Nao Obrigo que Ninguem Goste de Mim
As obras de arte dividem-se em duas categorias: as de que gosto e as de que não gosto. Não conheço outro critério.
É monstruoso dizer-se que o artista não serve a humanidade. Ele foi os olhos, os ouvidos, a voz da humanidade. Sempre foi o transcendentalista que passava a raios X os nossos verdadeiros estados de alma.
Nunca cometi um erro na minha vida, pelo menos um que eu próprio, mais tarde, não pudesse explicar.
A filosofia não é um meio de descobrir a verdade. Mas é, como a arte, um processo de a «criar».
A grandeza do homem está em ele se reconhecer como miserável. Uma árvore não se dá conta da sua miséria.
Realmente, não creio na alma humana, nem nunca cri. Tenho a convicção de que as pessoas são como as malas: cheias de coisas diversas, são expedidas, atiradas, empurradas, lançadas ao chão, perdidas e reencontradas, até que, por fim um Último Transportador as atira para o Último Comboio.
O amor arranca as máscaras sem as quais temíamos não poder viver e atrás das quais sabemos que somos incapazes de o fazer.
Ele fixara em Deus aquele olhar de esmeralda diluída, uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Às vezes, quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a instintiva humildade do cachorro, o gato não é humilde, traz viva a memória da sua liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo.
Quando o coração pode falar, não há necessidade de preparar o discurso.
Podemos muito bem perguntar-nos: o que seria do homem sem os animais? Mas não o contrário: o que seria dos animais sem o homem?
