Olho
"Durmo realizado achando que esta tudo bem
Me acordo, olho para o lado, abro o jornal
Leio denovo, aqueles velhos problemas
Pretexto..."
Saul Pacheco, É o Fim
Olho para o Céu. Negro e estrelado. Encanto-me com o fragmento infinitesimalmente microscópico, de um poderoso e ilimitado Cosmo macroscópico.
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16.06.2024
A noite está cinzenta, assim como minha vida,
Para onde olho, só consigo enxergar escuridão,
Uma escuridão que, a cada dia, torna-se minha fiel companheira.
Não vejo mais o brilho do sol como outrora,
Sinto apenas a dor e o sofrimento do seu calor.
Queria desligar meus sentimentos,
Separar o consciente das emoções.
Desejava não sentir a angústia, a frustração, o ódio,
A ansiedade que ruge incessantemente em meu peito.
Que mal causei ao mundo para ser tão amaldiçoado?
Minha alma está cansada.
Aparentemente, não fui tão forte quanto Paulo,
Pois não consigo vencer meu bom combate.
Estou em fragmentos,
Minha alma despedaçada está.
Não vejo a luz no fim do túnel,
Mas continuo caminhando, tentando alcançá-la.
Não combati o bom combate, minha fé foi pouca,
Meus medos dominaram minha alma.
Adianta ainda pedir socorro? Será que adianta lutar?
Estou cansada, tão cansada.
O sol não brilha mais para mim.
Quando poderei descansar?
Quando terei paz interior?
Tentei não dar trabalho, dei o meu melhor.
Mas meu melhor não foi suficiente.
Estou exausta, com medo,
Aterrorizada.
Não posso confiar em meus pensamentos, nem em meus sentimentos.
Navego em um mar atormentado,
Não consigo ver terra.
Vejo apenas a imensidão do mar.
Sei que estou naufragando,
Mas não sei como evitar.
Eu tentei, realmente tentei,
Mas não fui o suficiente.
Meu coração está dilacerado,
Sinto facas perfurando meu peito.
Penso em quando enfim será minha hora,
Minha verdadeira hora.
Será uma passagem limpa ou serei eu, o causador de minha própria morte?
"Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Ouvistes o que foi dito:'Olho por olho e dente por dente!' Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado".
Mateus 5,38-42
Não consigo te esquecer, se sempre que olho para lua, lembro do teu sorriso.
Cada lembrança sua é como uma lareira que aquece a minha alma.
Anseio pela tua presença, como o náufrago deseja a terra firme.
Pois és a canção que meu coração insiste em tocar.
Estou me afogando no meu rio,
Olho para o lado e não vejo a quem pedir socorro,
Então grito pra que ele se acalme,
Mas sua fúria é maior que minha vontade de viver.
O coração tem vida própria, as vezes confunde, as vezes encontra e as vezes machuca. Quando os olhos tocam a alma é um caminho sem volta, tira a mente do controle e o entrega ao coração, esse alucinado desajeitado.
Minhas flores quando olho para vocês
minhas lindas e queridas filhas
penso como o tempo passa depressa
vocês dão luz e cor à minha vida
Flecha tardia
Escrevo porque existe uma área no olho, que não sei nomear, onde a lágrima se deposita antes de rolar para as faces, uma espécie de pequeno leito, uma borda.
Escrevo porque meu corpo tem um ritmo: o coração, o ventre, o estômago, o sistema nervoso, as mãos, o útero.
Escrevo porque não sou eu quem escrevo, mas as palavras a se escreverem, urgentes.
Escrevo porque sou muitas.
Escrevo porque hoje é o amanhã do ontem.
Escrevo porque não é o tempo que passa, mas nós a passarmos e é em nós que existe a duração, esse desvio subjetivo do tempo, em que as coisas perduram, o passado se transforma em presente e o futuro deixa de ser um mistério para se tornar uma vontade.
Escrevo porque morro e ressuscito.
Escrevo porque as palavras são criaturas cheias de dimensões e as coisas podem ser outras.
Escrevo porque os fatos não existem como uma coisa imponderável e fixa.
Escrevo porque acredito. Intransitivamente.
Escrevo porque a morte se insinua em cada desistência.
Escrevo porque Paul Celan, um dia, falou de uma "flecha tardia". Ele a lançou e ela, no futuro em que estou, me atingiu. Quero lançá-la mais adiante.
Escrevo porque Manuel Bandeira disse que Teresa era uma lagarta listrada.
Escrevo porque sou pedra e planta.
Escrevo porque meus pais fugiram do velho mundo, porque existem ainda pessoas fugindo de um país a outro, porque sou também fugitiva, porque a fuga é a condição primária da perda e do encontro.
Escrevo porque não entendo quase nada, porque não sei o pensamento, porque não conheço ninguém.
Escrevo porque amo David Grossman, que escreve tão melhor do que eu.
Escrevo porque escrever é errar e precisamos fugir do acerto.
Escrevo porque habito na iminência e ela habita em mim e porque, na borda do precipício, ou pulo ou contemplo a vertigem.
Escrevo porque entre as palavras existe o silêncio que elas inventam.
Escrevo porque resistir é aumentar o grau de impenetrabilidade.
Escrevo porque é difícil.
Escrevo porque tenho filhos, uma transitoriedade, uma lembrança, um salto.
Escrevo porque existe a nuance, essa nuvem que sopra sobre as coisas fixas.
Escrevo porque sou dinamite.
Escrevo porque aprendi a raiva, nariz comprimido, olhos apertados, peito contraído, potência dirigida.
Escrevo porque o amor é redondo, geodésico, porque ele planta bananeira e porque ele é a casca, o sumo e o caroço.
Escrevo porque sou pó.
Escrevo porque as etimologias me convocam para novas histórias, porque elas querem ser reveladas e porque revelar é também, de certa forma, velar de novo.
Escrevo porque li que, na índia, existe um deus cujo manto é feito de sílabas e porque essas sílabas sustentam o mundo.
Escrevo para entender o que são os metros dáctilo e trocaico.
Escrevo porque Sócrates, antes de morrer, aprendeu a tocar uma fuga na flauta e porque, ao ser perguntado sobre isso disse: quero aprender mais alguma coisa antes de morrer.
Nem sei por que escrevo. Escrevo porque nem sei.
Eu sou fogo
Eu sou o fogo, você me alimenta e ao mesmo tempo me acalma.
Quando eu olho pra você, eu não conseguir esconder nada do que eu sinto.
Seus olhos são como mágica para o meu coração.
Toda vez que meu fogo explodiu, você tentou apagar e deixar uma pequena chama pra eu ainda sobreviver.
E isso foi lindo!
Nunca precisei me sentir segura, mas desde que eu me rendi aos seus braços, eu amo a segurança que sempre sigo sentindo.
Você me protege, me ajuda lutar com os meus monstros.
Você me entende, eu faço você me entender.
Não consigo sonhar. Aparentemente, nada me fascina. E, quando olho ao redor, não vejo nada prazeroso.
Quando fui salvo? Não sei, apenas nesse exato momento deste mundo presente, olho para a cruz e não para trás, para Cristo e não para mim, embora admito que as tentações são fortes e prazerosas a este corpo frágil e inclinado naturalmente para o pecado e tudo que é mau, embora caindo muitas e muitas vezes, a misericórdia do Senhor misteriosamente permaneceu, e com isso me constrangendo mais para o recomeço nas Suas mãos, a Graça prevalece, todo amor e misericórdia resplandece e com tudo isso me amadurece!
A ganância é o olho esquerdo ah ambição é o direito !
Os dois olhos em ambas direções, um põe a faísca e o outro cega ....
Olho teu rosto
Olhando bem o teu rosto,vejo coisas
encantadoras que passam pela lembrança
como um filme.
Coisas que eu não sei desvendar,mas sei
e muito bem, que já vivi.
Teu rosto, diz muito ao meu coração
enamorado.
Vendo-te, sorrindo e linda, minha saudade
relaxa, e em uma fração de segundos me vejo
em tuas mãos .
E como antes, vivo o amor .
A vida de novo tenho, com meus braços, bem
perto do teu coração.
Roldão Aires
Membro Honorário da Academia Cabista de Letras Artes e Ciências
Membro Honorário da Academia de Letras do Brasil
Membro da U.B.E
"Nesse mundão de meu Deus…
Olho pra todo o lado…
Procuro ele em cada canto…
Onde os olhos não alcança.
Neste mar de terras férteis…
Ele se mostra presente…
Nas árvores…plantações…
Na terra seca ou molhada…
Sinto sua presença…
E não tem nada que me prenda…
a não ser por sua beleza…"
