Nem tudo e Facil de Cecilia Meireles

Os que têm tentado reformar os costumes do mundo, no meu tempo, com opiniões novas, reformam os vícios da aparência; quanto aos da essência, deixam-nos intactos, quando não os aumentam.

Há males na vida humana que são preservados de outros maiores, e muitas vezes ocasionam bens incalculáveis.

A atividade sem juízo é mais ruinosa que a preguiça.

O pensamento da morte engana-nos, pois faz-nos esquecer de viver.

Todos reclamam reformas, mas ninguém se quer reformar.

Não é dado ao saber humano conhecer toda a extensão da sua ignorância.

Os homens investidos no poder crêem na duração do presente.

Não falar para o seu século é falar com surdos.

Não sejamos tão exigentes: quanto mais transigentes, mais hábeis.

Sem as ilusões da nossa imaginação, o capital da felicidade humana seria muito diminuto e limitado.

Não há livro tão mau que não tenha algo de bom.

O interesse explica os fenômenos mais difíceis e complicados da vida social.

Considero a família e não o indivíduo como o verdadeiro elemento social (arriscando-me a ser julgado como espírito retrógrado).

Num Estado, isto é, numa sociedade onde há leis, a liberdade só pode consistir em poder fazer-se o que se deve querer e em não estar obrigado a fazer o que não se deve querer.

A imaginação é o paraíso dos afortunados, e o inferno dos desgraçados.

Como se há-de governar um país que tem 246 variedades de queijo?

Pouco dizemos quando o interesse ou a vaidade não nos faz falar.

Neblina? ou vidraça
que o quente alento da gente,
que olha a rua, embaça?

A diligência é a mãe da boa sorte.

A imaginação exagera, a razão desconta, o juízo regula.