Nascemos Chorando Mundo de Dementes William
Tenho um pequeno problema com a premissa da ditadura celestial.
(Stephen Hawking)
Não sei sentir, não sei ser humano,
Não sei conviver de dentro da alma triste, com os homens,
Meus irmãos na terra.
Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático, cotidiano, nítido.
Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo.
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual, e eu sofri.
Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos.
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda gente.
Mas para toda gente isso foi normal e instintivo.
Para mim sempre foi a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto demais ou de menos.
Seja como for a vida, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cotar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar pulos, de ficar no chão,
De sair para fora de todas as casas, de todas as lógicas, de todas as sacadas
E ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos.
Nota: Techo do poema "A Passagem das Horas"
Gastamos muita energia quando queremos ter razão. Melhor é mudar de postura. Discordar com o silêncio.
Grilos
O Grilo Falante saíra pelo mundo e assim chegara a China, onde encontrara outros grilos submetidos a uma triste sina: eram obrigados a lutar entre si para diversão de uns poucos espectadores. No meio deles o Grilo Falante se destacava, sobretudo, porque falava duas línguas: a dos humanos e a dos grilos. O que considerava uma dádiva do destino. Era uma oportunidade para que assumisse o papel de defensor dos oprimidos. Assim como Espártaco liderara uma revolta de gladiadores, ele lideraria os grilos não falantes numa rebelião. Empolgado, fazia discurso atrás de discurso: “Nós grilos, somos vitimas dos humanos!” Proclamava. “Eles fazem com que a gente se mate, e para quê? Para que tenham diversão, uma diversão cruel, doentia...uni-vos, grilos! Nada tendes a perder, a não ser a vossa condição de escravos!”
No começo os grilos ficaram perplexos, sem saber o que fazer, mas aos poucos foram se entusiasmando com a pregação e acabaram autorizando o Grilo Falante a negociar com os humanos, condições de vida mais justas. O Grilo Falante disse aos proprietários dos grilos que nada tinha a ver com política. O que ele queria era proteção para seus companheiros. E listou suas condições: as lutas, daí em diante, deveriam ser apenas simuladas, de brincadeira. A caixa em que lutavam seria confortável, com ar condicionado. Os grilos teriam direito a ração dupla de alimento e, etc...
Na falta de alternativa, os donos dos grilos aceitaram as condições. Mas estão atrás do Pinóquio. Pagarão a ele qualquer quantia para que leve o Grilo Falante embora da China.
Reflexão: Os mais espertos se sobressaem sempre sobre os demais.
O mundo é um poço de miséria, maldade, sujeira e sofrimento; esse poço não tem fundo;nascemos em prantos, e logo um médico idiota qualquer, que ainda acha que pode ter algum poder sobre a vida e a morte nos dá umas palmadas no traseiro, como para salientar que o inferno mesmo é aqui.
Nascemos neste mundo é a partir do momento que compreendemos as coisas percebemos que morre um pouquinho da gente a cada despedida de um querido ente. E os que vencem as barreiras do tempo sente o pesar da partida de tantas pessoas queridas, que nos deixam boas lembranças mas carregam um pedaço de nós. Porque ficamos diminuidos, sentindo um determinado vazio existencial daqueles os quais aprendemos a amar e considerar de uma forma incondicional.
Num mundo repleto de contradições, o maior erro inato nos invade, pensamos que nascemos para a felicidade, e assim, de decepção, enchemos a estrada.
Desde cedo nos dizem que o mundo é generoso, que há muito a nos oferecer, a conquistar, e acreditamos mesmo que há tanto a ser encontrado em um mundo cheio de encantos, ingerimos ingenuamente a ilusão de que o mundo nos preenche, mas descobrimos, desiludidos, o vazio, onde a promessa de alegria não se mantém. Não atoa trazem os idosos em seu olhar, expressões de desapontamento, tão sombrias assim, pois sabem que o mundo não traz consolo, e a felicidade não está nos planos. Eles carregam consigo a expressão da desilusão, o peso do sentimento de acreditar que a felicidade era o destino a nos encontrar.
A vida, que não possui valor intrínseco, segue adiante pelas necessidades que temos, e pelas ilusões que nos mantêm em movimento, sempre em busca de algo que nem sabemos bem o quê.
A felicidade, ilusão dos planos traçados, não está contida no nosso percurso comum. Buscar ser feliz soa como ambição vazia, pois a felicidade é dádiva, é presente do além, que o cosmos nos brinda com momentos de pura sorte. Ditadura da alegria, busca incessante pela felicidade ideal, enquanto descobrimos que é no aprendizado que está o real.
E a dor? Ah, a dor é companheira fiel, realidade fundamental, verdadeira. Por vir, há dores e mortes, inevitáveis passagens, e em face desses desafios, quem seremos nós? A jornada revela nossa verdadeira natureza, revela a força que abrigamos em nossos seres, exige respostas que não temos, nos faz questionar o que somos de verdade.
Nas contradições, encontramos lições, as acolho como sábios e íntimos irmãos.
O mais cômico é que em meio a esses paradoxos enxergo a beleza do viver, e surge outro grande paradoxo, o de sorrir diante da dor.
Não é difícil perceber que a dor em si não nos arrasta ao abismo do niilismo, pelo contrário, revela sua função vital, ao confrontar-nos com o que é mais profundo. A dor nos impele a questionar e buscar respostas, e é a arte que converte lágrimas em pensamentos grandiosos, sofrimentos em ensinamentos, e esse em sabedoria.
Você não precisa conhecer todas as pessoas do mundo para aprender que todos erram, mentem, traem e tem um lado verdadeiramente traiçoeiro. Se você conhece a si mesmo terá consciência disso.
Sabe quando você acha que conhece alguém? Mais do que qualquer um no mundo? Você sabe que entende a pessoa, porque a enxerga de verdade. E então você tenta se aproximar, e ela... desaparece. Você achava que pertenciam uma à outra. Achava que ela era sua, mas não é. Você quer protegê-la, mas não pode.
É assim quando você se apaixona. Parece que você se torna a pessoa mais especial do mundo. Parece surreal. Seu coração fica disparado.
