Náufrago
NÁUFRAGO
(Poema a 44 mãos)
Itinerante, percorro o mundo.
Mundo mundo vasto mundo. (Carlos Drummond)
Absorvido, dou-me ao trabalho,
contam comigo, não falho. (Millôr Fernandes)
Em breve, vou partir. Mas, neste momento,
de tudo ao meu amor serei atento. (Vinícius de Moraes)
A próxima e longa jornada está para acontecer.
Uma ânsia de estar e de temer. (José Saramago)
O avião decola. No Pacífico, cai de repente.
Inteiro se desata à minha frente. (Carlos Drummond)
Único sobrevivente, chego à praia de claras areias.
Com suas poucas palmeiras, (Castro Alves)
percebo-me só, nesta falsa miragem.
Meu Deus, me dê a coragem. (Clarice Lispector)
Não sei o que faço, se fico,
se desmorono ou se edifico. (Cecília Meireles)
Tudo parece um sonho, em demasia.
Passou-me essa fantasia. (Machado de Assis)
Tenho, ainda, na vida que mareia,
perguntas que insistiam na areia. (Pablo Neruda)
Sem ninguém para aqui amar,
tomarei banhos de mar. (Manuel Bandeira)
Quando tento o fogo, vem o corte, a dor.
Eu sou apenas um pobre amador. (Tom Jobim)
Na ira e na dor, enlouqueço e tudo sai voando.
Almas estão no peito trespassando. (Luís de Camões)
Agora calmo, pego a bola e penso: que assim seja,
a mão que afaga é a mesma que apedreja. (Augusto dos Anjos)
Preciso de um amigo a meu lado.
Não me basta saber que sou amado. (Olavo Bilac)
Penso na minha vida, na minha história,
porque a minha pátria é a minha memória. (Guimarães Rosa)
Escrevo em Wilson o que quero transcrito,
ou aquilo que quer ser escrito? (Sandra Boveto)
Perceba, meu amigo resiliente,
é solitário andar por entre a gente! (Luís de Camões)
Entre tantas dores, traz um sofrido dente
a dor que deveras sente. (Fernando Pessoa)
O tempo passa, e aprendo com muita sobra:
sofrer vai ser a minha última obra. (Paulo Leminski)
O presente é aqui, agora ao meu lado.
Nunca o presente é passado. (Machado de Assis)
Sozinho por anos, vivi bem, vivi são.
Tudo é vaidade neste mundo vão. (Florbela Espanca)
Mas chega. Quero voltar à minha vida
numa fuga para o ponto de partida. (José Saramago)
Pego a frágil jangada e sigo sem norte.
Tudo vem, tudo vai, do mundo é a sorte. (Alphonsus de Guimaraens)
Nas águas, Wilson cai e se vai na incerteza.
Uma névoa de sentimentos de tristeza. (Fernando Pessoa)
E penso: essa bola foi amiga inestimável,
foi tua companheira inseparável. (Augusto dos Anjos)
Ainda que não viva, o que não quero, deixei a masmorra.
Não permita Deus que eu morra, (Gonçalves Dias)
sem que volte para casa.
TEU OLHAR
Teu olhar
É uma estrela no céu, no céu,
Mar azul,
E um náufrago, sou eu,
Tuas retinas,
Sempre na luz.
Pois teus olhos
Também é o sol.
Lindo, infinito
O mesmo sol sobre mim
El sol calliente,
Qui ay de brillar
Aqui em la plaia.
_________________
naeno*comreservas
Sou um náufrago do amor, ilusões e desejos, que não sei controlar, mas aguardo o regaste que tu podes me proporcionar.
Oh marinheiro dos sete mares
Meu náufrago da solidão
Vou "hangariar" novos lugares
Para te guardar a embarcação
Neste abrigo não há luares
Mas tempestades de paixão
(hANGARIANDO BELEZA)
Ilha de pedra
Desesperou-se em fuga e remou forte, com muito peso de bagagem em tempestade naufragou
Flutuava sobre as águas inconstantes, adormeceu, o que sonhava em paz por instantes acordou
Não sabia onde estava, era frio incessante, doía nos ossos, sua alma amedrontou
O nascer do sol levava calor, sede, fome e esperança a quem se perguntava “quem sou?”
Não cessou seu inferno solitário, era muito quente, sua intensidade rugia e se desfazia
Não se pode ficar tanto tempo exposto ao sol, garganta seca, pouco gritava, pouco dizia
Neste mar de pedra não há abrigo que resfria, que agonia
Ali adiante haviam as águas e um vasto precipício de onde saltar
O medo das pedras afiadas exaltavam o grande risco de se detonar, machucar
O quão profundo e seguro seriam aquelas águas pra se mergulhar?
Quanto tempo sobreviveria ao sol a desidratar e queimar?
O impiedoso tempo indagava e obrigava uma escolha sábia tomar
Não se sabe como partiu
No fim desta história sabe-se apenas que foi o sol ou mar
Não é o sussurro ao pé do ouvido na calada madrugada
Não é ser naufrago em mar aberto
Não é a besta que te arranca os dentes
Não é a tua doença congênita, ingênua
É o choro desacompanhado do sono
É o afogar no próprio calar
É ser de si, o próprio algoz
É adoecer sozinho e nada poder falar
O tempo passa na garganta como navalha
E vocês, juntos passam também
Quanto mais sozinha fico, mais o peito envelhece
Quanto mais sozinha fico, mais o corpo me aceita ceifar
Não posso reclamar abrigo, porque o abrigo pra mim é inimigo
Não posso me apoiar em nenhum amar, porque não há amor a se cobrar
Não posso respirar, o medo me roubou o ar
Não posso gritar, pois qualquer som o pode acordar
Não sei o que fazer, não tenho onde ficar
Talvez o que me reste agora mesmo seja o pesar
Pela felicidade que nunca vou ter
Pela paz que nunca irei encontrar
Um copo de vinho
Duas taças de amor
Lembranças ao vento
De quem me amou
Coração vazio
Um náufrago do amor
Perdido no abismo
De quem me amou
Detalhes eu me lembro agora, não
Como era antes, flores, versos, vinhos
Amores de amantes acabou
O que era pra sempre amou
JAMAIS DESISTIR DA LUTA PELA VIDA
Sou,
Sobrevivente náufrago à procura
de sinais de terra,
Combatente assustado, atrás de abrigo,
em meio à guerra
Enquanto luto,
O tempo parece parar.
Me desespero, mas me agarro à vida,
não importa se feliz ou sofrida.
Mais forte!
Como parar de lutar, não contra o homem,
mas contra o desconhecido?
Forças brutais, desconhecidas até então,
se agigantam.
Chamo a Deus repetidas vezes e as venço.
O corpo abalado, com novas e indeléveis marcas;
O espírito, porém, mais forte ainda.
Vivo!
Jamais me entregar, conscientemente, à própria sorte.
(2009 - depois de cair entre as pedras da costeira)
ALQUIMIA DE NAUFRÁGIO
Numa alquimia sem bruxo
Altas ondas suportou
Mesmo náufrago, sem susto
Desespero afastou
Entre o fluxo e o refluxo
Tanta coisa que passou
Foi bem forte o repuxo
Algo em si muito mudou
Hercúleo esforço sem ter luxo
Novo porto ancorou.
O náufrago desespera-se ao ter que pular de um navio em naufrágio, assim como a alma ao ter que deixar um corpo falecido.
Não houve mais um dia se quer, sem que o Náufrago insistente na vida pedisse a Deus por água? Ou deixasse de lembrar da sua intensa sede, mais existe sede maior muito mais atingível do que qualquer naufrágo em ilha incerta poderia enfrentar, pessoas negam o fato verídico que as rodeiam, traumas e erros que tentam esconder dores notáveis incapazes de sumir, uniões maléficas na constante busca do Amor, enganos vigentes poder riquezas tudo vaidade, nada se é adquirido a não ser mais ilusões oque não será o bastante para alguém muito insistente ainda correr atrás de saciar sua sede da alma, perdição isso que é, Porém! muito mais que a profundidade do oceano é o Amor de Deus! Na terra no fluxo maligno das guerras da fome da miséria das pestes vozes gritam onde está tal Amor? Onde está Deus? Mais só se pode ter aquilo que se procura O senhor disse
"E buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração."
O mundo está repleto de incógnitas mais Cristo é a única reposta.
Náufrago.
Dedicado ao filme Náufrago
Uma profissão...
Uma história para contar...
Observando sempre a vida...
Obcecado...
Sedento...
Admirador dos ventos...
Tentando sempre controlar o tempo...
O relógio...
Como de fato nunca parou...
Os ponteiros...
Sempre foram iguais aos outros...
O tic-tac silencioso...
Acompanhado pelo sol...
Uma aeronave na pista...
Uma decolagem perfeita...
Um amor jovem...
Naquele momento...
Foi deixado para trás...
Uma pani no Ar...
Mas em pleno Ar...
Algo aconteceu...
A aeronave em um declive louco...
Extra acentuado...
Naquele capítulo da vida...
Parece que tudo ficou encerrado...
Para sobreviver aquela queda...
Nem me lembro como tudo aconteceu...
Mas quando eu abri os olhos da alma...
Em uma ilha deserta eu ja estava...
Pequenos destroços...
Comigo acompanhou...
Ali ficou eu...
Alguns pertences...
Uns meus...
Outros desconhecidos...
Tudo que eu tinha passado até alí...
Nada se compara...
Aos quatro anos que vinha na frente...
Mas como eu ia adivinhar...?
Uma jornada...
Uma nova história...
Uma nova vida...
Fiz amarras...
Queria eu me enforcar...
Testei o laço feito...
Mas de fato...
Não tinha chegado a minha hora de ir...
Foram anos...
Comendo e bebendo água de coco...
Frutos do mar...
Mas deu pra sobreviver....
Dente inflamado...
Uma bola de vôlei para me acompanhar...
Apenas queria um companheiro...
Para eu desabafar....
Com as feridas da carne...
Desenhei o Wilson...
Era com ele que eu chorava...
Era com ele...
Que tudo eu falava....
Foram momentos tiranos...
Foram dias e meses...
Foram invernos e primaveras...
A barba cresceu...
Os cabelos se alongaram...
Um estilo de sobrevivência diferente...
De tudo que eu tinha vivido...
Insano...
Louco...
Falei com o Wilsom...
Falei com o fogo...
Falei com os ventos...
Falei com as estrelas...
Falei até com o mar...
Oh vida...
Será se um dia...
Eu ainda irei voltar....?
O coração se apaixonou rápido...
E eu aqui...
Estou aqui...
Em algum ponto do oceano....
Encalhado e isolado de tudo...
Isolado da sociedade...
Isolado das pessoas...
Ah Wilson...
Feliz estou por ter te criado..
Embora és uma simples bola murcha...
Mas redesenhada...
Não é para menos...
Não é para mais...
Aqui...
Alem de você...
Resta-me um retrato...
De minha amada...
Amanhã será outro dia...
Quem sabe o tempo...
E os ventos nos ajudem...
A sair dessa ilha isolada....
Encalhamos juntos...
E se é que juntos chegamos aqui...
Sairemos juntos...
Em alguma jangada...
Tão longe...
E oculto dos olhos humanos...
Estamos....
De onde estávamos ontem...
Olha só....
Um navio cargueiro....
Socorro de imediato...
Acima de mil e quinhentos dias naquela ilha...
Sabe lá onde é...
Arrisquei a vida...
Rabisquei nas pedras...
Um dia talvez...
Alguém possa ler...
Saberão que passou ali um homem...
Mas jamais decifrarão...
Os dias de glória...
E os dias amargos...
Encontrado no meio do oceano...
Encontrado no meio do nada...
Cheguei novamente ao meu lar...
Mas....
Tudo está mudado...
Ja tinham me dado como morto...
Desaparecido...
Engolido por grandes feras marinhas...
E minha amada...
Nos braços de outro alguém...
O que me resta...
É seguir...
Caminhar....
Viver...
Náufrago por náufrago...
Ja estou afundado....
Deixar tudo que vivi...
É impossível....
Mas de um certo modo...
Vou tentar salvar algo que ainda me resta....
Antes daquele vôo eu era um...
Naquela ilha...
Eu fui outro...
Eu sou agora...
O mesmo náufrago...
Em um oceano diferente...
Em uma ilha conhecida....
Em uma sociedade arrumada...
E sei eu...
Ah como sei....
Só preciso continuar...
Só preciso me manter vivo....
Porque quem sabe o futuro...
Me proporciona algo de bom...
E dessa história que eu levo...
Vou tentar ativar o meu lado catalizador...
Criar um tipo de energia...
Um tipo de química...
E tentar rejuvenescer....
E viver mais....
Vou em busca de mobilizar sonhos...
Andar com sonhos...
Viver com sonhos....
De tudo que eu vivi...
Nem sei se mereço aplausos....
Foi pesadelo....
Foi ou está sendo fantasia e poesia....
Aspirando eu vou...
Respirando eu volto....
Somente sei...
Que fui movido por algo....
Mas não sei....
Se preciso de um terapeuta....
Sei lá...
Talvez....
Mas uma palavra final eu quero deixar....
Os dias que vivi naquela ilha....
Jamais desejo....
Nem para o pior inimigo meu....
E querem mesmo saber...?
Acho que o melhor dos sonhos....
Está mesmo é nas prateleiras de alguma panificadora da vida...
E por final....
Eu sei que preciso....
Ser no mínimo....
Melhor que ja fui.....
Até hoje....
Autor:Ricardo Melo.
O Poeta que Voa.
Sigo... eu consigo
Só tenho de continuar respirando
Tal náufrago tenho de continuar tentando.
Ondas me submergem.
Nada à vista.
Mas também não há lugar pra ir.
Perambulo.
Na próxima esquina o escuro.
Nada do outro lado do muro.
Ruas desertas.
Sentidos em alerta.
Titubeio... vacilo... hesito
Ondas de frio me submergem.
Lembranças me consomem.
Por que o amor vem... e some?
Visões de oásis...
Sonhos vãos?
Nada é em vão...
Sigo.
Um porto seguro...
Alguém trará amanhã consigo?
Amanhã o sol vai nascer...
Quem sabe o que a maré vai me trazer?
Sigo...
...
consigo!
Eu sou imensidão de amor, as vezes me náufrago em me mesmo, mais não me deixo levar pela correnteza do ódio; vou sempre na direção da Luz, e do amor verdadeiro.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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