O Amor Esquece de Comecar Fabricio Carpinejar
A QUE VEM DE LONGE
A minha amada veio de leve
A minha amada veio de longe
A minha amada veio em silêncio
Ninguém se iluda.
A minha amada veio da treva
Surgiu da noite qual dura estrela
Sempre que penso no seu martírio
Morro de espanto.
A minha amada veio impassível
Os pés luzindo de luz macia
Os alvos braços em cruz abertos
Alta e solene.
Ao ver-me posto, triste e vazio
Num passo rápido a mim chegou-se
E com singelo, doce ademane
Roçou-me os lábios.
Deixei-me preso ao seu rosto grave
Preso ao seu riso no entanto ausente
Inconsciente de que chorava
Sem dar-me conta.
Depois senti-lhe o tímido tato
Dos lentos dedos tocar-me o peito
E as unhas longas se me cravarem
Profundamente.
Aprisionado num só meneio
Ela cobriu-me de seus cabelos
E os duros lábios no meu pescoço
Pôs-se a sugar-me.
Muitas auroras transpareceram
Do meu crescente ficar exangue
Enquanto a amada suga-me o sangue
Que é a luz da vida.
Se uma águia fende os ares e arrebata
esse que é forma pura e que é suspiro
de terrenas delícias combinadas;
e se essa forma pura, degradando-se,
mais perfeita se eleva, pois atinge
a tortura do embate, no arremate
de uma exaustão suavíssima, tributo
com que se paga o vôo mais cortante;
se, por amor de uma ave, ei-la recusa
o pasto natural aberto aos homens,
e pela via hermética e defesa
vai demandando o cândido alimento
que a alma faminta implora até o extremo;
se esses raptos terríveis se repetem
já nos campos e já pelas noturnas
portas de pérola dúbia das boates;
e se há no beijo estéril um soluço
esquivo e refolhado, cinza em núpcias,
e tudo é triste sob o céu flamante
(que o pecado cristão, ora jungido
ao mistério pagão, mais o alanceia),
baixemos nossos olhos ao desígnio
da natureza ambígua e reticente:
ela tece, dobrando-lhe o amargor,
outra forma de amar no acerbo amor.
Ora, meu filho, o desespero é o resultado de uma visão errada da vida. Pare e pense. Erga a cabeça, que ela não foi feita apenas para ficar cheia de miolos, não. Pense, organize os seus pensamentos. Reorganize a sua vida e continue andando. Mesmo devagarzinho, ande. Não se permita ficar parado. Deus abençoa, mas é preciso ter coragem para a maior experiência do mundo - que é viver. Sempre há uma solução. Não existe dor, sofrimento ou mal que não tragam o seu ensinamento; não há problema que não tenha a resposta certa da vida.
Ó madrugada, tardas tanto... Vem...
Vem, inutilmente,
Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta...
Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste,
Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperanças,
Segundo a velha literatura das sensações.
Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança.
A felicidade é um susto. Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. Chega sem chegar, insinua mais que propõe... Felicidade é animal arisco. Tem que ser admirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante, é uma sublime forma de possuí-la.
Cerra bem as pétalas do teu corpo imóvel e pede ao silêncio que não vá embora...
Soneto de Montevidéu
Não te rias de mim, que as minhas lágrimas
São água para as flores que plantaste
No meu ser infeliz, e isso lhe baste
Para querer-te sempre mais e mais.
Não te esqueças de mim, que desvendaste
A calma ao meu olhar ermo de paz
Nem te ausentes de mim quando se gaste
Em ti esse carinho em que te esvais.
Não me ocultes jamais teu rosto; dize-me
Sempre esse manso adeus de quem aguarda
Um novo manso adeus que nunca tarda
Ao amante dulcíssimo que fiz-me
À tua pura imagem, ó anjo da guarda
Que não dás tempo a que a distância cisme.
Não te rias de mim, que as minhas lágrimas
São água para as flores que plantaste
No meu ser infeliz, e isso lhe baste
Para querer-te sempre mais e mais.
Não te esqueças de mim, que desvendaste
A calma ao meu olhar ermo de paz
Nem te ausentes de mim quando se gaste
Em ti esse carinho em que te esvais.
Não me ocultes jamais teu rosto; dize-me
Sempre esse manso adeus de quem aguarda
Um novo manso adeus que nunca tarda
Ao amante dulcíssimo que fiz-me
À tua pura imagem, ó anjo da guarda
Que não dás tempo a que a distância cisme.
O espelho reflecte certo;
não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo.
Não deixe que faça da sua vida um terreno baldio, faça uma cerca em volta dela, não deixe que coloque lixo nela.
"Sabia dizer de tal modo a uma senhora idosa que a achava cada vez mais jovem, que a senhora subitamente remoçava, e a mentira se resolvia em verdade."
Hei de seguir eternamente a estrada
Que há tanto tempo venho já seguindo
Sem me importar com a noite que vem vindo
Como uma pavorosa alma penada.
Sem fé na redenção, sem crença em nada
Fugitivo que a dor vem perseguindo
Busco eu também a paz onde, sorrindo
Será também minha alma uma alvorada.
Onde é ela? Talvez nem mesmo exista…
Ninguém sabe onde fica… Certo, dista
Muitas e muitas léguas de caminho…
Não importa. O que importa é ir em fora
Pela ilusão de procurar a aurora
Sofrendo a dor de caminhar sozinho.
Meu sonho é casar na igreja
Sou sério, assumo minhas decisões, não sou inconsequente. Sofro porque sou sério. A falta de seriedade traz a leviandade, não é o meu exemplo.
Não há maior loucura do que casar-se com consciência de que se está casando, não há maior loucura do que a responsabilidade, do que desejar o casamento e segurar um projeto com os dentes e as palavras, por mais que a pressa crie desconfiança.
Nunca me casei na igreja, este é o meu sonho. Eu me guardo para este sonho. Eu luto por este sonho.
Fazer sem pensar é inconsequência. Fazer pensando é compromisso. Eu me comprometo comigo.
Penso rápido, mas penso. Penso com devoção. Ideias guardadas apenas envelhecem, não são como o vinho, não melhoram com os anos. Realizo enquanto tenho condições de realizar, ainda que imperfeito. Não adianta se conscientizar dos atos e do que seria melhor tarde demais. O que vejo de gente se arrependendo quando não pode mais consertar nada. O perdão se come quente, com o prato fumegando.
Não agirei bêbado e colocarei a culpa na bebida. Não agirei desesperado e colocarei a culpa na carência. Agirei porque quis. Enquanto é hora.
Se errei, se não deu certo, fui eu mesmo que escolhi o meu destino. O destino é meu de qualquer jeito, acertando e falhando.
Se fui enganado, se fui desamado, era um risco que corria. Minha vida não é comprada, não ganharei nenhuma luta por antecedência.
Pugilista ou poeta não pode reclamar de sangrar e apanhar. Não pode lamentar os hematomas, não pode protestar por injustiça, não pode praguejar o ringue.
É da minha natureza confiar no amor e confiar mesmo depois que a pessoa já provou o contrário. E confiar de novo e confiar mais uma vez diante da repetição do erro até que o outro aprenda o que é confiança.
A fragilidade é fortaleza. A vulnerabilidade é lealdade.
Quando o destino não me ajuda, fecho a guarda e sigo pela contagem dos pontos. Não abandono o meu coração. O sofrimento é meu e também é parte da paixão. Não tenho como não sofrer quando me entrego. Não sei o que minha companhia é capaz de oferecer.
Garanto minhas intenções, mostro quem sou desde o início. Não encampo propaganda enganosa, ninguém descobrirá alguém diferente dentro de mim daqui a um tempo.
Sou monótono de tão passional, sou previsível de tão disposto, pois não mudo minha intensidade.
Caráter é como falamos a verdade mesmo quando não nos beneficia.
Ao morar junto em três dias ou três meses, estou sabendo que será por toda a vida. É o que espero até o último beijo. Ou até a consagração do altar.
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