Palmeira poema
O vírus do desejo enferma-nos com a insaciedade. Infectados com este flagelo, nem toda fama do mundo é capaz de trazer o reconhecimento almejado, nem toda riqueza é suficiente para nos tornar prósperos, nem todos os prazeres podem aplacar nossas pulsões. Apenas indo além da superficialidade do ego encontraremos à cura, que desintoxica a mente dos desejos fugazes, desenvenena o coração da vaidade, desinflama a alma da intemperança e traz saciedade ao nível da consciência
Que a Vida lhe traga a sabedoria de discernir e compreender que mesmo a mais bela rosa possui seus espinhos, contrapartida, os espinhos por mais rústicos e perfurocortantes que sejam, camuflam em sua essência uma linda flor, que desabrochará em ocasião oportuna, mais precisamente na estação do amor.
Muitos dos que andam à "captura" não se aperceberam que foram capturados pelo espírito do tempo, mais precisamente conhecido como Zeitgeist.
Entendo, que o fenômeno religião é um anseio "perfeito", manifesto imperfeitamente. Esse desejo pelo desconhecido, peculiar nos entes humanos, levou-os à engenhosidade espiritual, muitos que experienciaram a suprema realidade tentaram recriar, ou relatar "topograficamente" o caminho que os levaram a tal experiência. Apegados a experiência e condicionados pela mesma, desenvolveram ritos, cerimônias e sistemas objetivando regressar ao útero Divino. O resultado deste anseio foi o que denominamos religião, fenômeno, que continuará a crescer pela simples falta de contentamento dos seres que desejam pluralizar e domesticar a singular experiência com o Mistério dos mistérios
Conhecimentos herdados condicionam a mente, adquiridos solidificam o ego, e os revelados transformam o ser.
Eu sou um rio que margeia livremente o curso existencial, cujas correntes ocultas norteiam com harmônica leveza seu caminho em direção ao oceano do Todo
Nenhum relacionamento sobrevive com imposições, acrescente regras e mais técnico se tornará o transgressor.
Conheci o inexprimível por meio dos Vedas, a fé por meio da Torá, o silêncio por meio da Doutrina de Buda, o amor por meio dos Evangelhos, a devoção envolta em poesia por meio do Alcorão, a sabedoria por meio dos sábios, místicos e profetas e o mistério por transmissão Divina alcançou meu coração sem a necessidade de palavras.
Os grilhões da libertinagem camuflam-se sob os ímpetos instintuais, seus elos por serem invisíveis dão uma falsa impressão de liberdade.
Quando a verdade penetra o âmago do ser, a cegueira é revelada e um modo sublime de abrir os olhos é descoberto.
Quando as nuvens dos pensamentos se dissipam, o céu límpido da consciência torna-se ensolarado pela compreensão.
Enquanto perdurar a arbitrariedade e a presunção de domesticar a Suprema Realidade, a religião em todas as suas manifestações gerara náuseas em minha alma.
Sou como um barco que margeia as fronteiras do desconhecido, sem se preocupar com os intempéries do porvir.
