Nem Sabes Chegaste quando eu te Sonhava Poema
o dia que eu bem-te-vi
trago sempre comigo
foi mano a mano
esse trocar insano
de olhares e acenos
ideias e planos
foi coisa do destino
isso não se conquista
amiga é amiga
à primeira vista
Pra Ti Poesia
Eu não te dou o mundo,
Não te dou o cantar do vento,
Não te dou o mar profundo,
Nem o azul do firmamento!
Tu és o que eu contemplo
Na poesia toda sem dor!
Meus olhos pra tu imagem é templo…
E tu pra mim és meu amor!
Oh, como eu me inspiro
Só pra ti ser poesias!
Oh, quantos e quantos suspiros
Ao lerem estas linhas!
Enquanto nestes meus versos
Marulham letras como na água do mar,
Bem lá no infinito universo,
descansa o brilho do teu olhar!
Declaração de Independência.
Eu sou o cão desafiador,
eu sou o gatuno rebelde,
aquele que combate a tão temida proliferação:
do bastardo injusto, o saqueador da nação.
Eu sou um homem temente
aquele que canta um único repente:
“Morte a independência,
morte a Corte da Suprema negligência,
morte ao rico e vida ao pobre,
morte a miséria e a falta de educação,
morte a todos, os que se proclamam donos da nação.
Morte a hipocrisia,
morte ao falso romance e a qualquer tipo de tirania.”
Como uma pequena reparação
Faço jus a quem a sociedade trata com distinção:
“Viva o índio,
viva o negro escravizado,
viva o vinho e os italianos colonos a pouco chegado,
viva o preto e viva o branco,
viva o gatuno e viva o desafiador,
um grande viva, a todos que enxergam no outro, uma semente do amor”.
No fim eu era infantil.
E já estava na hora de abandonar isso, o tempo passa, a vida pede para que nos tornemos pessoas maduras.
A vida pede.
As pessoas pedem.
E chega um momento em que a vida exige.
As pessoas exigem.
Então eu começo a me questionar.
Questionar e questionar.
Essa infantilidade faz parte de quem eu sou?
Faz parte dessa parte não aceitar isso?
Eu peço.
Eu exijo.
É difícil passar pelas portas desse caminho estreito, então estou parada sobre ela.
Parada no meio do caminho.
Eu peço.
Eu exijo.
Caminhe!
Meus pés não se movem, então peço mais uma vez.
Caminhe!
E continuo na mesma.
Já que a passagem está bloqueada, acabo saindo da porta e retornando ao conforto da casa.
Retorno ao conforto das paredes coloridas e me deito na cama.
-Há um jeito de passar?
Enquanto estiver próxima a essas paredes, essa pergunta não será levada a sério.
Então,
Eu peço!
Eu imploro!
Alguém me tire daqui!
Sou seu mocinho ou seu bandido...
Eu sou o caos que te acalmou...
Sou o exílio dos teus sonhos perdidos..
Quem sabe a fuga da sua própria dor...
Posso ser o medo que te entrega o beijo...
E a coragem que te refaz no olhar...
Sou o teu ódio ,a sina perfeita...
Eu sou o delírio que te faz Amar!
ELE
O momento em que eu sinto
O arrepio sufocante entrando em meu corpo
A minha mente gira e transborda loucura
Meu olhos exalam fúria, sonho morto
É eu sei, é paranoia
Não, a vida que é uma paranoia
É uma maçã podre, lugar de estórias
Um cristal escuro, um relógio sem ponteiro
Mas a questão do arrepio
Do toque à um canto afinado
Me leva a um questionamento tão vil
Ele aparece em diferentes estágios?
Em segundos ele arranca a pele com um sopro
Da emoção ao pensamento flutuante
Do medo ao frio do inverno
É aí que ele e a morte viram amantes.
No meu caminho de volta,
eu clamo pelo teu nome,
pareço doente aos olhos de quem vê,
de longe, é perceptível que não tenho mais você.
Eu emagreci,
na alma, quase desnutrição.
Eu adoeci
na mente, quase escuridão.
Eu cansei
por dentro, quase exaustão.
Eu virei pedaço de metal,
que desprende do satélite
e vaga, todo dia, em silêncio,
esperando pelo impacto.
Roney Rodrigues em "Satélite"
FOME
Eu Sinto Fome de Preparo
Sou um faminto radical
Mendigo por frases de efeito
e Propaganda Visual
Eu Leio Jornais de Empregos
Vejo a Coluna Social
Eles nadando em meus desejos
E eu refêm do Essencial
O meu espírito Carece
De algum Circo Material
Pois repetindo me abastece
da Ilusão de ser igual
Eu Sinto Fome de Existência
Na Sociedade Vertical
Onde não tenho ingerência
Nessa história o seu final
Eu x2
Penso muitas formas
de mim, varios eu’s
outra dose
Jack Daniel’s
certamente o poeta dorme tarde,
mas morre cedo.
OPOSTOS
Ela é furacão
Eu sou calmaria
Eu sempre fui bicho solto
E ela é moça de família
Eu sou garantido
Ela é caprichoso
Ela é toda apressada
E eu sou um tanto preguiçoso
Eu sou da Zona Norte
Ela é da zona sul
Ela adora um rosa
Eu prefiro o azul
Azul da cor de seus olhos
O castanho dos meus
Nos faz mais opostos
Ela é mistério
Eu sou um livro aberto
Ela usa salto alto
Eu vivo de chinelo
Ela é a melodia do Caetano
Eu sou flow dos racionais
Eu sou muito acomodado
E ela sempre quer mais
Ela é cacto
Eu sou balão
Eu sou racional
Ela é pura emoção
É... Ficamos muito juntos
Que nos acostumamos e ficamos iguais
Mas como diz a lei:
Só os opostos se atraem
CARTAS DE AMOR
Ah se eu pudesse ler o que as cartas de amor não dizem
Cada suspiro que vai nas entrelinhas
O silêncio guardado em cada espaço em branco
Ah se eu pudesse ler cada pergunta que não é feita
O que se esconde atrás das vírgulas
A história que continua após o ponto final
Os sentimentos que impregnam o último verso
Quisera eu saber ler cartas de amor
Mas elas não se deixam ler
Ou não seriam cartas de amor.
A VIDA
Mirei o horizonte remoto
Sonhei acordado fantasias
Do cerrado eu fui devoto
Da vida as trovas vazias
Era sonho tão maroto
Com tortas caligrafias
Das quimeras de garoto
Seguintes as tais ironias
De um tal amor imoto
Raras as companhias
Com o verso canhoto
Ortografei as urgias
Então, neste viver piloto
Riscados nas heresias
De poeta e feliz louco
Versejaram os meus dias
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, outubro
Cerrado goiano
As vezes acho que tenho um dom
Esse dom que me faz mentir
Eu minto que é um dom
Fingindo não ser maldição
Ah, mas aceito como verdade
E não como negação
Faço tudo que me ama me odiar
E tudo o que eu amo se acabar...
Quem eu sou?
Não sou nada
Apenas mais um número
No meio de tanta gente
Apesar de ser grande
Sou pequeno
perante o mundo
Corro contra o vento
Navego em alto mar
Grito e não tem
ninguém para escutar
Quando penso
que não sou nada
Percebo que posso ser muito
E colorir o mundo
Nesta minha jornada
Permita-me dizer quem eu sou?
Sou uma alma
Que acredita no amor
Não quero acreditar na maldade
Que assombra a humanidade
Deixando um rastro
de tristeza e dor
Permita-me dizer quem eu sou?
Sou um ser comum
Que acredita no amor
Incomum?
É ver a miséria e a pobreza
Muita fome
E também muita riqueza
Para alguns falta o pão
Para outros, falta alma e coração
Permita-me dizer quem eu sou?
Sou um sonhador
Que acredita no amor.
Garota que eu amo
A garota que eu amo
é ciumenta, humilde e companheira
e às vezes se chateia se eu não fico com ela a noite inteira.
Quando ela se chateia,
Se aperreia, e perde a linha,
Pois você e minha, sempre será.
Não ficarás sozinha.
Mesmo que seja a noite inteirinha,
Mesmo que bata aquela brisinha,
Você nunca estarás sozinha,
Porque você e só minha, e de mais ninguém.
Pois eu te amo de coração,
Sinto o meu amorzão perto de mim,
Pois é assim que se vive o coração,
De amor e muita paixão.
Aprendiz de Poeta
Se amar se ensinasse, de poeta eu seria aprendiz.
Viveria só de versos, deles tiraria o sustento,
e assim seria ainda mais feliz.
Mas nasci em um país onde não se vive de cultura
mas justamente por ser tão rica,
abandoná-la para cultuar a dos outros para mim seria tortura.
Se todo poeta é um pouco louco,
Então que seja essa a minha loucura;
O mundo, tenho ganas de conhecer e viajar,
Mas triste demais seria partir, sem saber quando voltar.
No seio dessa pátria cresci e é aqui que vou ficar.
Se espaço para meus versos me faltar,
trabalhando como operária seguirei
esse é um preço que estou disposta a pagar:
talvez nunca colher o que plantei.
Mas onde o solo é fértil, a riqueza brota
história boa, passa de pai para filho
e se nunca publicada isso pouco importa.
Se não puder contar, podem ler
E essa é a maior razão:
Dizer que minha raiz é de uma gente forte,
de muita cultura, porém pouca instrução.
Quase nada estudaram,
cedo tiveram que arar a terra e semear o grão,
Tudo o que me foi contado, guardo com estimação.
Mas só vai fazer sentido, se tudo o que for lido for com o coração.
Por isso tudo digo que não sou poeta
Sou só uma pessoa que para ganhar a vida, trabalha com os números
e para não perder a alma, me divirto com as palavras.
Eu pensador
Eu crítico
Nos meus rompantes
Nos momentos excitantes
Penso e crio
Vivo e fantasio
Falo não só de mim, mas também de ti
Poesia é suor
Poesia é descrever um momento maior
VIVO VIVENDO (soneto)
Vivo por viver vivendo a vida somente
Agradecido, sempre, sou eu por ela
Que me dá mais que posso ter dela
Agraciado com dádiva tão presente
E nesta deste amor tão diversamente
Faz dos dias sorrisos, e a alma bela
Em cada passo o bem em sentinela
Onde no peito este ato não é ausente
E a vida vivida na vida, vida me traz
Mutuando o pranto pela felicidade
Quem dela prova, ventura é capaz
De, com alegria, ter a fraternidade
Viver vivamente tudo conseguirás
Levando no ser paz pra eternidade...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
Sexta feira da paixão
