Nao me Importo com o que Pensam a meu Respeito
Carnaval era meu, meu. No entanto, na realidade, eu dele pouco participava.
Nota: Trecho do conto Restos do Carnaval.
...MaisMas o problema é que você, meu caro, nunca saberá nem eu lhe poderei nunca dizer como se traduz, em mim, aquilo que você me disse. Não falou turco, não. Eu e você usámos a mesma língua, as mesmas palavras. Mas que culpa temos nós de que as palavras, em si, sejam vazias? Vazias, meu caro. Ao dizê-las a mim, você preenche-as com o seu sentido; e eu, ao recebê-las, inevitavelmente preencho-as com o meu sentido. Pensámos que nos entendíamos; de facto, não nos entendemos.
E conto velho também é o facto de o sabermos. Eu não pretendo dizer nada de novo. Apenas volto a perguntar-lhe:
- Porque continua, então, a proceder como se não o soubesse? Porque continua a falar-me de si se sabe que para ser para mim como é para você mesmo e para eu ser, para si, como sou para mim, seria preciso que eu, dentro de mim, lhe desse a mesma realidade que você dá a si mesmo, e vice-versa, e isso não é possível?
Como eu queria agora ir para a sua casa, deitar na sua cama, ouvir a sua voz, esquentar meu pé na sua batata da perna.
Dizem que do mundo todo nada ainda eu descobri, mas de que vale o mundo todo, se todo o meu mundo é aqui ?
"E eu continuo indo, seguindo meu caminho. Mudando, errando, mas principalmente, aprendendo com o que eu erro. Não me preocupo se minha evolução é lenta, contanto que ela seja pra melhor."
Quero captar o meu é. E canto aleluia para o ar assim como faz o pássaro. E meu canto é de ninguém. Mas não há paixão sofrida em dor e amor a que não se siga uma aleluia.
Ela também teve seu coração machucado. Dilacerado, imagino. Normal. Desse mal, meu bem, ninguém escapa.
Esse papo meu tá qualquer coisa
E você tá pra lá de Teerã, qualquer coisa
Você já tá pra lá de Marraqueche
Mexe
Qualquer coisa dentro, doida
Já qualquer coisa doida Dentro mexe
Está tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo – taquicárdico, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: it’s all right man, I’m just bleeding. Está limpo. Sem ironias. Sem engano.[...] continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar.
Que nenhum gesto meu aperte o seu coração, intimide o seu riso, acorde o seu medo, machuque a sua espontaneidade.
Ó MEU DEUS
Ó meu Deus,
se esta é a distância
que separa a mocidade
da infância,
se são teus
estes modos de verdade,
que outros hei de querer meus?
Ó meu Deus,
se este é o caminho
que traça a tua bondade,
devagarinho
farei seus
meu amor, minha saudade,
e em tudo serei adeus.
A neve cai. Há uma mulher nua no meu quarto. Os olhos pousados na carpete cor de vinho. Tem dezoito anos. E os seus cabelos são lisos. Não fala o idioma de Montreal. Não se quer sentar. Não parece ter a pele arrepiada. Ficamos os dois a ouvir a tempestade.
As pessoas me olham dos pés a cabeça, observam meu jeito, meu comportamento, minhas roupas, meu cabelo, e já acham que me conhecem o bastante pra me julgar.
Volto-me então para o meu rico nada interior. E grito: eu sinto, eu sofro, eu me alegro, eu me comovo. Só o meu enigma me interessa.
Coloque um espelho no meio do meu caminho entre a lavanderia, o supermercado o sapateiro, o colégio e a locadora. E que ao me olhar eu goste do que eu veja. Não deixe que eu passe uma semana sem usar um batom bem vermelho, ou uma bota bem alta ou um jeans bem justo. Proteja meus cabelos do vento e os brincos dos olhares invejosos. Que nunca falte na minha vida comédias românticas e boas depiladoras. Deixe que eu feche os registros e as janelas. Mas por favor, abra algumas portas. Se eu estiver com vontade de chorar, faça com que eu chore um dilúvio. E que tenha saído de casa sem pintar o olho. Para cada dia de TPM, me dê uma vitrine com sapatos lindos. Já que eu nunca pedi milagres, faça com que minhas celulites sejam ao menos discretinhas, me dê saúde, tempo livre, silêncio. E um dermatologista de confiança. Também vizinhos tolerantes que não perguntem porque eu corro na esteira depois da meia-noite. Dê forças para eu insistir que meu filho coma salada, diga obrigada, limpe a boca no guardanapo, faça as pazes e puxe a descarga. Cegue meus olhos para as sujeiras nos cantos e para os brinquedos no meio da sala, não deixe que minha testa fique franzida como uma saia plissada. Ajude para que eu chegue do trabalho e ainda consiga brincar, fazer cosquinha, pintar dentro da linha preta. E se eu não tiver a menor condição de me manter em pé, faça com que as crianças voltem dormindo da escola. Dê firmeza para os meus seios e os meus argumentos. Entenda se eu pintar as unhas e roer tudo depois. Faça com que o sol seja meu personal trainer, meu complexo de vitaminas, meu carregador de bateria mas quando eu pedir um diazinho de chuva não pergunte por quê. Afaste os homens que não elogiam e os que buzinam antes de abrir o sinal. Proteja minhas poucas horas de sono e não me julgue mal caso eu não acorde de madrugada para cobrir meu filho. Que o trabalho não seja bom somente no dia de pagamento. Para cada batata quente, me dê um café recém passado. Ilumine o espelho do banheiro e proteja minhas pinças, meus cremes e segredos. Entenda quando eu oro para cancelarem uma reunião não é gastar oração à toa, pode ter certeza. Faça com que eu siga a dieta e a intuição. Ajude a não faltar gasolina, não furar pneu, não arranhar calota. E afaste os motoqueiros do meu retrovisor. No meio de tudo isso faça com que eu ache tempo para virar namorada de novo, ir ao cinema, jantar fora, beijar na boca, dormir abraçadinha. Por mais complicado que seja o meu dia faça com que ele termine, e não eu...
Ele: Meu amor, se eu morrer, você vai ficar muito triste?
Ela: Claro, meu anjo! Nem penso nisso. Eu não conseguiria mais viver... Mas por que você perguntou isso?!
Ele: Por que se é assim, ainda que aconteça algo terrível, que eu entre até em coma profundo, eu te prometo que vou lutar com todas as forças para não morrer primeiro que você...
Virás comigo, disse sem que ninguém soubesse
onde e como pulsava meu estado doloroso,
e para mim não havia cravo nem barcarola,
nada senão uma ferida pelo amor aberta.
Repeti: vem comigo, como se morresse,
e ninguém viu em minha boca a lua que sangrava,
ninguém viu aquele sangue que subia ao silêncio.
Oh, amor, agora esqueçamos a estrela com pontas!
Por isso quando ouvi que tua voz repetia
"Virás comigo", foi como se desatasses
dor, amor, a fúria do vinho encarcerado
que da sua cantina submergida soubesse
e outra vez em minha boca senti um sabor de chama,
de sangue e cravos, de pedra e queimadura.
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