O Cometa de Carlos Drumond de Andrade
Algum dia assim como Chico, também desejo sair à francesa e bem no meio de festa.
Me agrada ainda a ideia de morar no Céu, mas viver no inferno como fazem os anjos.
Há momentos que vejo meu Anjo, naquilo que vem de você.
Num gesto, numa fala, ou até mesmo num breve olhar.
Se tens algo a dizer, mas que não possa ser inteligível, ainda que importante e necessário, melhor não dizê-lo.
Irmão, Irmãos
Cada irmão é diferente.
Sozinho acoplado a outros sozinhos.
A linguagem sobe escadas, do mais moço,
ao mais velho e seu castelo de importância.
A linguagem desce escadas, do mais velho
ao mísero caçula.
São seis ou são seiscentas
distâncias que se cruzam, se dilatam
no gesto, no calar, no pensamento?
Que léguas de um a outro irmão.
Entretanto, o campo aberto,
os mesmos copos,
o mesmo vinhático das camas iguais.
A casa é a mesma. Igual,
vista por olhos diferentes?
São estranhos próximos, atentos
à área de domínio, indevassáveis.
Guardar o seu segredo, sua alma,
seus objectos de toalete. Ninguém ouse
indevida cópia de outra vida.
Ser irmão é ser o quê? Uma presença
a decifrar mais tarde, com saudade?
Com saudade de quê? De uma pueril
vontade de ser irmão futuro, antigo e sempre?
Temos o direito constitucional...
...de escarnecer,...
...de ridicularizar,...
...de esclarecer,...
...de cultivar inimigos...
...e influenciar pessoas.
"Muitas coisas se dizem, que não deviam ser ditas; muitas outras se calam, que não mereciam calar-se.
As palavras são as mesmas, em um e outro caso; só a conveniência delas, na circunstância, é que varia.
E na variação, fica o dito por não dito.
A menos que o convicto (ou o teimoso) diga: “Digo e repito”.
(Carlos Drummond de Andrade, no livro “Os dias lindos”. São Paulo: Companhia das Letras, 2013)
O CARRETEIRO NOEL (Versão mais curta)
Dizem que na época de Natal, um caminhoneiro diferente viaja pela estrada, sua carreta toda vermelha com luzes brilhantes, deixa um rastro de magia pela madrugada.
Um carreteiro com barbas longas e esbranquiçadas, alguém que é esperado pela garotada.
Certo dia na estrada eu estava, era antevéspera de Natal, para casa com meu caminhão eu voltava.
Mas um imprevisto me deixou preocupado, um barulho, era o um pneu que acabava de ser estourado, em um lugar deserto e afastado, para trocar o pneu eu não estava preparado.
De repente uma carreta para, um senhor camarada, ele me ajudou com a troca do pneu como se fosse mágica, parecia ter vindo do céu, perguntei o seu nome e ele me disse, Noel.
Se despediu com um sorriso de graça, enquanto saia com sua carreta avermelhada, e no lameiro com as letras brilhantes a mensagem que eu esperava, “Feliz Natal Estradeiro da Madrugada”.
Com luzes brilhantes, sua carreta cortava o céu, ele transportava uma carga de alegrias e seu nome era Noel.
Jean Carlos de Andrade – (Autor do Livro “Vida de Caminhoneiro”)
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