Nosso Amor como o Canto dos Passaros
Considero minhas obras como cartas que escrevi à posteridade, sem esperar resposta.
Até mesmo num casebre se pode ter a doença da riqueza; assim como num castelo se pode encontrar alguém no caminho da cura.
Agimos como se o conforto e o luxo fossem os requerimentos principais da vida, quando tudo o que precisamos para nos fazer felizes é algo pelo que ser entusiástico.
A filosofia não é assim tão ruim. Infelizmente, é como a Rússia: cheia de pântanos e frequentemente invadida pelos alemães.
Há tantas espécies de pessoas de vinte anos ou de cinquenta anos como há espécies de amigos, amantes ou pais.
Porquê não considerar todas as religiões positivas como a forma que o pensamento humano em cada região deverá necessariamente tomar, e que continuará a tomar, em vez de fazer de uma dessas religiões o objeto dos nossos risos ou das nossas cóleras?
Como saber que se falhou, se não sabendo como não falhar? Mas então porque se falha? E se saber que se falha é realmente ignorar como se não falharia? Sabemos de outros que não falharam, porque sabemos então neles o que é não falhar.
Porque não considero o mundo como uma hospedaria, mas como um hospital; não como um lugar para se viver, mas para morrer.
Definem-nos o milagre: uma derrogação das leis da natureza. Não as conhecemos; como saberíamos que um fato as derroga?
