Nao me Importo com o que Pensam a meu Respeito

As pessoas felizes não acreditam em milagres.

Um saber múltiplo não ensina a sabedoria.

A riqueza não consiste na possessão de tesouros, mas no uso deles.

A grandeza do homem está em ele se reconhecer como miserável. Uma árvore não se dá conta da sua miséria.

Os sentimentos não devem ser lógicos. Perigoso é o homem que racionaliza suas emoções.

A alma humana é feita para não estar sozinha.

O elogio que se conquista em não se deixar ofender supera a glória que se ganha vingando-se.

As nossas maiores dissimulações são desenvolvidas não para esconder o que há de ruim e feio em nós, mas o nosso vazio. A coisa mais difícil de esconder é aquilo que não existe.

Uma verdade claramente compreendida não pode ser escrita com sinceridade.

Existem duas espécies de idiotas: aqueles que não duvidam de nada e aqueles que duvidam de tudo.

No fundo, sinto que a minha vida é sempre governada por uma fé que já não tenho. A fé tem isto em particular: mesmo quando desaparece, continua a agir.

Não se compõe uma sabedoria introduzindo no pensamento os resíduos diversos de todas as filosofias humanas, tal como não se fica com saúde engolindo o conteúdo de todos os frascos de uma velha farmácia.

Não é a fome, mas, pelo contrário, a abundância, o excesso de energias, que provocam a guerra.

As melhores coisas na vida não são coisas.

O saber que não vem da experiência não é realmente saber.

As mulheres vêem tudo ou não vêem nada, segundo as disposições da sua alma: a única luz delas é o amor.

A vida humana não tem só um nascimento, só uma infância, é feita de vários renascimentos, de várias infâncias.

A verdade não é a estrada para a riqueza.

O amor não é uma futilidade ou um divertimento; é um sentimento profundo, que decide de uma vida. Não há o direito de o falsificar.

Geometria dos ventos

Eis que temos aqui a Poesia,
a grande Poesia.
Que não oferece signos
nem linguagem específica, não respeita
sequer os limites do idioma. Ela flui, como um rio.
como o sangue nas artérias,
tão espontânea que nem se sabe como foi escrita.
E ao mesmo tempo tão elaborada -
feito uma flor na sua perfeição minuciosa,
um cristal que se arranca da terra
já dentro da geometria impecável
da sua lapidação.
Onde se conta uma história,
onde se vive um delírio; onde a condição humana exacerba,
até à fronteira da loucura,
junto com Vincent e os seus girassóis de fogo,
à sombra de Eva Braun, envolta no mistério ao mesmo tempo
fácil e insolúvel da sua tragédia.
Sim, é o encontro com a Poesia.

(Poesia feita em homenagem ao poema Geometrida dos Ventos de Álvaro Pacheco)