Pássaros

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Inclua em seu amor todo o planeta, com árvores e insetos. Flores e pássaros. Mares, rios, oceanos.

Pessoas vem, mais tarde vão embora,
Umas um dia voltam, só para dizer que não retornarão mais. Outras ficam, mas pouco a pouco se tornam invisíveis aos olhos de quem a quer ver.
Talvez as pessoas queiram ser iguais aos pássaros
que migram a cada inverno em busca de lugares quentes e novos,
Sim, eles voltam um dia,
Mas, querido passarinho, saiba que quando você voltar seu ninho já estará ocupado ou simplesmente não estará mais ali.
É, Pessoas vem, pessoas vão
E eu, talvez nao esteja mais aqui quando você voltar.

Como cães numa roda, ou pássaros numa gaiola, os homens ambiciosos continuam a subir, com grande trabalho e incessante ansiedade, mas nunca chegam ao cume.

Flauta,
cascata de pássaros
entornando cantos úmidos.

Paz. Forte em ruínas,
E na boca de um canhão
Um ninho de pássaros.

Angelus. Dedos da brisa
nas teclas das folhas
adormecem os pássaros.

Entre pernas guardas:
casa de água
e uma rajada de pássaros.

O silêncio, sim,
interrompendo o canto
dos pássaros.

Sopra o vento
Pássaros correndo
Atrás de sementes

outubro
pássaros pousam
nas primeiras praias

Quer mesmo cuidar de mim naquela arena? Comece acreditando que eu realmente posso vencer.

São as coisas que mais amamos que nos destroem.

Percebe o quão rápido nos tornamos predadores? Percebe como a civilização desaparece num instante?

Existe uma bondade natural dentro de cada um de nós.

Mãe, quando eu comecei a escrever esta carta, usei a pena do carinho, molhada na tinta rubra do coração ferido pela saudade.

As notícias, arrumadas como perólas em um fio precioso, começaram a saltar de lugar, atropelando o ritmo das minhas lembranças.

Vi-me criança orientada pela sua paciência. As suas mãos seguras, que me ajudaram a caminhar.

E todas as recordações, como um caleidoscópio mental, umedeceram com as lágrimas que verteram dos meus olhos tristes.

Assumiu forma, no pensamento voador, a irmã que implicava comigo.

Quantas teimas com ela. Pelo mesmo brinquedo, pelo lugar na balança, por quem entraria primeiro na piscina.

Parece-me ouvir o riso dela, infantil, estridente. E você, lecionando calma, tolerância.

Na hora do lanche, para a lição da honestidade, você dava a faca ora a um, ora a outro, para repartir o pão e o bolo.

Quantas vezes seu olhar me alcançou, dizendo-me, sem palavras, da fatia em excesso para mim escolhida.

As lições da escola, feitas sob sua supervisão, as idas ao cinema, a pipoca, o refrigerante.

Quantas lembranças, mãe querida!

Dos dias da adolescência, do desejar alçar vôos de liberdade antes de ter asas emplumadas.

Dos dias da juventude que idealizavam anseios muito além do que você, lutadora solitária poderia me oferecer.

Lágrimas de frustração que você enxugou. Lágrimas de dor, de mágoa que você limpou, alisando-me as faces.

Quantas vezes ouço sua voz repetindo, uma vez mais: “tudo tem seu tempo, sua hora! Aguarde! Treine paciência!”

E de outras vezes: “cada dia é oportunidade diferente. Tudo que você tem é dádiva de Deus, que não deve desprezar.

A migalha que você despreza pode ser riqueza em prato alheio. O dia que você perde na ociosidade é tesouro jogado fora, que não retorna.”

Lições e lições.

A casa formosa, entre os tamarindeiros assomou na minha emoção.

Voltei aos caminhos percorridos para invadi-la novamente, como se eu fosse alguém expulso do paraíso, retornando de repente.

Mãe, chegou um momento em que a carta me penetrou de tal forma, que eu já não sabia se a escrevera.

E porque ela falava no meu coração dorido, voei, vencendo a distância.

E vim, eu mesmo, a fim de que você veja e ouça as notícias vibrando em mim.

Mãe, aqui estou. Eu sou a carta viva que ia escrever e remeter a você.

Entre as quadras da vida e as atividades que o mundo o envolve, reserve um tempo para essa especial criatura chamada mãe.

Não a esqueça. Escreva, telefone, mande uma flor, um mimo.

Pense quantas vezes, em sua vida, ela o surpreendeu dessa forma.

E não deixe de abraçá-la, acarinhá-la, confortar-lhe o coração.

Você, com certeza, será sempre para ela, o melhor e mais caro presente.

Adoro o cheiro das manhãs ensolaradas.
Com grama molhada e brisa no ar.
Pássaros cantando, cachorros correndo.
Um café no bule e um pão quentinho com manteiga.
Lembrar que é domingo e que não há compromissos.
E que tenho o dia inteirinho para eu me fazer feliz.

Você pode olhar para os pássaros
por horas,
mas nunca vai compreender
como a liberdade deles
é infinita,
pois você está trancafiado
dentro de
uma outra coisa,
e mesmos eles em suas
gaiolas limitados de
poder voar
são livres
de um jeito
que você
não é.

Mudança

Pessoas sonham por liberdade,
mas aprisionam pássaros.
Pessoas sonham por igualdade,
mas alimentam diferenças.

Pessoas sonham por pacificidade, mas criam guerras.

Só sonhar não adianta nada se não temos ação.
Entramos em contradição.

Deus nos deu o dom do pensamento.
Pratique o bem para evitar o sofrimento.

Faça a mudança do nosso mundo,
começando a mudar seu interior.

Encontre seus defeitos para corrigi-los.
Seja maduro corrigindo seus erros;
a maturidade se alcança com humildade.
Você precisa domar seu egoísmo.
No jardim da mente plante a bondade;
deseje o bem para ser abençoado,
e do céu cairá frutos da felicidade.
A luz que cura está na consciência.
Se você pode refletir será capaz de mudar;
pensar em mudar é o primeiro passo.
A mudança não acontecerá em um só dia,
a mudança não dependerá de uma só pessoa;
precisamos de todos os dias e todas as pessoas.
Se imortalizar é ter filhos faça um mundo melhor para eles.
Com amor ensine as crianças que somos todos iguais
e com fins diferentes.

Todos seres têm sua finalidade;
sempre respeite a todos para todos vivermos em harmonia
Em algum lugar não distante alguém precisa da sua mão.

Você pode salvar vidas.
O milagre está no seu coração;
mantenha acesa a vela da esperança.
Com fé faça essa mudança.

Nosso mundo está chorando para enxugar suas lágrimas.
Precisamos do dedo da mudança.

A aptidão que leva os homens a contruírem casas, é semelhante a que leva os pássaros a construírem seus ninhos.
Se os homens construíssem suas residências com as próprias mãos, e arranjassem alimento para si e a família de maneira bastante simples e honesta, quem sabe não desenvolveriam a faculdade poética e épica, cantando como fazem todos os pássaros quando assumem um compromisso dessa natureza?
Mas ai de nós! Agimos como Chopins e Cucos, que põe ovos em ninhos feitos por outros pássaros e cujas melodias não alegram o viajante...

Agora só espero a despalavra: a palavra nascida para o canto-desde os pássaros.
A palavra sem pronúncia, ágrafa.
Quero o som que ainda não deu liga.
Quero o som gotejante das violas de cocho.
A palavra que tenha um aroma ainda cego.
Até antes do murmúrio.
Que fosse nem um risco de voz.
Que só mostrasse a cintilância dos escuros.
A palavra incapaz de ocupar o lugar de uma imagem.
O antesmente verbal: a despalavra mesmo.

Manoel de Barros
BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011.

Nota: Retrato do artista quando coisa

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