O Avesso do Avesso do Avesso
SEM FALAR EM SAUDADE
Foi sem falar em saudade
que lembrei de você
dos seus olhos pequenos
a me enlouquecer
do seu corpo moreno
do seu beijo veneno
a me adormecer.
Foi sem querer que a tristeza
chegou com a canção
que eu fiz pra você
naquele verão
onde fiz dos teus olhos
minha única razão
de viver, de sorrir, de sonhar
de paixão.
Foi sem falar de saudade
que me veio a lembrança
que perdi a esperança
de voltar a te ver.
HÁ POESIA EM QUASE TUDO.
Há poesia em quase tudo,
só não há poesia no beijo
nem no corpo da mulher mal-amada
nem no choro da criança
faminta, abandonada.
Há poesia em quase tudo
só não há poesia na falta de carinho
da mãe pelo filho inesperado.
Há poesia em quase tudo
no encontro dos amantes
proibidos, no afago da língua
sobre a rosa, no breve adeus
do poeta desta vida.
Há poesia em quase tudo
menos na falta de amor
do homem pelo homem
e na falta de fé no amanhã.
Há poesia nos lírios dos campos
quando catam, no pôr do sol
amarelado, há poesia na chuva
de outono, mas falta poesia
na primavera do oriente.
Há poesia em quase tudo
menos na falta de amor
do homem pelo homem
e na falta de fé no amanhã.
VOZ DOCE DA POESIA.
Amputaram-me os pés,
amputaram-me as mãos
depois furaram-me os olhos
em seguida amputaram-me a língua
perguntaram-me se ainda sentia dor.
Eu não podia andar, era fato,
nem podia ver, nem apalpar
contudo, meu melhor sentido
ainda permanecia, não se alterara
ainda podia ouvir o som do vento,
e a voz doce da poesia.
UNIVERSO CAOS
Imagine um turbilhão de partículas flutuando no abismo. É a isto que cognominamos de universo. Partículas de todos os tamanhos e formas, fruto de um caos, desgoverno sem propósito.
E o homem, apenas mais uma partícula atômica empurrada pelas leis naturais, física e gravitacional.
A inteligência lutando em vão contra a perversidade do caos, com o fim de organizar, elaborar sistemas, classificar espécies e formas que garantam a sua existência duvidosa. Qual a condição e a possibilidade do homem reverter este fato que é o caos universal?
Mesmo que todos os homens, como partículas integrantes deste sistema sem objetivo se tornassem inteligentes, a ponto de desenvolver instrumentos para se isolar dos demais sistemas caóticos, não seria possível contornar nosso destino abismal, pois as inteligências difeririam e, logo estaria formado outro
caos dentro do caos, as ideologias, cada grupo "inteligente" apontado apenas para seu umbigo, e a desunião causaria a destruição da espécie. Eis o mundo atual.
EVAN HENRIQUE
Tenho filho mais que especial, não mais especial que os outros, mas especial por ser único, singular em seu modo de viver. Este filho que ainda me chama de paizinho apesar de ser um homem vigoroso e forte, com fibras morais que não herdou apenas de mim, foi a junção de duas almas ternamente apaixonadas que o formaram.
Ele é a materialização do amor em nossas vidas,
a certeza de que sonhos se realizam.
Sua mãe e eu ainda o tratamos como uma criança, e a ideia de que ele precisa enfrentar este mundo cruel e injusto
provavelmente em pouco tempo sem a nossa dedicação diária me assusta. Tenho medo de que alguém lhe faça algum mal, que não lhe trate com o respeito que dispensa a todas as pessoas com que tem relação.
Ele desperta sentimento paternal mesmo em pessoas que ainda não tiveram seus próprios filhos, ouvimos diariamente amigos dizerem que só teriam um filho se
pudessem saber de antemão que lhe seria igual.
Este filho que agora fará vinte anos, com sonhos e conquistas em curso, me faz enxergar o mundo com alguma expectativa boa. Vale a pena viver, constituir e preservar uma família, mesmo num mundo onde o imprevisto pode nos tirar a paz e a alegria.
A soma de todas as experiências pode ser a conclusão de que o mundo pode até não ter o objetivo, mas o amor sempre terá. Vejo-o crescendo, tomando posição no mundo e construindo seu próprio universo, uma alma de altíssima sensibilidade e inteligência.
Aos vinte anos geralmente, para quem não se adiantou ao tempo e à natureza, é a idade ideal para se apaixonar e para se descobrir prazeres especiais que só o amor recíproco pode oferecer.
Me lembro com forte emoção a canção de Fagner, onde ele canta "um rapaz novo e encantado com vinte anos de amor," construindo castelos e oferecendo estrelas para sua amada.
Evan Henrique, quanta honra me foi concedia em ser teu Pai
O esforço exaustivo do pianista surdo
ao compor a Nona Sinfonia
o sopro de Deus sobre os mares
na criação do mundo em seis dias
as lembranças dos amores não vividos
tudo isso tem a mesma força artística
das valquírias de Wagner
e do Messias de Handel
para um poeta em desespero criativo.
"Forjei o poeta que sou, num crisol de muitas dores. Entre elas a mais cruciante foi a ignorância do meu semelhante."
“Sou crítico da incoerência textual e discursiva dos homens, mas nunca da inspiração divina dada aos verdadeiros santos entre nós: os poetas ”
Cada um tem o seu lugar especial para viajar em pensamentos. É onde podemos nos transformar em artistas, atletas ou super-heróis. Mistura de realidade e ficção. É uma pena não podermos ficar mais.
O funcionalismo público é como um sistema de catracas sem a maioria dos dentes. Não gira por si só e não permite o todo girar. Precise de um serviço público que você vai entender. É a catraca banguela.
Cada ser humano busca mostrar uma casca forte ao redor de si, Uma espécie de armadura quase que impenetrável, quando o assunto é a vida particular. Tentamos omitir as nossas fragilidades e acentuar nossas qualidades na esperança que os nossos defeitos não sejam notados e assim não interfira no nosso dia-a-dia. Na verdade somos tão fracos que o simples sopro da notícia do fim de um relacionamento faz desmoronar toda nossa estrutura interior.
Hoje choro mar, amanhã navego por esse mar sem saber onde chegar, o importante desta viagem é só aqui não ficar.
Hoje eu acordei com um vazio que parece ser tão profundo que sou capaz de sentir ele deliberadamente dentro da minha alma, você se enraizou da forma mais linda dentro de mim e do jardim desse nosso amor fez crescer uma árvore linda e resistente, a cada briga e decepção contínua está árvore morria aos poucos, até que ela não suportou a estação do inverno que parecia não acabar e morreu, mas as raízes permaneceram lá e quando você se foi, o tronco daquela árvore caiu naquele jardim que já não existia mais cor e vida, deixando essa imensa cratera dentro do meu peito.
Me deixei levar pelas águas misteriosas do amor, e em uma grande e linda viagem fui pra longe do meu cais para atracar em um desconhecido, hoje este cais não existe mais depois que ele foi destruído eu perdi o norte da minha vida e o nordeste do meu cais, navego sem saber pra onde vou, a deriva da minha vida, as tempestades das decepções só me fazem morrer aos poucos o dia todo, todos os dias.
CRÔNICA PARA BRASÍLIA
Brasília, cidade das belas formas, de sons e encantos diversos.
Não és a mais bonita, nem a mais importante por conta do congresso.
És bela sim, de forma arquiteta, como ninfa de apolo, de flores de concreto.
Teu lago doce e puro, sob um céu azul discreto. Tens a Água Mineral e um parque a céu aberto.
Brasília das cantigas, de bois de Teodoro, de tantos sons herméticos, do reggae de Renato Matos, ao jazz de Renato Vasconcelos.
Do samba ainda menino, do Rock do Porão aos blocos do asfalto. Brasília da política, dos donos do planalto, das CPIS, das pizzas, dos sábios Collors e tolos Jéfersons. É tua vocação, vencer as turbulências, cortar na própria carne os males-desafetos.
Assim serás madura, à custa dos teus braços. Quem vem da ditadura, por certo sabe bem, que a um povo pacífico a liberdade sempre vem. Diretas de Tancredo, o povo no poder, o teu dever de casa honraste ao fazer.
Contudo não é cedo pra quem sabe sonhar, quem sabe um filho teu irá governar.
Será de sobradinho, Ceilândia ou do Guará? Por certo um candango, virá da tua madre, dará exemplo ao mundo e ao resto da cidade, que espera do teu cerne um bem pra ser feliz.
Brasília da savana, do fogo no verão, Brasília dos pedestres que acenam com a mão, ao bom desconhecido que pára em prontidão.
Brasília mar sem praia, das noites no pontão. Um caminhar no parque, à torre, a diversão; lazer do homem simples, espaço aberto à mão.
Ao jovem vista plana, um salto à direção. Brasília mulher jovem, senhora da razão. Aqui tudo é perfeito aos olhos do cristão. Falar de ti enfuna qualquer poeta vão.
Evan do Carmo
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp- Relacionados
- Avesso
- O dia mais feliz da minha vida está ao avesso