Partida
tudo começou nos seus lábios
no primeiro beijo
e na forma como você disse que me amava pela última vez. e aí me avisou que estava indo
tudo começou nos seus lábios
e na forma como eles disseram adeus
uma linha reta
monótona
(o amor pode acabar)
O caminho é o mesmo
E os passos diferentes
Uns caminham devagar
outros apressadamente
o caminho tem vida
na terra batida
Hora encontro
Hora partida
Queria tanto ir te encontrar, mas nessa vida há uma missão a ser cumprida. Você cumpriu a sua, e eu estou a realizar a minha. Já aprendi que a morte dói, a saudade dilacera, o amor fica, que o sorriso pode ser superficial.
Aprendi que nem todos te amavam, e que alguns já até te esqueceram. Não os culpo... é preciso amor verdadeiro pra depois da partida permanecer.
Algo que já aprendi e levo até o fim da vida é que foi fácil te amar e é impossível te esquecer...
Não fujas
Tão tarde te vais, que agora já me perdi nos Momentos mais lindos, quase esquecei me da hora
Tu lembras quando nos conhecemos ?
Era tarde e já passava das onze mas onde tu mora era nascer do sol...
E antes que te vás deixe me lembrar do beijo que trocamos tão rapidamente, aquele dia estava um trânsito infernal, e quase perdi nosso encontro...
Foi tão especial e logo tu fostes e me deixaste no embarque aguardando os sonhos os planos os beijos os abraços, estarei aqui te esperando não fujas . Linda Vênus
Não quero relacionamentos mornos ou amores duvidosos, não sou metade para que me destrate, sua ausência me causou uma profunda saudade, mas também recordo da sua mediocridade.
É fácil admirarmos quem é intenso, mas não sabemos lidar com o imenso, é mais cômodo então dizer:
“eu ti dispenso”.
Você não soube lidar com minha complexidade mas eu amo minha intensidade.
É ela o que me faz encarar o mundo mais profundo, eu sou o acumulado de grandes variações de mim mesmo.
Sou amor, sou caos, sou o tudo.
Ninguém percebe quando partimos. Quero dizer, o momento em que realmente escolhemos partir. Na melhor das hipóteses você pode sentir um sussurro ou uma onda de sussurros ondulando subitamente.
Hoje, estou só.
E este estar só estava sendo solidão... mas hoje, transformei em solitude.
Estou só na posição do sentir, e do ir.
Do ir, e do sentir este ir, e irei só, e sinto... e este sentir, não é compartilhado. E este ir, tão menos.
Busquei, no outro, uma identificação, um sentir igual ao que eu estava sentindo, mas ao contrário.
E aí, encontrei solidão.
Eu tive frio, medo, e insegurança. Neste lugar de buscar, no outro, alguma semelhança e equivalência. Alguma aproximação, suporte e assistência.
Mas percebi que, assim como eu, o outro também está só. E se ele está indo, ou se está ficando, ele também está desacompanhado. Todos estamos.
Portanto, a identificação que tanto almejamos, está justamente em raciocinar e entender que, apesar das inúmeras histórias diferentes que estamos a construir,
Estamos todos nós e sem exceção, indo, vindo, ficando, ou partindo, a sós.
E, dentro deste raciocínio e consciência, encontrei-me com minha solitude.
E a solidão, pode então, partir de mim.
Estar a sós com a solidão é se sentir desabrigado de si e de todos.
Estar a sós com a solitude é estar desabrigado de todos, mas agasalhar-se a si mesmo.
É poder se abraçar e se compreender, e se acolher... é se aconchegar.
E para partir, foi preciso, algum dia, chegar.
E esta chegada também foi, anteriormente, partida de algum outro lugar.
E em todos estes movimentos, ir e vir, chegar e partir, ficar ou sair,
Nos encontraremos, primeiramente, com a solidão.
É como se, entre o lugar de partida e o lugar de chegada, houvesse sempre um deserto para atravessar.
Mas hoje, encontrei-me com a solitude deste momento. A solitude que mora em mim...
A solitude não é um oásis, pois é fonte interior.
É como ser cacto neste deserto a se atravessar.
O cacto, que simboliza resistência, força e adaptação,
É capaz de sobreviver a ecossistemas muito áridos e quentes,
como desertos, caatingas e cerrados.
O cacto representa proteção, além de ser um guardião.
Com seu exterior forte e um interior belo,
possui uma simbologia de fortaleza e persistência.
E um dia, quando possui água interior suficiente,
E forte luz exterior correspondente,
O cacto, finalmente, floresce.
A flor dele é a insígnia da sabedoria,
da prosperidade e da perseverança.
Representa a capacidade de enfrentar desafios
e a força interna para lidar com a solidão.
Para mim, é a mais fina expressão
Da beleza de uma sólida
solitude.
As vezes é preciso levar um tombo para levantarmos a cabeça e percebemos que a vida não é feita só de vitórias e sim também de derrotas!!..
Aos que um dia me magoaram e partiram, agradeço. Abriram vagas em minha mente e em meu coração. Aos que um dia eu magoei, peço perdão. Todavia, que as vagas também ocorram na mesma proporção. Afinal, atitudes humanas carecem de equilíbrio.
Dois de novembro
No silêncio íntimo que invade o Dia de Finados, a saudade se debruça. Ela não tem pressa, é senhora do seu próprio compasso. É o dia em que a ausência brinca de ser presença, quando os que partiram voltam, não em carne, mas em sopro, como se sempre estivessem apenas a um afago de distância.
Os túmulos não mentem. São declarações sem palavras de que o que foi vivido realmente existiu, confessando com a solidez do mármore que a vida é frágil e que o tempo é um rascunho rabiscado à pressa. Cada nome entalhado ascende, não como uma mera inscrição, mas como um feitiço sussurrado entre as frestas do esquecimento.
Nem toda ausência é tratada pelo tempo. O tempo não se compromete com permanências. Passa por nós sem desculpas, sem aviso, sem oferecer alívio. Quando alguém que amamos morre, morre também uma versão nossa. Deixamos de existir daquele jeito. É como ter sua casa assaltada por uma ausência. Por isso, não se deve apressar a dor de ninguém. No luto, não se questiona o amor por quem partiu. No luto, deixamos de nos amar, e voltar ao amor próprio demora. Deixe a pessoa doer.
O luto não passa; somos nós que passamos por ele. É um caminho de fragilidades. Não há como sair de uma dor caminhando. Precisamos engatinhar até voltar a firmar os pés novamente. E demora até que essa dor vire saudade. Demora até que essa saudade vire gratidão. A dor é solitária, e você tem todo o direito ao seu luto, mesmo depois da licença do outro acabar. Cada um tem seu tempo de digestão.
No murmúrio de uma prece, na chama vacilante de uma vela, reside a certeza de que, do outro lado do mistério, alguém sorri — os eternos hóspedes da eternidade. Hoje, flores são depositadas por mãos trêmulas de emoção. Mas não é o frescor das pétalas que importa, e sim o gesto. É flor de ir embora. É uma homenagem ao laço que nem a morte é capaz de desfazer.
"Louco é quem se contenta com o a alegria da chegada e esquece do prazer da partida. Louco é quem se contenta em ver somente até onde a vista alcança. É quem acredita que amores tem que ser eternos, quando eles só tem que existir. É quem se aquieta com seu lugar na fila da linha de produção, com o pão da padaria ou com o pastel da feira de domingo. Louco é quem se contenta comigo, com você. É quem se contenta com qualquer outra coisa que não seja consigo mesmo. Louco é quem se contenta com pouco."
Observação...
Interessante notar,
Ótimo de perceber,
Que a cada despedida
E que a toda partida,
Ao invés de afastar
Me aproxima mais
De você.
VERSOS E REVERSO
Retornei ao ponto de partida
Vou procurar por outra saída
Para este desenlace de amor
Mesmo que possa dar em dor
Vou estar na posição oposta
Qualquer que seja a proposta
De não esquecer o seu olhar
Ainda que eu esteja a lhe amar
Vou voltar a ser o que era
Sem ter que ficar na espera
Destas almas se entenderem
Transformadas em quimera
Meu coração vai ser o revés
De minha vontade, ao invés
De correr para seus abraços
Vou é estar em outros laços
Desmistifico nestes versos
O avesso de meus sonhos
Estes pesadelos enfadonhos
Pra harmonia que proponho
Não quero opor a verdade
Que hoje fala meu coração
Com toda sua ambiguidade
Pra não reverter à situação
Hoje eu quero o anverso
De um amor no reverso
Pois eu vou ter e mereço
Por um amor com apreço
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
sábado – 17/05/2008
Rio de Janeiro
