Pedro Bandeira - Identidade

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Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Bandeira

Nota: Trecho do poema Arte de Amar.

Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
— Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M., Libertinagem, 1930

Não me importo quantas vezes vou cair, eu continuo tentando.

Será que você não entendeu ainda ?’ eu não sirvo para segunda opção.

Nada como se deliciar com um café
a beira de uma janela ou varanda
Degustar os sabores da vida,
Recheados com uma nova esperança...

Não é RAIVA meu bem,é decepcionada por ter descoberto que és tão falsa,por ter visto que aproveitastes do meu ponto fraco,que para ti eu falei,e me atingistes. Ass Iêda Bandeira

Noite estrelada
São teus olhos em meus olhos.
Brilho no olhar: são estrelas a dançar
Sob a música de cálidas brumas
Sopro suave, ar quente que foge de teus lábios
Entregas, sem pudor, o que sentes por mim
Inebriante desassossego
São teus lábios em meus lábios
Bebe da fonte etérea do meu ser
O que, por hora encontra-se em partes,
Anseia completamente ser completo

A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M., Estrela da Vida Inteira, Poesias Reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973

Duas pessoas
Um sonho
Duas vidas
Um encontro
Duas almas
Há tempos separadas
Pelo curso de um rio chamado Destino
Um amor antigo?
Um amor futuro?
Atemporal? Impossível? Especial?
Seja o que for que o caminho lhes reserva
Aguardam...
Um encontro em fim
Talvez apenas um breve instante sem fim.

Eu faço versos como quem chora...
Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira

Nota: Trecho do poema "Desencanto"

Ele: O que te faz feliz?

Ela: Me faz feliz saber que você existe, mesmo não sendo meu, saber que voç ta bem, ouvir a tua voz, ver seu sorriso, ver seus olhos a me olhar. isso são pequenos atos que me fazem feliz.

Um claro sonho
vagou noite adentro

Sua presença, doce companhia,
deixou marcas de perfume
em minha memória
eternizou toques de veludo
em minhas mãos
suavizou sedas de lençóis
em minha pele.

Entre cada sim,
perderam-se todos os nãos.

E o que ficou de mais belo
foi um infinito sussurro,
pleno amor ecoando
entre os vãos
de nossas almas.

Marcia Bandeira

Pessoas que não notam que vc está sendo irônica, não estão preparadas pra enfrentar a vida

Deus me fez um coração intenso
que pulsa, ama e chora
Deus me fez um coração presente
que espera, permanece ou volta
Deus me fez um coração amigo
que escuta, conforta e apoia
Deus me fez um coração antigo
que sangra, cicatriza e recorda
Deus me fez um coração sensível
que sente, vibra e toca
Deus me fez um coração valente
que enfrenta, dói, mas suporta
Deus me fez um coração pequenino
Que esquece, perdoa e ora
Deus me fez um coração repleto
Que deseja, se espalha e adora!!!!

Que as cores nasçam pelo caminho
das almas perfumadas de flores.
Que a alegria seja a primeira a nos atingir
pelo sorriso de um amigo.
Que a amor encante nossos corações,
eterna música!
Que a paz desça sobre nós
sereno da noite, orvalho das manhãs.
Que a paciência seja brisa que acalma
calor intenso e errante.
Que a perseverança seja nossa guia
nas trilhas abertas pelos sonhos.
Que a vida seja sempre vivida,
milagre puro, divino!

...Eu faço versos como quem chora
De desalento, de desencanto...
Fecha o meu livro se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto...

Noite Morta

Noite morta.
Junto ao poste de iluminação
Os sapos engolem mosquitos.

Ninguém passa na estrada.
Nem um bêbado.

No entanto há seguramente por ela uma procissão de sombras.
Sombras de todos os que passaram.
Os que ainda vivem e os que já morreram.

O córrego chora.
A voz da noite...
(Não desta noite, mas de outra maior.)

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M., Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Cia. José Aguilar, 1967

Cantiga de Amor

Mulheres neste mundo de meu Deus
Tenho visto muitas — grandes, pequenas,
Ruivas, castanhas, brancas e morenas.
E amei-as, por mal dos pecados meus!
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!

Andei por São Paulo e pelo Ceará
(Não falo em Pernambuco, onde nasci)
Bahia, Minas, Belém do Pará...
De muito olhar de mulher já sofri!
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!

Atravessei o mar e, no estrangeiro,
Em Paris, Basiléia e nos Grisões,
Lugano, Gênova por derradeiro,
Vi mulheres de todas as nações.
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!

Mulher bonita não falta, ai de mim!
Nenhuma porém, tão bonita assim!

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M., Mafuá do Malango, 1948

Certas atitudes separam mulheres de vadias.

Hoje eu vou de los hermanos
Porque a fé me abandonou e eu sou condicional
Sou meio velha e meio moça, procurando sempre uma flor, um outro alguém, um último romance...
Hoje eu vou de Los hermanos e deixa estar pois ninguém é mais sentimental que eu. Mesmo que isso não me torne um cara estranho hoje eu vou de Los hermanos!
Vou me vestir de pierrot pra cantar mais uma canção, vou deixar o verão pra mais tarde, fazer uma nova descoberta e me despir de todo esse azedume
Vou ver além do que se vê e não vou me arrepender por isso pois faltam menos de onze dias pra eu voltar pra casa e hoje, quem sabe, alto aqui do sétimo andar, já não me sentirei mais tão sozinho, hoje eu encontro um par, pois veja bem, meu bem eu serei um vencendor!
Pois é, adeus você que fica e lê que eu vou farrear, a morena aqui, à palo seco, hoje vai de Los hermanos!"