Padre Fabio de Melo Cultivo
Poucos conhecem a grandiosidade e a importância das plantas, mas todos desfrutam de seus incontáveis benefícios.
Os méritos e as alegrias de hoje são exatamente o resultado do que plantamos e cultivamos constante e metodicamente no passado, nada a mais, nada a menos.
As ideias têm vida própria e crescem quando as cultivamos. O que acontece quando uma ideia perniciosa se instala na nossa mente?
Tudo em nossas vidas caminha para a desordem, assim como um jardim que deixa de receber os cuidados, logo, o nosso sucesso depende única e exclusivamente do quão bem lidamos com as coisas que impactam naquilo que queremos cultivar.
Odiar matemática, português ou outras matérias base e de formação intelectual é odiar a si mesmo através do cultivo de uma crença de incapacidade.
Quem cultiva ervas daninhas e tiriricas espirituais em sua árvore familiar é melhor comprar uma enxada de verdade para ter o que pensar, enquanto trabalha na horta da própria casa.
Botão de uma rosa,
início de uma superação,
em breve, ela será bela e formosa
exalando uma essência
de vitória
e seu cultivo não terá sido
em vão.
As mãos que cultivam flores, inevitavelmente ficam perfumadas. Mas, não mais do que as que as oferecem.
Meu Coração
Eu tenho um coração um século atrasado
ainda vive a sonhar... ainda sonha, a sofrer...
acredita que o mundo é um castelo encantado
e, criança, vive a rir, batendo de prazer...
Eu tenho um coração - um mísero coitado
que um dia há de por fim, o mundo compreender...
- é um poeta, um sonhador, um pobre esperançado
que habita no meu peito e enche de sons meu ser...
Quando tudo é matéria e é sombra - ele é uma luz
ainda crê na ilusão, no amor, na fantasia
sabe todos de cor os versos que compus...
Deus pôs-me um coração com certeza enganado:
- e é por isso talvez, que ainda faço poesia
lembrando um sonhador do século passado
Há muito tempo perdi o pássaro da minha vida; Fiz das minhas mãos gaiola para prendê-lo; Mas parecia não mais possuir dedos pra contê-lo; E no desespero fatal, esmaguei-o de afetos, de / carinho... Matei o pássaro dos meus sonhos! Matei o pássaro do meu ninho!
20 de Junho de 1942
Tenho vontade de escrever, e tenho uma necessidade ainda maior de tirar todo o tipo de coisas de dentro do meu peito.
O verbo amar
Te amei: era de longe que te olhava
e de longe me olhavas vagamente...
Ah, quanta coisa nesse tempo a gente sente,
que a alma da gente faz escrava.
Te amava: como inquieto adolescente,
tremendo ao te enlaçar, e te enlaçava
adivinhando esse mistério ardente
do mundo, em cada beijo que te dava.
Te amo: e ao te amar assim vou conjugando
os tempos todos desse amor, enquanto
segue a vida, vivendo, e eu, vou te amando...
Te amar: é mais que em verbo é a minha lei,
e é por ti que o repito no meu canto:
te amei, te amava, te amo e te amarei!
(Do livro - Bazar de Ritmos - 1935)
A Namorada
Eu flutuo em uma imensa calma
E minha alma,
Pasmem é namorada do poeta.
Pessoa, Melo Neto, Varela.
E vários outros que beijo na boca
Nas noites insones e insossas.
E se eu fosse ave me casaria com um Falcão
Ou um Condor, ou mesmo um beija-flor.
Seja como for.
Meu sobrenome não rima com a dor
Que afugenta cada vez mais minha vez de ser feliz.
Perdi a vontade de brincar de faz-de-conta
Estou tonta e não vejo razão pra mentir.
Não ceifei o mal pela raiz.
Ele retorna incessantemente
Pra me desnudar das minhas esperanças.
E não sou mais criança.
Apenas um ser obscuro
Ainda com medo do escuro.
