Nao Ha Tempo para Errar

Há pessoas que, da moral, só têm um pedaço. É um tecido de que nunca farão um fato.

Uma obra em que há teorias é como um objecto no qual se deixa a etiqueta do preço.

É que há tantos malvados neste mundo, que nem vale a pena reter aqueles a quem apetece sair dele.

Há cem poéticas para um poema.

Sempre há uma saída para qualquer problema, por mais complexo e difícil que nos pareça.

DO MAR

Aqueles de um país costeiro, há séculos,
contêm no tórax a grandeza
sonora das marés vivas.
Em simples forma de barco,
as palmas das mãos. Os cabelos são banais
como algas finas. O mar
está em suas vidas de tal modo
que os embebe dos vapores do sal.
Não é fácil amá-los
de um amor igual à
benignidade do mar.

Há pessoas a quem se tem afeição porque agradam, e outras que só agradam porque se lhes tem afeição. Gosta-se mais das primeiras quando estão presentes e das outras na sua ausência.

Há poucas maneiras em que um homem possa ser mais inocentemente ocupado do que a arranjar dinheiro.

Há homens que parecem grandes no horizonte da vida privada e pequenos no meridiano da vida pública.

No mundo apenas há duas classes de homens: os que têm e os que ganham. Os primeiros deitam-se, os outros agitam-se.

No grande artista há uma falha a preencher e no pequeno uma falha a compensar. O primeiro nunca o consegue.

Na terra há lugar para todos.

Há aqueles cujos desejos se cumprem. O que interessa é desejar, por mais que nada haja de concreto.

O trabalho está em todo o lado e o sofrimento também: só que há trabalhos estéreis e trabalhos fecundos, sofrimentos infames e sofrimentos gloriosos.

Há homens que hoje crêem pouco ou nada, porque já creram muito e demasiado.

Há uma espécie de prazer na lamentação, e maior do que aquilo que se pensa.

Entre todas as diferentes expressões que podem reproduzir um único dos nossos pensamentos só há uma que seja a boa. Nem sempre a encontramos ao falar ou escrever; entretanto, o fato é que ela existe, que tudo o que não é ela é fraco e não satisfaz a um homem de espírito que deseja fazer-se entender.

Três mais há neste mundo pelos quais anelam, pelos quais morrem e pelos quais matam os homens: mais fazenda; mais honra; mais vida.

Só há progresso, descoberta, na direção da morte.

Apenas há princípios imortais, visto que, no dia em que um princípio morre, apercebemo-nos de que se tratava simplesmente dum paradoxo.