Morre Passaro
Me chame de vida, se for capaz de me colocar na sua…
Mas não me chama se for pra me deixar morrer em você.
O calado nunca vence nada,
a verdade é que o calado morre, desaparece e ninguém lembra
mais dele, porque ele nunca
chamava a atenção, sofria em
profundo silêncio...
Eu já morri muitas vezes nessa vida...
Porque gente morre um pouquinho
Quando se perde alguém que ama...
Quando sofremos uma decepção...
Quando perdemos um bichinho de estimação...
A gente morre um pouquinho quando vamos alguém sofrendo e por mais que se queira ajudar não é possível...
Quando deixamos o lugar onde nascemos...
Quando nos deparamos com a traição...
A gente morre um pouquinho quando um projeto não deu certo...
Quando um amigo vai embora...
Quando deixamos de amar e alguém chora...
A gente morre um pouquinho quando os filhos deixam nossa casa...
Quando eles batem asas e passam a viver suas vidas...
A gente morre um pouquinho até que um dia de pouquinho em pouquinho a gente morre...
Renato Jaguarão.
PÁS NAS MÃOS
Esperança: a última que morre
Alianças vão sendo reveladas
Aquele que guarda não dorme
Ainda em meio às grandes batalhas.
Decifre o que diz o amanhecer
Gritando desesperadamente nova chance
Oque mais longe possa parecer
Poderá sim estar ao seu alcance.
Pode até parecer o fim
Mas Poderá ser um belo recomeço
Eu reconheço sim
Que as vezes nem eu me conheço.
Para cada golpe uma esquiva
Garimpa o melhor do coração
Sacode a poeira e viva!
Não repare nos que anseiam com as pás na mão...
Levy Cosmo Silva
Morte do Artista
Quando morre um homem,
a vida segue no sangue,
à sombra das gerações,
na memória que existe,
na existência suprimida,
no eco da lembrança que persiste.
Quando morre um artista,
seu corpo é palavra,
acorde metafísico,
sua ausência,
presença indomável.
E no silêncio do século
sua alma repousa
até que outra mão desperte o imponderável.
Sua obra vira fogo,
matéria inextinguível,
atravessa o tempo,
se faz eternidade.
A saudade aperta, mas o amor vivido nunca morre.
Chorar não é fraqueza; é a alma lembrando que amou de verdade.
O silêncio da perda é pesado, mas cada lembrança é luz no peito.
Sobre o sono da morte, Inferno e Paraíso. Ninguém está no Inferno, quando a pessoa morre ela dorme. Quando Jesus voltar vai ressuscitar os salvos que dormem no pó da Terra. Se os mortos fossem direto pro Paraíso não precisaria Jesus voltar. O ladrão na cruz acordou no Paraíso.
Se engana quem acredita que o amor de verdade não acaba!
Não só acaba, como ele também morre.
Vai morrendo aos poucos com a falta de diálogo, com a falta de compromisso, com a falta de reciprocidade, com a falta de cumplicidade, com a falta da verdade;
E para fechar o caixão!?
Ele morre de vez com a falta de respeito e da fidelidade!
Talvez por isso seja tão difícil, amor de verdade que dure uma vida inteira;
O homem precisa ser capaz de prover, proteger e morrer por amor, enquanto a mulher precisa ser sábia, para honrar e edificar.
O sentido da vida não é sobreviver, é significar.
A maioria nasce, cresce, trabalha, sonha e morre — mas poucos entendem por que estão aqui.
O verdadeiro sentido não está em possuir muito, nem em evitar a dor, mas em viver de um modo que o céu se manifeste através da gente.
Sobre a Vaidade da Sabedoria
A sabedoria não leva a nada.
Como morre o tolo, morre o sábio.
Tudo o que o sábio sabe é, em última instância,
para alimentar a própria vaidade —
para poder se orgulhar do que supõe ter entendido.
É verdade que, às vezes, a sabedoria o livra
de certos abismos onde o tolo cai sem perceber.
Evita-lhe perigos, enganos, precipícios.
E o tolo, ignorante de tais ciladas,
paga caro — muitas vezes com a própria vida,
morrendo antes da hora,
ceifado pela própria inconsequência.
Contudo, nem isso é razão suficiente
para que o sábio receba honras imerecidas
por seu árduo trabalho em busca do saber.
Pois todo conhecimento, por mais vasto,
se perde no tempo e no espaço,
como areia que escapa por entre os dedos
do homem que acreditava segurá-la.
