Nao Tente Adivinhar o que
Hoje sei que não vou morrer.
Vou aproveitar esta imortal certeza, para imortalmente amar-te. Vou sugar todos os indesatáveis infinitos e colocá-los no teu abraço, nesse lugar que me faz viver. Respondo a todos os indecisos outonos, com este frondoso pulsar, onde as árvores vestem a indumentária dos poentes.
E todos os dias vou morrer a amar-te.
Continuo
a abraçar-te
mesmo quando
tu não dás por isso.
Continuo
a beijar-te
quando a tua boca
é mar e a minha boca
é um poente.
Continuo
a olhar para ti
mesmo que tu
não me vejas.
Continuo
a ser o Outono
que se desfolha
quando tu passas.
Continuo
a amanhecer
nos teus olhos
quando abres
a janela do
teu quarto.
Continuo
a viver e a morrer
como um poema
nos teus dias de chuva.
Não quero amar-te como a Lua ama Vénus e vice-versa. Permanecem num cósmico silêncio, intocavelmente estatuados no Universo.
Quero amar-te como as flores amam a Primavera.
Quero amar-te como os poentes amam o horizonte. Quero amar-te como as canções dos rios a desaguarem nas vozes dos mares.
Quero amar-te como um poema de Amor que ama toda a poesia que existe em ti e em mim.
A verdade não é aquilo que tu vês quando olhas para o espelho. A verdade é aquilo que acontece quando o espelho olha para ti.
Meu amor
quando fores caminhar
não esqueças de vestir
aquele radiante sorriso
que eu te ofereci
quando acordaste.
Somos livros.
Por vezes, não somos nós que viramos a página ao livro, inesperadamente, é o próprio livro que vira a nossa própria página.
É doloroso sentir a falta de alguém que já não está vivo.
E é muito escuro sentir a falta de quem está vivo.
Quando não estou
perto de ti:
gostaria que tu
pudesses
sentir o meu
apertado abraço,
aquele que eu te dou,
quando fecho
os meus olhos.
