Passado
Já quis voltar atrás, mas percebi que Deus só anda pra frente. Entregar o passado não é rendição, é reconhecer que há um caminho maior que nossas voltas. Olhar adiante é aceitar que alguns capítulos existem só para ensinar, não para reescrever.
Deus tirou-me do caos e deixou lembrança,
essa memória vira gratidão que não some,
o passado me lembra onde cresci e renasci,
gratidão vira mapa do meu novo começo.
O beijo de sua boca é o pergaminho que reescreve o meu passado, transformando todas as minhas cicatrizes em mapas para o seu abraço.
A coragem presente é o memorial erguido por todas as vezes em que o terror do passado falhou miseravelmente em nos quebrar.
O passado é meu pesadelo, a obsessão que me rouba o sono. O cerne é que o incômodo não reside no que foi minha experiência, mas na amarga certeza de que isso me corrói por dentro. Afinal, mesmo que o tempo nos concedesse a volta, nesse labirinto irrecuperável, eu jamais teria o poder de alterar o que se consumou.
O passado só tem poder sobre você se a sua memória for mais forte do que a sua vontade de seguir em frente.
É como se fosse um escombro sobre meus ombros sinto pesado, porque as ruínas do nosso passado nos pesam mais que o presente.
A morte vem rir do meu passado, mas o que ela não sabe é que as cicatrizes contam a história de um guerreiro que não se rendeu.
O passado só é um fardo se você insistir em carregá-lo, sua única utilidade deveria ser como cartografia dos erros.
O maior cárcere é a mente que insiste em viver no passado, enquanto o corpo é forçado a habitar o presente.
Há noites em que o passado é uma chuva lenta no rosto, cada gota desenha mapas de feridas que não cicatrizam. Ando pelas ruas da memória descalço, procurando um porto. Não encontro abrigo, encontro só sinais de onde fui naufragado. E aprendo a navegar com a fome como timão.
