O que Espera de Mim
AMOR
Ainda que silencies e fujas de mim...
Estarei aqui ,
no mesmo lugar e
com a porta bem aberta .
Porque no fundo os poetas
inda que cegos
inda que errantes
inda que amantes ...
Enxergam e reluzem na escuridão.
E não te esqueces por favor
Que ainda que tenhas
me causado mágoas e dor...
Eu te perdoou e
te leio nos meus versos
ainda que dispersos :
Inda é teu todo o
meu amor.
Não guardo rancor.
Rancor é carregar quem me machucou dentro de mim.
Eu prefiro algo mais silencioso: a lembrança do que aprendi.
Hoje, eu reconheço as máscaras antes do sorriso.
E já não acreditei mais em lágrima fácil.
Quando a mentira Cansa
Eu já contei muita mentira bem construída para mim mesmo. Aquelas frases que soam inteligentes, fazem sentido num café com amigos, mas não fecham a conta com a realidade do meu dia a dia. “É só uma fase.” “Está controlado.” “Eu aguento mais um tempo.” Lá no fundo eu sabia que não era verdade, mas repetir essas justificativas era mais fácil do que admitir que eu tinha medo de mudar. O problema é que o corpo não negocia com esse tipo de mentira durante muito tempo. O cansaço aumenta, a irritação cresce, a paciência desaparece. Não é azar, não é só pressão externa: é o desgaste de sustentar uma vida que já não faz sentido para aquilo que eu sei que poderia ser.
Talvez você também tenha criado essas histórias para continuar onde já não faz sentido ficar. Um relacionamento que só se mantém por hábito, um trabalho que já não te desenvolve em nada, uma rotina que te deixa num piloto automático confortável, mas sem vida. A mente é criativa para arranjar justificativas: agora não dá, não é o momento, depois eu vejo isso. Só que cada “depois” é uma escolha. E, queiramos ou não, a identidade que temos hoje é o resultado exato da soma do que aceitamos, do que ignorámos, do que adiámos e do que escolhemos manter. Não é um rótulo abstrato. É a consequência prática da forma como temos vivido.
Quando eu parei de me ouvir como vítima e comecei a olhar para mim como responsável, a pergunta deixou de ser “por que é que a minha vida está assim?” e passou a ser “que tipo de pessoa eu tenho decidido ser todos os dias?”. Não adianta só desejar mais, querer mais, sonhar mais. A questão é: eu sou o tipo de pessoa que sustenta aquilo que diz que quer? Os meus hábitos, a forma como eu gasto o meu tempo, as conversas que eu alimento, as relações que eu tolero, a maneira como eu fujo do desconforto… tudo isso revela quem eu sou hoje, não quem eu conto que sou. E dói perceber isso, mas é uma dor lúcida.
Hoje eu entendo identidade como esse espelho que não mente. Não é sobre a imagem que eu vendo, é sobre o rasto que eu deixo. Se eu quero uma vida diferente, não basta pedir por oportunidades novas, eu preciso aceitar o custo de me tornar alguém à altura daquilo que eu diz que quer construir. Enquanto eu continuar a proteger as minhas desculpas, vou continuar a proteger também os resultados que me incomodam. A virada começa quando eu assumo, sem drama mas sem fuga: a vida que tenho hoje é a versão prática da pessoa que eu venho escolhendo ser. A pergunta que fica é simples e incômoda: eu quero mesmo continuar a ser esta pessoa?
Não vejo a hora de não ser nada. Será o momento de ver o tudo que existe em mim manifestar-se no seu todo.
Que a arte me consuma
até o limite do indizível,
até eu descobrir
o que ainda não sei de mim.
Lilian Morais
Na solidão, te abraçarei com toda a força que há em mim, para que jamais se afaste de mim,
nunca mais se desprenda de mim.
A força que habita em mim rejeita tua ausência,
que assola minha alma mesmo em seu melhor momento.
A falta que você faz é imensa
nenhum vazio se preenche com silêncio na tua presença.
Estou só, na companhia imperfeita e leal de mim mesmo, sombra que me acompanha na longa estrada da vida, eu em minha companhia.
Não estou à tua altura
nem desejo, nem quero ser opção.
Vivo o melhor de mim,
em paz, na tranquilidade
dos finais de tarde do sertão.
Tens outra oportunidade,
outro horizonte a descobrir.
Vai.
Vive tua nobreza, teu destino.
Deixa-me aqui,
no meu recanto,
onde o silêncio fala
e o tempo não cobra pressa.
É insano, depravado, luxúria sem ética nem moral, assim são teus sentimentos por mim.
Às vezes, carinhosa, sutil, meiga, educada, doce.
De repente, uma explosão sem motivo, um vulcão que devasta a paz e os sentimentos.
Ainda assim, te desejo.
Ordinária, rebelde, enfeitiças meus dias e acendes em mim desejos que só pertencem a ti.
Estou perdido, à procura de mim, no meu mundo escondido.
Não há rastros por onde passei, esquecido, perdido de mim.
O universo observa em silêncio,o tempo conspira a meu favor,
para que eu, enfim, possa me encontrar."
Tu és uma bruxa sensual, devastadora e maravilhosa. Teu encanto e tua bondade despertaram em mim uma felicidade que só existe por te pertencer.
Parte de mim é um monstro adormecido, silencioso, impossibilitado, caído sem reação.
Outra parte é uma ponte frágil, suspensa entre a carga e o conflito,
vivendo o dilema de ser meio razão e metade partida,
onde nem mesmo o amor encontra equilíbrio.
Recusas-te a estar perto de mim, ostentando a tua beleza e exibindo-te para que todos vejam a mulher poderosa que te tornei.
Prometi a mim mesmo que não voltaria, nem em pensamento. Fiz essa promessa e vou cumpri-la sem lamento, porque me importo comigo.
Não vou pedir ao céu para te esquecer, nem para lembrar por mim, já não a saudade nem vontade de você.
Esquece de mim: confronto a saudade para fugir da lembrança hostil. Ignoro a falsa bondade ardente das aparências e, sentado diante da indulgência, resmungo sem aceitar a mão que se estende.
