O Homem que Nao se Contenta com pouco

Há bons casamentos, mas deliciosos não.

Somos inocentes, mas responsáveis. Inocentes perante aquele que já não existe, responsáveis perante nós próprios e os nossos semelhantes.

Quem serve bem o seu país não precisa de antepassados.

A vida, por fim, não passa de um hábito que se tem de perder, depois de todos os outros.

A ocasião não faz apenas o ladrão, mas também grandes homens.

O estilo não é a roupa, mas a pele de um romance. Faz parte da sua anatomia como as entranhas.

Momentos houvera em que fora feliz, mas não dera conta.

Em política não se escolhe a companhia.

Se quiserdes agradar às mulheres, dizei-lhes o que não gostaríeis de que se dissesse à vossa.

Se amas, perdoa; se não amas, esquece.

O mundo é o repertório das nossas possibilidades vitais. Não é, pois, algo à parte e alheio à nossa vida, mas é a sua autêntica periferia.

Há duas coisas que não se perdoam entre os partidos políticos: a neutralidade e a apostasia.

Não há pai nem mãe a quem os seus filhos pareçam feios; nos que o são do entendimento ocorre mais vezes esse engano.

Ninguém alcança o que não possui de nascença, e o que te é estranho não o podes cobiçar.

O castigo de quem pratica atos contra a natureza e que, quando quiser ser natural, já não o conseguirá. A história de Jekyll e Hyde.

A subtileza ainda não é inteligência. Às vezes os tolos e os loucos também são extraordinariamente subtis.

Escrever é a única profissão em que ninguém é considerado ridículo se não ganhar dinheiro.

Não há poder. Há um abuso do poder, nada mais.

Se um escritor quisesse demonstrar que a liberdade não lhe é necessária, pareceria um peixe querendo convencer-nos de que a água não lhe é útil.

Um escritor não lê os seus colegas: vigia-os.