Mini Textos de Ana Maria Braga

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⁠Perguntei ao teu olhar -

Perguntei ao teu olhar
se tinhas por mim amor
mas dissestes a chorar
não perguntes por favor.

Quando a Alma nos agita
e as palavras contradizem
as verdades que não ditas
só os olhos no-las dizem.

Mas se os olhos nunca mentem
porque o faz a tua boca
que eles digam o que sentem
pois a vida é tão pouca.

O silêncio também fala
quando tira a voz da gente
quando a tua boca cala
o teu rosto nunca mente.

Inserida por Eliot

⁠É inútil acreditar -

É inútil acreditar
quando alguém já nos mentiu
fere sempre até sangrar
da mesma forma que já feriu.

Uma espada de dois gumes
que trespassa até matar
duas chamas num só lume
é inútil acreditar.

É inútil acreditar
em olhos que já mentiram
insistem sempre até magoar
num amor que não sentiram.

Mas um dia há-de haver fim
o que começa há-de acabar
nessa história, ai de mim,
se voltar a acreditar.

Inserida por Eliot

⁠Aquela Ponte -

Ainda hei-de encontrar
aquele amor que não vivi
aquele toque que não senti
alguém que me há-de amar.

Hei-de ser o Sol poente
que arde no horizonte
hei-de ser aquela ponte
onde passa toda a gente.

E hei-de ser todas as coisas
do principio ao fim da vida
uma esperança concebida
como são as coisas doidas.

Mas porém se não chegar
esse amor de que vos falo
acreditem vou espera-lo
bem no fundo do meu olhar.

Inserida por Eliot

⁠Hoje mas só hoje -

Hoje inclino-me ao fulgor dos dias luminosos
caiados de sol, cheios de noite e solidão,
inclino-me às dores, aos olhares saudosos
da minha triste juventude etérea sem razão!

Hoje! Mas só Hoje! ...

Hoje inclino-me às crianças que passeiam pela rua
cheias de sonhos e vontades, como eu já tive,
e penso na amargura que vão sentir, tão crua,
ao verem, crescendo, que sem a morte ninguém vive!

Hoje! Mas só Hoje! ...

Hoje inclino-me às guerras porque delas se faz paz,
uma paz armada, bem sei, porém uma semente,
inclino-me à fome e à tristeza de que a traz,
à dor e ao silêncio de quem a vê, de quem a sente!

Hoje! Mas só Hoje! ...

Hoje e só hoje me inclino ao coração dos homens,
por vezes, tão negros, cheios de maldade e podridão,
cheios de angustia e amargura, cheios de nuvens
que lhes encobrem a Voz de Deus e lhes tiram a razão!

Hoje! Mas só Hoje! ...

Inserida por Eliot

⁠Esta noite -

Lado a lado, frente a frente,
nós, a Morte, o destino e a saudade!
Quem diz que não sofre, mente,
pensando que vive em liberdade!

Não passa tudo d'um instante
entre o desejo de ficar e ter que partir;
o ritmo é binário, constante,
vivendo a vida da vida a fugir.

Olha docemente em teu redor,
a vida não acaba, simplesmente,
quem nasce p'ra morrer não é pior
do que quem vive infeliz no meio da gente.

Esta noite tocarás para as estrelas,
esta noite, tocarás ao som do vento ...
Tudo porque as Estrelas são belas
e a vida não passa d'um momento!

Inserida por Eliot

⁠Instante de mim -

Meu amor tu não te lembras
daquelas horas, das penas,
das ilusões que a vida tem;
das tristezas sem carinho
de tantas pedras no caminho
que o teu amor me deu também.

Trago tanto por escrever
muita coisa por dizer
na solidão dos dias vagos;
dou ao Fado o meu destino
e os meu olhos de menino
trazem sonhos magoados.

Se eu soubesse que esquecendo
apagava o que fui sofrendo,
acredita, seria o fim;
nunca mais me encontrarias
porque afinal tu não merecias
nem um instante de mim.

Inserida por Eliot

⁠Não sou mais -

Não sou mais do que o vento passageiro
ou a brisa do horizonte que se sente
no olhar, num instante triste mas inteiro,
numa hora infeliz, fria e permanente!

Não sou mais do que um grito de infinito
por sobre as manhãs frias que nos cercam
cheias de névoa e solidão, num desejo perdido,
de não ser um daqueles que todos deserdam!

Não sou mais do que a distância imprecisa,
vagamente perturbadora que nos rodeia
de rosas negras, numa hora apetecida
de Primaveras, num sonho que se alteia!

Não sou mais do que estes versos que escrevi
nas folhas do silêncio que vou lendo
ou estas linhas que não falam de ti
porque tudo se apagou na voz do vento!

Inserida por Eliot

⁠Esse amor que trouxe o vento -

Esse amor que trouxe o vento
Mais veloz que o pensamento
Trouxe rosas ao meu leito
E num mar de água salgada
Fez nascer a madrugada
Como um sopro no meu peito!

Esse amor que trouxe o vento
Fez nascer no firmamento
Uma estrela ilumimada
E aqueles sonhos que sonhei
Aquele amor que desejei
Fez-me andar por outra estrada!

Esse amor que trouxe o vento
É mais forte que o lamento
Que a saudade ou a tristeza
E ái daqueles que o não sentem
Na verdade é porque mentem
E só vivem na incerteza!

Esse amor que trouxe o vento
Fez nascer um sentimento
Que nos veste o coração;
Disse adeus à amargura
E não sei se foi loucura
Disse adeus à solidão!

Inserida por Eliot

⁠Naquela campa -

Há um poema cansado
Nas rimas do meu sofrer
Mais um momento marcado
Pela vontade de morrer.

Há um silêncio que agito
No fundo dos meus sentidos
E o meu poema é um grito
São meus sonhos perdidos.

E o que ficou do que fomos
Está preso ao fado, à poesia
P'ra mim seremos e somos
Aquele amor que eu sentia.

Aquelas horas tão nossas
Só eu as guardo no peito
Talvez também 'inda possas,
Lembra-las tu ao teu jeito.

Naquela campa tão fria
Deixo uma rosa e um beijo
Que a Musa desta poesia
Fica virada p'ro Tejo.

Inserida por Eliot

⁠Foi assim que nasceu -

Tão estranho sentir o que sinto desde quando te vi
Mas o amor sempre chega quando a gente não espera
Talvez seja a vontade de amar que um dia perdi
Quem sabe se és tu o luar da minha quimera
Foi assim que nasceu este amor que eu sinto por ti!

E Vi nos teus olhos o destino que tanto pedi
E tu nos meus olhos o amor que tanto esperaste
Nem mar, nem silêncio, nem vendavais que vivi
Não voltarei a chorar porque tu já chegaste
Foi assim que nasceu este amor que eu sinto por ti!

Inserida por Eliot

⁠Homenagem a Paula Ribas - Palcos de Glória -

E em tempos houve um rio que me sonhou!

Uma Vida que vivi …
Um sonho que me criou …
Que fez margem do meu corpo …
Fez leito do meu Ser …

E parecia Glória intangível.
E os destinos se cruzaram!
E os milénios se interpuseram!


E vi pedras, e vi barro, olhares e descrenças ...
Rasguei o ventre à solidão, e fui além …
Tão mais além do que alguém foi!
E correram águas, e houve medo,
e houve espuma e houve espanto.
Mas fui … sem nunca duvidar.
Sem nunca desistir.

E à força do meu canto, sobre palcos sem nome,
ergui desvãos sombrios, olhares secretos,
noites diferentes e dias repetidos.

E fui rio, fui margem, fui amor, fui ódio,
espasmos e perdões!
Fui tanto … tanto … que o recordar me deixa
inebriada …

E tanto que perdoei! Perdi-lhe o conto …
De mim nasceram filhos.
Glórias! Palmas! Tributos!
Tanta gente … tanta gente …
E tantas pautas me gastaram …
Tantas outras por gastar …

Mas o palco! Os panos! As luzes! E o canto!E a minh'Alma!
Tudo em mim, ainda, tão intenso!

E acordaram ecos, iludiram mágoas,
e corri o mundo e o mundo correu-me a mim!

E dancei … dancei, rasguei palcos d'ilusão
aos movimentos do meu corpo.
E fui sonho - fui estepe, fui quimera -
tão fundo como os mares …

Levo tudo na mão sem sombra ou nostalgia …
Só saudade em lânguidas tardes mornas …
Por mim tudo passou ao som das águas turvas
e dos ternos temporais...

E os anos desfilaram, lentos e absortos ante ruínas
repetidas, mas nunca desisti! Nunca!
E recordo o silêncio que então se fez.
A beleza tombada das estátuas rodeadas de gardenias.

Meu corpo! Meu corpo!
Corri o pano! Calei as pautas!

Mas não parei … renasci … fui de novo … em frente …

Meu rio continuou …
Em busca de outros horizontes...
Nova aurora … novo amanhecer...
Em busca d'outros mares …
Novas margens … novo leito …

Afinal, Eu sei quem sou!
A que fui! A que serei!
Por onde vou? Não sei!
Sei que vou … que irei …

Além … sempre mais além ...

Inserida por Eliot

⁠Como podemos amar o amor?
Se a persistência nos causa dor.
Como podemos amar as estrelas?
Se ao olharmos nos vem tristezas

Amor é algo que não vemos.
Mas se falarmos em "termos'
Amar é tão profundo
Que no fina nos tira tudo.

Como amar o amor?
Oferecendo e entregando a sua dor.
E mostrando ao mundo
Que vale a pena amar o amor.

A tristeza por dentro nos corrói
E mostra a nós mesmos aonde dói.
" quem sabe onde quer chegar
Escolhe o caminho certo e o jeito de caminhar.

O soar da sua voz.
Me faz compreender .
Que o soar das palavras
É o bem mais precioso que nos faz aprender.

Inserida por maria_clara_clara_1

E Anoiteceu -

⁠Há no frontispício do meu olhar
a mácula d'um vazio indefinido ...
E anoiteceu!
Fez-se escura a minha Alma
cheia de turva solidão.
Longe do Céu, longe da Terra,
longe de todos os sonhos
nada sei do meu silêncio.
Há ainda um qualquer destino
por cumprir,
coisas por viver, vontades por abrir.
São abismos! Profundos, silenciosos ...
São vales! Densos, parados ...
São montanhas! Penedos que se erguem
entre mim e a vida. Entre a Vida e Deus.
Estou cansado!
Há no frontispício do meu olhar
a mácula d'um vazio indefinido ...
E anoiteceu!

Inserida por Eliot

ÉVORA -

⁠Ir àDescoberta de Évora é ensinar a todos os interessados, mais ou menos conhecedores da cidade, que olhem para Évora com outros olhos, que descubram nas actuais pedrarias, ruas e edificios quem, como nós, a já habitou, viveu e construiu. Outros Tempos, outras Eras, outras Idades, tudo ainda subjacente ao aqui e ao agora que vivemos. Pormenores que desvendam épocas agora encobertas pela actual modernidade mas tão presentes ainda.

Virgilio Ferreira que a habitou escreveu certa vez:
"Évora é uma cidade branca como uma capela. As veredas dos campos convergem para ela como os rastos de esperança dos Homens. E, tal como uma capela, Évora é habitada pelo silêncio dos séculos e dos campos que a envolvem ..."

Por sua vez, Florbela Espanca descreveu-a nos seus sonetos como "(...) Ruas ermas sob os Céus cor de violetas roxas ... ruas frades pedindo em triste penitência a Deus que nos perdoe as miseras vaidades."

Cecilia Meirelles, poetisa Brasileira que certa vez a visitou, chamou-lhe Évora Branca e disse que sentia "como se o escultor tivesse querido imortaliza-la. Porque há em Évora um silêncio de cetim, franzido apenas de repente pelo fernesim dos pombos, pelo frémito da água esverdeada ... amo a sobriedade gráfica das suas muralhas que caminham para longe como o dorso eriçado de um animal ante-diluviano, e as torres quadradas, e os parapeitos sobre os arcos, e o vulto maciço dos palácios ... tudo tem uma grandeza, uma dignidade que o cimento armado, a meus olhos, não consegue ter ..."

Miguel Torga cita-a: "Não tenho nas minhas veias, nem o templo de Diana, nem a praça do Geraldo, nem a brancura redonda da água das tuas fontes..."

Em Évora Romântica Ricardo Louro escreveu: E vejo o Templo, a Sé, em longas margens de sossego, na serenidade dos heróis, na tristeza das fachadas, na dolência dos jardins, na quietade dos olhares, na plenitude das gentes, que, pela vida, agora, tantos anos volvidos, ainda vão passando, serenas, imutáveis, imberbes!

Venha ao encontro de Évora onde tanta vida se já viveu, tanta vida se vive agora e tanta há ainda por viver.

Inserida por Eliot

⁠Nevoeiro dos Sentidos -

Os mortos dos meus mortos
trago nos sentidos,
num berço de saudade
os trago adormecidos.
Ai,saudade efemera sem paz
que vive em mim
pobre mortal de Deus nascido!

Minh'Alma sepultada
neste espesso nevoeiro
adormece os mortos
no frio dos meus sentidos,
mas se acordado
os sinto adormecidos,
despertam depois quando adormeço.

E em cada noite que me deito
liberto-me da matéria,
abraço-os, recordo-os...
Esvai-se o nevoeiro espesso
e numa imensidão aerea
sonho, acordo e adormeço.


"quasi madrugada"

Sinto-me um TODO enquanto Alma singular quando atinjo o além-forma. É o extase total desta minha Humana existência...

Inserida por Eliot

⁠meio morto, meio vivo,
Amor-perdido, doer calado,
sem passado nem presente,

- ser sofrido!


meio aqui, meio nada,
Amor-sem, doer confuso,
ser distante, esvaziado

- de tudo!


meio cego, meio tonto,
ser que sente fora,
meio vazio, abandonado

- em luto!


Amor-confuso que não entendo,
tão louco, tão vencido,
repensar pensando, pensamento

- louco!

Inserida por Eliot

Louro -

⁠Sobre um ramo de Loureiro floresceu meu Coração,
nasceu densa, obscura, minh'Alma inspirada ...
Fiquei longe, na lonjura ... pena-de-Poeta,
linhagem d'oiro, geração desprezada!

Depois, gritei distante, fiquei a sós
e escutei ao longe, o Nome de meu Avô!
Ao ouvi-lo, escaldou-me o sangue na voz
por também Ser "LOURO", por lembrar que o Sou!

"Nobre-LOURO", teara-de-Poeta!
Raiz funda no mais fundo do meu Ser,
coroa-do-heroi, meu punho d'Asceta!

Não chorem por mim se Eu morrer!
Irei "coroado-de-Louros": nasci distante, cresci na dor, "morri Poeta!"
Minha Vida foi toda um bem-querer!



DISSE UM DIA O ORÁCULO DE KUNIAM SOBRE MIM:

23) "Subindo ao Loureiro"

" Se ascenderes ao palácio da Lua,
atravessando Loureiros,
não penses se o portal celeste
te será aberto ou não,espera,
de todos os lados chegarão boas notícias,
e no topo da montanha desabrocharão sorrisos como
flores ..."

Inserida por Eliot

⁠ Verbo Amar -

EU AMO o que tu és
expresso p'lo teu corpo,
nascido da tua Alma...
TU AMAS o mundo naquilo que ele é
fugindo de nós ...
ELE AMA o que tu não és,
quando estando tão perto
está tão longe de ti.

NÓS AMAMOS, quando juntos,
envolvidos, nos tocamos, entregamos,

...instante... apenas isso ... breve instante!

VÓS AMAIS somente,
o que separados nós não somos,
quando longe nos situamos...
ELES AMAM sem sonhar
o desejo que os possui,
apenas querem outros corpos
não nos sabem AMAR!

Quem sabe um dia,
se aprenderei a conjugar
de forma mais Feliz
a Profundidade do Verbo AMAR

Inserida por Eliot

⁠A outra Face da Vida -

A Morte não existe,
somos Seres Imortais ...
Estamos vivos desde Sempre
e viveremos para sempre!

Fazemos parte de um Sistema Vivo
que Eternamente se Recicla ...
Somos Seres Reencarnantes,
a parte Humana de Deus
que habita a Eternidade.

A Consciência de "não-Morte"
é a percepção de que a Morte
é a outra Face da Vida.

Somos Almas e não corpos!

Inserida por Eliot

⁠Alentejo -

P'los prados verdejantes
do meu Alentejo
há rebanhos de solidão
que pastam horas solenes,
guiados p'lo cajado,
conduzidos ao bordão:

campos-de-silêncio
de lirios pintados
de roxo adornados
nas telas do Coração!

Oh Ceifeira do monte! ...

Ceifas ao relento
ceifas à calma,
deixa que te conte,
ouve este canto,
leva as minhas penas
a Saudade e o pranto!

E quando à sombra do montado
enfim descanso minhas culpas,
repouso meus pecados,
agradeço ao Universo
e deixo ali um Beijo:

serás sempre tão meu,
meu-doce-Alentejo!

Inserida por Eliot

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