Nao estou Sozinha

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Não estou ignorando você. Estou apenas esperando você falar comigo primeiro.

Estou careta, não bebo, não tomo drogas, não estou mais na noite; estou tratando de mim de um jeito que nenhuma babá trataria. Nunca tinha ido a um médico até os 30 anos... eu não sabia que tinha um corpo e que ele podia falhar um dia.

Estou por aí, agora. Penso nele, sim, penso nele. Mas não vou ceder. (...) Me dói não ter podido mostrar minha face. Me dói ter passado tanto tempo atento a ele — quando ele nunca ficou atento a mim. E eu passei tanta coisa dura.

Refugio-me nas rosas, nas palavras. Pobre consolação. Estou inflacionada. Não valho nada.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto.

“Não estou vivendo perigosamente. Troquei o perigosamente,
pelo INTENSAMENTE, INCONSEQUENTEMENTE, APAIXONADAMENTE.

Não há perigo. Perigoso é a gente se aprisionar no que nos ensinaram como certo e nunca mais se libertar, correndo o risco de não saber mais viver sem um manual de instruções.”

Hoje decidi que estou prestes a assumir meu coração vazio. Não decidi isso movida por uma grande coragem ou por um momento de iluminação. Nada grandioso aconteceu. Apenas sinto que dei um pequeno, quase imperceptível, passo para uma vida mais madura. Eu simplesmente não suporto mais pintar o céu de cor-de-rosa para achar que vale a pena sair da cama.
Não posso mais emprestar mistério ao vazio, vida ao oco, esperança ao defunto, saliva ao seco. Não posso mais emprestar meus desejos para que pessoas se tornem desejáveis. E, finalmente, não posso mais inventar amor só para poder falar dele!

A juventude está sozinha
Não há ninguém para ajudar
A explicar por que é que o mundo
É este desastre que aí está

Quando eu ficava sozinha não havia uma queda, havia apenas um grau a menos daquilo que eu era com os outros, e isso sempre foi a minha naturalidade e a minha saúde.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Estar sozinha não muda nada, conheço bem esse estado e, de verdade, sei lidar até melhor com ele.

De manhã falei que não sentia mais nada e de noite fui no meu quarto chorar sozinha.

Lembro como se fosse ontem, mas aconteceu há exatos vinte anos. Eu estava sozinha - não havia um único rosto conhecido a menos de um oceano de distância - sentada na beira de um lago. Fiquei um tempão olhando pra água, num recanto especialmente bonito. Foi então que me bateu uma felicidade sem razão e sem tamanho. Deve ser o que chamam de plenitude. Não havia acontecido nada, eu apenas havia atingido uma conexão absoluta comigo mesma. Não há como contar isso sem ser piegas. Aliás, não há como contar, ponto. Não foi algo pensado, teorizado, arquitetado: foi apenas um sentimento, essa coisa tão rara.
De lá pra cá, nem hino nacional, nem gol, nem parabéns a você me tocam de fato. Isso são alegrias encomendadas e, mesmo quando bem-vindas, ainda assim são apenas alegrias, que é diferente de comoção. O que me cala profundamente é perceber uma verdade que escapou dos lábios de alguém, um gesto que era pra ser invisível mas eu vi, um olhar que disse tudo, uma demonstração sincera de amizade, um cenário esplendoroso, um silêncio que se basta. E também sensações íntimas e indivisíveis: você conquistou, você conseguiu, você superou. Quem, além de você, vai alcançar a dimensão das suas pequenas vitórias particulares?
Eu disse pequenas? Me corrijo. Contemplar um lago, rever um amigo, rezar para seu próprio deus, ver um filho crescer, perdoar, gostar de si mesmo: tudo isso é gigantesco pra quem ainda sabe sentir.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008.

Nota: Trecho da crônica "Emoção X Adrenalina"

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E eu vou estar te esperando
Nem que já esteja velhinha gagá
Com noventa, viúva, sozinha
Não vou me importar

Vou ligar, te chamar pra sair
Namorar no sofá
Nem que seja além dessa vida
Eu vou estar
Te esperando

Luan Santana

Nota: Trecho da música Te esperando.

Dos meus momentos mais felizes, não me lembro de algum em que esteja sozinha. Quando os dias se mostravam tristes demais para meu coração, tinha alguém ao meu lado pra segurar minha mão, quando a felicidade era imensa, estava lá pra sorrir comigo e registrar os momentos. Quantas vezes as gargalhadas ecoaram pelos cômodos da casa e quantas outras ninguém nos ouviu chorar baixinho no colo de um amigo? Realmente fui feita de metades, poucos e pedaços de cada, que se completam com essas pessoas especiais que estão a meu redor.

Não estou bem...

Minha vida não é mais a mesma
Hoje sinto uma angústia enorme
Tô vivendo a velocidade de uma lesma
Me sinto um prisioneiro só que sem uniforme

Mas não é de qualquer prisão, é da pior
Prisioneiro da minha própria mente
Sempre uma tentativa falha de me sentir melhor
E tô mal novamente

Até queria ser alguém que desse orgulho pra todos ao meu redor
Não importa o quanto tente, eu não consigo
Chega a dar dó
E eu penso, será que o erro tá neles ou tá comigo?

Eu penso se um dia tudo isso vai melhorar
É bom um pouco de expectativa
Mas infelizmente sinto que nunca vai acabar
Às vezes sinto que minha alma não tá mais tão viva

Sinto que o que sou hoje só vai piorar
E mesmo assim não peço ajuda
Certeza que um dia minha ignorância vai me matar
Mas, infelizmente, até lá tenho que continuar na mesma coisa que nunca muda

Eu sei que não sou tão bom
Mas não devo ser o pior
Eu queria ter algum dom
Mas sempre fui inútil e descartável desde menor

Sonhava que iria dar orgulho a todos ao meu redor
Não tenho mais esperança
Hoje o meu melhor é o pior
E, assim, morre mais um sonho de criança...

Não estou bem 2...

Sei lá, novamente não me sentindo bem
Fazer o que se não fui o melhor da família, nem melhor amigo
A maioria tenta me deixar zen
Mas sinto que não tô em harmonia comigo

Sinto ser a ovelha negra em tudo
E erro continuamente
Se a vida fosse um PC eu me excluía do mundo
E sumia pra sempre

Mas infelizmente, eu passo por tudo e fico calado
Não tenho autoestima
Sempre fui pra baixo
E via os outros lá em cima

Olho pra dentro de mim, não vejo mais ninguém
Tô existindo, mas não sei se posso dizer que sou alguém
Pessoas ao meu redor feridas, e eu não posso ajudar
Enquanto elas cicatrizam, tudo parece piorar, e eu sempre tento fazer de tudo pra isso mudar

Nunca fui bom jogador, bom cantor, fui bom em nada
E sinto que as vezes não posso dar uma relaxada
Não falo fisicamente e sim psicologicamente
Por mais difícil que seja, não sei se posso melhorar tudo e me senti bem novamente

Dou um grito silencioso pedindo ajuda
Ninguém entende, continuo na mesma, isso nunca muda
Eu tento chamar atenção de alguém
Mas até agora quem percebeu? Ninguém

Hoje uma pessoa me ajuda, sem saber
Uma pessoa que passa por coisa pior
A essa pessoa tenho só a agradecer
Ela é a única que vê o meu melhor

Eu tento mudar meu pensamento, mas do que adianta?
Cada vez que penso mais fundo, mais fico mal e sempre fico nessa corda bamba...

Nunca sei se quero descansar porque estou realmente cansada, ou se quero descansar para desistir.

Clarice Lispector
Minhas queridas. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

Nota: Trecho de carta escrita em julho de 1946 a Tânia Kaufmann.

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Meu lar é sempre onde estou, meu lar está na minha mente, meu lar são meus pensamentos, meu lar é pensar as coisas que eu penso. Esse é meu lar. Meu lar não é um lugar material por aí... meu lar está na minha mente.

Bob Marley

Nota: Autoria não confirmada.

Canção das mulheres

Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco – em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa – uma mulher.

Lya Luft
Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2011.

Ando de um lado para outro, dentro de mim. (...)
Estou bastante acostumada a estar só, mesmo junto dos outros.

Clarice Lispector
Correspondências. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Nota: As frases pertencem a duas cartas endereçadas a Maury Gurgel Valente, escritas em 6 de janeiro de 1942 e 11 de janeiro de 1942, respectivamente.

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