Nós Próprios

O que é a virtude? É, seja qual o aspecto pela qual a encaremos, um sacrifício de nós próprios.

Não podemos conhecer nada de exterior a nós próprios que nos supere (...) o universo é o espelho em que podemos contemplar apenas o que aprendemos a conhecer em nós.

O carácter, quer dizer, a paixão de sermos nós próprios, por qualquer preço.

É indispensável conhecermo-nos a nós próprios; mesmo se isso não bastasse para encontrarmos a verdade, seria útil, ao menos para regularmos a vida, e nada há de mais justo.

Ter firmeza de caráter é havermos sofrido o efeito dos outros sobre nós próprios.

Esquecemos facilmente os nossos pecados quando só nós próprios os sabemos.

Uma forma de nos educarmos a nós próprios é desafiarmos uma pessoa que para nós tem autoridade a pronunciar-se sobre um assunto em que sabemos que ela tem uma opinião diferente da nossa.

É preciso saber perder-se quando queremos aprender algo das coisas que nós próprios não somos.

Preferimos até dizer mal de nós próprios do que estarmos calados.

Ninguém pode salvar ninguém. Temos de nos salvar a nós próprios.

Podemos conhecer tudo, salvo a nós próprios.

Perdoamos tudo a nós próprios e nada aos outros.

A principal prudência consiste em desconfiarmos de nós próprios mais do que dos outros.

A felicidade e a infelicidade vêm de nós próprios.

Há dois graus no orgulho: um, em que nos aprovamos a nós próprios, o outro, em que não podemos aceitar-nos. Este provavelmente o mais requintado.

Sermos bons com os outros e com nós próprios, ajudá-los a viver, ajudarmo-nos a viver, eis a verdadeira caridade.

O grande prazer que nos dá falarmos de nós próprios deve fazer-nos recear não darmos nenhum aos que nos ouvem.

Normalmente, convencem-nos com mais facilidade as razões que nós próprios encontramos do que as que vieram ao espírito dos outros.

Nós não ficamos a querer menos a quem conhece os nossos defeitos do que a nós próprios por sofremos deles.

Tudo quanto nós próprios descobrimos ou voltamos a descobrir são verdades vivas; a tradição convida-nos a aceitar somente os cadáveres da verdade.