Nem Sabes Chegaste quando eu te Sonhava Poema
garimpo
entre cascalhos pouca a suavidade
passei pela idade e por ela os sonetos
eu os explorei os coloridos e os pretos
fados, todos de amor, e de verdade
e pelas gavetas sonhos ali secretos
cada qual nas prateleiras, dificuldade
suspiros, cometas, e tal multiplicidade
eu só queria estrelas, e sólidos tetos
o meu poetar é engatilhado, infinidade
e nesta esgrima, rima, ares inquietos
e os meus paradeiros, olhares eretos
das fissuras dos desvalidos, a metade
vasculho os sentimentos e quem diria
dos devaneios, garimpei a ousadia...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
22/09/2019
Guaianases, São Paulo, SP
De amor
Eu não tinha nada, ao vir para este mundo
Busquei em cada olhar um abrigo, um amigo
E nesta leitura me fiz mais profundo
No meu eu. Me vi rico, me vi mendigo
Cada tempo, cada minuto, cada segundo
Caminhei junto ou separado, calei e pude falar
Assim o corpo se tornou fecundo
E aprendi como é bom amar
Que na alma só ele vai fundo
E ao partir, nada terei, só o amor pra levar...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
fevereiro de 2016 – Cerrado goiano
Saudade, palavra agridoce da dor
Oh Saudade! Eu tentei tanto
Esconder de ti na melancolia
E ainda te revelas no meu pranto
E na angústia de minha poesia
É de um alguém, um lugar
Se afirmar, estarei a mentir
Se minto é pra me preservar
Se tu vens, rendo-te no sentir
Se povoada está a minha nostalgia
Nas palavras gosto de amarga aflição
Frouxo estão os ponteiros da fantasia
Que ritmam os temperos do coração
É vazio cheio sem que se possa ver
Solidão da alma no pleno amor
Grito na escuridão sem comover
Saudade, palavra agridoce da dor...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
04/05/2011, 01’33” – Rio de Janeiro, RJ
SONETO AMORÁVEL
Eu disse a mim mesmo que viveria sem você
Ledo engano, o meu coração não me obedece
Não sou forte o bastante, como se quisesse
Ser. Repito a cada instante, mereço? Por quê?
Às vezes o tempo fica sem o dia, ali vazio
E a obscuridão da noite me traz a solidão
Nada digo, nada tenho, eterna imensidão
Sem você, o querer escorre pelo beiral frio
Não sei mais ser forte, no horizonte a alma
E eu aqui perdido num labirinto de trauma
Quanto mais tento sair, mais a desarmonia
Eu menti para mim mesmo, até machucar
Que eu saberia poetar sem poder te amar
Aqui eu, ainda, lhe poetando amor na poesia...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09 de novembro de 2019 – Cerrado goiano
copyright © Todos os direitos reservados
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
FELIZ NATAL! Canto de um Sertanejo
Também eu, do cerrado, se o consentes
Quero louvardes em corpo e alma, ao chão
Vergar os joelhos em exaltação, clementes!
Ante o presépio do Menino Jesus, em oração...
Quero cantar, humilde canto ao infante menino
E também a ti, ó Virgem Maria, mãe da salvação
Na noite de Natal, de tão grande e celeste brilho
Encenando o amor, a fé, doadas ao coração...
Então, neste ato de confraternização, eu filho
De pecadores lábios, perdão, e assim cantarão
Tua glória a todo o sempre, que a nós provém
De Ti. Fonte primeira de todo o amor, gratidão:
Feliz Natal! União... Paz e Bem!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Dezembro, 2019 - Cerrado goiano
campo santo
lá tudo é saudade, as lembranças se cobrem de linho
o eu, fica pequenininho, e a tristeza de olhos d’água
lá tudo é manso, o silêncio se faz de flores e espinho
num coração em pranto e em mágoa...
os sinos os serafins bimbalham, tal prece que galgam
os céus!
lá tudo é suspiro, tão alvos... lá as almas resfolgam!
e de lá somos réus...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
03 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
paráfrase Vinícios de Moraes
OUTRO CARNAVAL
Longe do agitado turbilhão da rua
Eu, num oco silêncio e aconchego
Do quarto, relembro, num sossego
Os carnavais com a folia toda nua
Mas a saudade palia de desapego
De desdém, mas numa trama sua
De tal modo que a solidão construa
Lembranças, e assim eu fique cego
Teima, lima, este fantasiado suplício
Dum folião, com o seu efeito de ter
Que no tempo não tenho mais início
Porque a disposição, gêmea do querer
A alegria pura, tão inimiga do artificio
Agora é serenidade e fleuma no viver...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 de fevereiro de 2020, Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Simplicidade (soneto)
Como eu gostaria
Ter a simplicidade
Olhar sem maldade
Queria.... eu queria
Ser igual as emas
Rudes e elegantes
Assim fascinantes
Ser sem dilemas...
Ser, simplesmente:
- Igual uma poesia
- Igual uma pureza
E constantemente:
Ah! gostaria, queria
A vida em singeleza!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2020, 07’01” - Cerrado goiano
motivo
eu alegro porque ainda existo
em uma trova incompleta
se na felicidade insisto
porque sou poeta!
sensato ou tolo nas poesias
deixo-me nas asas do vento
gozo e tormento, nos dias:
assim, sou instrumento...
se nas estrofes tenho cansaço
noutras total inspiração
que são mais que um pedaço:
de emoção, rimo com o coração
hoje o dia universal
de agradecimento, comemoração
que seja de amor total
Feliz Aniversário, então!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
27 de fevereiro de 2020 - Cerrado goiano
paráfrase Cecilia Meireles
ajuste
o relógio rege a hora
o estro rege o verso
a sorte afável senhora
então, sonho eu peço...
o segundo rege a vida
o silêncio cala o momento
tudo está de partida
já o amor, vital sentimento!
então, ajuste a batida!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
26/09/2019
Araguari, Triângulo Mineiro
Alforria
Seria bom, eu queria
Ter uma afeição tua
Uma palavra à revelia
Nada ouço ou vejo na rua
Noturnal, duma noite vazia
Só a lua solitária, fria e nua
me fazendo companhia...
Mas a saudade é sua
ou é minha?
Não importa a quem valeria
se a vida é torta
e reta é a sabedoria
do tempo. Se viva ou morta
a prosa da poesia.
O que voga é o que o amor reporta
aí sim, a paixão tem harmonia
e a permissão, na solidão, exporta...
Alforria!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro, 2016
Cerrado goiano
SONETO ABARROTADO
Cá estou neste um lhano afável poetar
No estribo da rima, "eu te amo", tramo
Porque nos meus versos eu te clamo
E na poesia és meu constante venerar
Não deixes o encantamento no escamo
Nem no peito a fascinação então secar
Grite aos ouvidos desejos atirados ao ar
Pois uma paixão não resiste ao reclamo
E neste soneto abarrotado a sublinhar
Então poderei lhe dizer: - eu te amo!
Sem que o silêncio nos faça ultimar
Vim aqui fazer este breve invocamo
Onde cada sentido busca o teu olhar
Assim, firmar que no amor és reclamo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
reflexo
eu te olho, tu reflete
fico acuado, tu sem nexo
olhar mudo, de canivete
tu espelho, eu perplexo...
© LucianoSpagnol
poeta do cerrado
quinta feira, 19, 2019
Araguari, Triângulo Mineiro
SONETO DE UM AMOR EXCÊNTRICO
Estranho amor este que hoje eu sinto
a saudade incorporou a coisa amada
acorda comigo depois de ser sonhada
e de mãos dadas paira pelo ressinto
E quando lembro, a alma fica apertada
o coração acelera triste num instinto
que não sossega nada o que pressinto
e as tais lembranças põe-se na risada
Carrasco este amor meu, já extinto
me lança aos desejos sem morada
me fere com o passado tão faminto
E numa paixão delirante de um nada
me faz poetar pra este amor destinto
num acorde de excêntrica doce toada
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
14 de junho, 2016
Cerrado goiano
SONETO COM CHARME
Moço, se no tempo, velho eu não fosse
Onde a dor da saudade a apoderar-me
As recordações a virarem um tal carme
E a lentidão em mim se tornarem posse
Ah! Aquelas vontades já me são adarme
O que outrora me era tão suave e doce
Num gosto acre o meu olhar tornou-se
O espelho, um revérbero, a desolar-me
O meu espírito a tudo acha tão precoce
Já o corpo, cansado, soa em um alarme
Na indagação a juventude que o endosse
Da utopia ao caos dum tão triste arme
Envelhecer, como se não fosse atroce
Então, vetusto, tenhas arrojo e charme!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2016, 18 de novembro
Cerrado goiano
SONETO DO AMOR QUERIDO
Ah! Amor! Eu estou por aqui
Podes até ter passado por mim
Se tive de olhos fechados, enfim,
Sem tê-lo é tão ruim, fico por aí
E se são tantos no pouco assim
Não se esqueça que a ti persegui
No coração, quer seja acolá ou ali
Pra então, ornar-te no meu jardim
Quero me dar na emoção só pra ti
Com servilismo e, um doce carmim
De afeto, que do querer eu te pedi
Repousar nas tuas carícias de cetim
E ter a certeza de que nunca desisti
Tu amor querido, és sentido no meu fim...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
bafios
eu era simplista
bastava a valeria
na agonia fui artista
poetando com maestria
na busca de conquista
baixas, também alegria
sem querer ser alarmista
no é fugaz, até a ousadia
abaixou a crista
e as dores em cortesia
fizeram da queixa ritmista...
e o dia, leveza vadia.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
8 de outubro, 2016
Cerrado goiano
ESTIAGEM NUM SONETO
Eu grito por chuva, intensa e forte
pra encharcar o cerrado ressequido
tão sofrido, que clama num alarido
por gota d'Água, num altivo porte
Eu vozeio pelo vento desmedido
soprando humidade num suporte
pra este chão carente e sem sorte
chovendo vida, e o vivo permitido
Também a natureza uiva de morte
aos céus, que acabe o sofrer infindo
tombando a chuva sem ter recorte
O sol regente do sertão, intervindo
se faz ufano, intenso, num aporte...
E a chuva, ah! Essa, não vai caindo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
SONETO NA CHUVA
Quantas vezes, pés descalços, enxurrada
A minha infância, na inocência eu brinquei
Águas em versos, chuva molhada, sopeei:
Quantas vezes eu naveguei na sua toada?
Na narração me perdi, no tempo maloquei
As lembranças ali no passado deixada
De memórias fartas, meninice, criançada
Aqui no peito guardada, e nelas estarei...
Céu cinza do cerrado, nuvem carregada
Deixa chover, pois só assim eu alegrarei
Da varia recordação da pluvial derivada
Pingo a pingo, trovoada, no outrora voltei
Água na cara, cachoando na alma calada
De saudades, neste soneto na chuva, falei!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Dezembro, 2016
Cerrado goiano
Linha
Eu poeto de mim, daqui
nesta câmera surreal
por este fio vocês dai
numa transmissão corporal
por esta linha dual, agruras
em diversas camadas
solidão sem gravuras
felicidades sem risadas
assim, nesta comunicação
de passa e repassa, a voz
camuflada de significação
em versos mansos ou feroz
que se imprime da emoção
num linguajar em cadência
lembranças e boa paixão
na alma em total evidência
em cada trova um avesso
do reverso do meu daqui
cada verso o meu confesso
para vocês daí...
Instantâneos do meu poeta imerso...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
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