não me ama, isso soa engraçado, me sinto frustrado por ter toda a coragem em escrever
Mas na hora de ler o poema para a amada pessoa a coragem vai embora como a noite passa
E toda noite que se passa eu me julgo e me sinto culpado por não ter a coragem de me declarar para a mais perfeita pessoa que já passou pela minha mente
Despertar sem passado
Em tuas mãos suaves
Deposito
Meu coração cansado.
E quero, adormecido
No sonho bom
De teu semblante
Despertar sem passado.
Tarde de chuva sou um dos poucos transeuntes que não tem um guarda-chuva. Quero chuva pra limpar a minha alma e acalmar o meu corpo. São raras as pessoas que querem se molhar e estão sempre a procura de abrigos. Eu porém quero chuva
Poema de Finados
Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.
Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.
O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.
Para cada casa edificada sobre areia que tiveram suas quedas, existirá sempre uma Rocha para reconstrução.
Escusa
Eurico Alves, poeta baiano,
Salpicado de orvalho, leite cru e tenro cocô de cabrito,
Sinto muito, mas não posso ir a Feira de Sant'Ana.
Sou poeta da cidade.
Meus pulmões viraram máquinas inumanas e aprenderam a respirar O gás carbônico das salas de cinema.
Como o pão que o diabo amassou.
Bebo leite de lata.
Falo com A., que é ladrão.
Aperto a mão de B., que é assassino.
Há anos que não vejo romper o sol, que não lavo os olhos nas cores das madrugadas.
Eurico Alves, poeta baiano,
Não sou mais digno de respirar o ar puro dos currais da roça.
Sob o céu azul, ou da boca, sentir o gosto do mel puro e quente a me invadir, fechar os olhos e perceber que enquanto ele escorre em meus lábios o sob se tornou sobre pois sou capaz de sentir as nuvens a tocarem os meus pés, numa sensação de liberdade e do mais puro prazer.
O pardalzinho nasceu
Livre. Quebraram-lhe a asa.
Sacha lhe deu uma casa,
Água, comida e carinhos.
Foram cuidados em vão:
A casa era uma prisão,
O pardalzinho morreu.
O corpo Sacha enterrou
No jardim; a alma, essa voou
Para o céu dos passarinhos!
.....E eu que há muito não
sorria,
feito alguém louco escancarei
gargalhadas ao te ver
chegar...
Meus olhos mergulharam em teu
olhar, e desde então, por aqui
tudo se fez onda,
imenso mar!
Sônia Bandeira
31/01/2021
