Mini Textos de Ana Maria Braga
Eu Sou o Último de Mim Mesmo -
Eu sou o último de
mim mesmo
que sucede a outro
que me habitou,
antecipado e frio,
sem vontade de viver!
Eu sou o último de
mim mesmo
que traz nas costas
o peso de um passado,
que ainda me persegue,
longo e rejeitado!
Eu sou o último de
mim mesmo
nascido de uma morte
de um veneno apetecido
de uma escrita indecifrável
vaga e baça!
Eu sou o último de
mim mesmo
o que vivi depois de mim
sem querer nem desejar
a Linhagem dos Poetas,
a rejeitada descendência!
Eu sou o último de mim mesmo,
o último depois de mim ...
O Sangue Apodrecido -
O Sangue apodrecido nas
minhas veias
não me deixa cantar a Alma!
Trago fome nos meus dedos.
O vazio que me veste o corpo
não me deixa amar a vida!
Mas outros dias virão...
Eu sou um moribundo!
Descalço de amarguras,
despido de ilusões.
Sou o batente de uma casa,
a baldraga de uma porta,
o erro de um ditado,
um verso por ser verso
que é tonto e rejeitado ..
À Lareira da Infância -
(EU)
Na casa
do Outeiro,
junto ao lume
que se ateia,
sentavam-se
à conversa,
à hora
da ceia,
meu Avô,
minha Avó
e a Tia
Josefa!
Era eu
uma criança,
jovem entre
velhos,
cheio d'alegria,
Amor e Esperança!
Tanto calor
que me vinha
da lareira
da Infância!
Um leve odor ...
E a Tia
Josefa,
branca,
imponente,
lânguida,
serena,
sisuda,
começava
a conversa!
(PARA MEU AVÔ)
Ó meu irmão,
que fizeste tu
da alegria
que pela
Vida fora
te conhecia?!
Às cores
do teu rosto
que o Sol
ardente
te havia
posto?!
Essa
expressão,
risonha
e calma,
que me alembro,
a força
do teu corpo,
a Vida
da tua Alma!!!
Onde,
meu irmão?!
Onde?!
(EU)
E estoira
a lenha
na lareira
da Infância!
Meu Avô,
atento,
ouve a conversa,
e responde,
fixando
a Tia Josefa!
(MEU AVÔ)
Estou velho
minha irmã!
O tempo
passa ...
Mas como
as bagas
da Romã,
a memória fica
junto ao Coração,
imersa, arreigada,
numa imensa
solidão!
E ai do Coração!
Ai do Coração!
(TIA JOSEFA)
É Verdade
meu irmão!
É Verdade ...
Fica a saudade...
Nossa mãe,
nosso pai,
já estão
na Eternidade ...
(EU)
E a lareira
da infância
ardia,
queimava
a lenha
da saudade ...
Era lá
que em criança
minha Alma
se aquecia!
E minha Avó,
silenciosa
que estava,
ouvia!
Profunda,
graciosa,
sentia Esperança,
junto à lareira
da infância!
E dizia:
(MINHA AVÓ)
Ouve,
meu Neto,
um dia,
nenhum de nós
aqui estará!
E a tua glória,
será escrever
em verso,
aquilo que
nos ouviste,
junto à lareira
da infância!
Mas escreve
com Esperança,
não te esqueças!
E triste,
ou não,
guarda sempre
na lembrança,
a conversa
da lareira,
que ouviste
à hora da ceia,
à beira
de teu Avô,
tua Avó e
da Tia Josefa!
(EU)
Em volta
da lareira,
os três sorriam,
e minha infância,
momento terno,
era quente,
com a Esperança,
de quem sente,
que aquele instante
podia ser Eterno! ...
Mas a Morte
sempre vem! ...
É breve!
E tudo leva!
Fica a memória
na saudade
e a saudade
nos meus versos!
É esta,
minha unica
Glória!!!!
Ricardo Louro
No Outeiro,
em Monsaraz
- GRANDE POVO! GRANDE GENTE! GRANDE TERRA! -
Um Povo sem cultura
É como um rio sem ter água
É um corpo sem altura
É um homem cheio de mágoa!
Pobre povo! Pobre gente! Pobre terra!
É mar estático sem horizontes
Que se acaba onde principia
É história sem ter fontes
Sem poetas nem poesia!
Pobre povo! Pobre gente! Pobre terra!
É Noite fria sem luar
Que a Lua beija por engano
Sobre um povo que é do mar
Aos nocturnos de um piano!
Pobre povo! Pobre gente! Pobre terra!
E Grita povo ... grita!
Porque a Arte não está morta ...
Pois a Alma que te agita
É só ela que te importa ...
Grande povo! Grande gente! Grande terra!
#unidospelopresenteefuturodaculturaemportugal
Sou o que Fica -
Eu sou o que fica parado, contra o tempo,
numa espera inútil e cansada,
num espaço aberto, contra o vento,
onde a Alma está ainda agrilhoada.
Sou o que fica depois de tudo terminar,
calado, ausente de esperança,
num silêncio abrasador, a chorar,
mas com alguma Fé e Confiança.
Sou o que fica vestido de madrugada
com sapatos de silêncio à beira mar
e que caminha numa longa estrada
numa pressa incessante de chegar.
Eu sou o que fica sem ficar
a mágoa apetecida sem razão
o triste barco ao cais pronto a largar
a que o destino deu o nome de solidão.
Meu Canto é de Tristeza -
Meu canto é de tristeza
d'uma tristeza sem fim
Porque nada mais existe
Dentro ou fora de mim!
Meu canto é de tristeza
Vim ao mundo p'ra estar só
Aconchego não tive nenhum
Além do colo de minha Avó!
Meu Canto é de Tristeza
Meu canto é sangue rubro
Mas dos ecos de distância
É que nascem estes frutos!
Ás Vezes -
Ás vezes glorio-me do meu tempo!
Deste estar e não-estar cheio de noite
e de mistério ...
Glorio-me das horas dos meus versos,
'inda que, às vezes, me torturem e
desenganem!
Glorio-me das horas tristes com sabor
a madrugada, cheias de silêncio e de
Vazio ...
E digo-o consciente!
Digo-o de pés firmes no chão!
Benditos sejam os versos que me habitam!
Sem Saber -
Aqui a vida respira-se antiquada e cinzenta,
igual à desses Poetas tristes das românticas madrugadas,
cujos os sonhos a distância não
não matou.
Ali a Alma é grande e os corpos
diminutos,
os olhos extensos e os gestos frios
como a noite ...
A esperança está presa aos versos
e os dedos com que rasgamos
as sombras
são vertigens puras de um amanhã
por conceber!
Há pontes de um destino a outro,
e nós, indecisos, sem saber ...
Sonhos sobre o Mar -
Tantos são os sonhos que persigo,
Com eles, a ilusão de alcançá-los,
Só eu sei, na verdade, porque o digo,
Hei-de um dia, sobre o mar, deixá-los!
Vem o vento! Nas suas asas subo!
E ascendo ao anseio de voar-me ...
O sonho é voar! E isso é tudo.
A alegria de poder cantar-me ...
É longa a viagem do Poeta
Porque vem de fundos, longe de si,
Não sabe o seu destino, a sua meta,
E as suas ilusões não tem fim.
Talvez um dia possa ultrapassar
A vida que vai e vem sem jeito
Talvez possa pôr os sonhos sobre o mar
E guardar os versos no seu peito.
Poema Triste -
Há uma musica triste, distante,
um quase silêncio
que me toca no rosto
que me acaricia a Alma,
uma angústia fria e vaga
uma sombra profunda
um grito cansado
um destino por viver
um sonho por sonhar.
Há uma voz doce, presente,
uma quase alegria
que me envolve o coração
um triturar de gestos quentes
um quase vento de asas
um leve entendimento
uma breve lonjura
um poema que acaba de nascer!
Serei Sempre -
Serei sempre um pobre Poeta
sem destino,
um deserdado dos outros,
um esquecido, abandonado,
filho do silêncio
sem vontade de viver!
Serei sempre um triste
que só sabe fazer versos
com garras frias, contra a vida
negando o coração ...
Terra mordida de Sol ...
Noite vivida de Lua ...
Morto que procura a solidão ...
Aprenda que o amor
não é algo que se brinca
Ou que se joga fora
É algo para admirar
É algo para chorar
É algo para memória
É algo para o coração
É algo para o bem estar
É algo para amar
E para sofrer com isso
Pensando em que:
Não se pode jogar fora ou brincar com o amor
Mas que as vezes é melhor
Se afastar dele, ou
O amor vai ser algo para
Sufocar o coração
Até que não sobre ar
Entre duas coisas, sempre a algo no meio?
Por que, não te amo, mas também não te odeio
Existe uma metade nisso?
Gosto de estar perto
Gosto do seu carinho
E sorriso
Mas infelizmente
Não te amo
Eu não conseguiria te amar
Não aqui
Não hoje, e talvez nem amanhã
Ainda quero aprender a ser primeiro
Quero aprender a ser
Amigável
Forte
Cuidadosa
Responsável
Amada
E aprender a amar
Mas antes de amar, a ti, ou outra pessoa
Tenho que aprender a me amar
Como pessoa
Como mulher
Ou homem
Mas, só amar
Me amar
Então talvez, possa aprender a amar
A te amar
Conhece o seu corpo, mas não compreende o seu caos.
Manter um relacionamento de aparência é sustentar uma mentira que gera desperdício e atraso de vida.
É sobre desnudar a vaidade e viver a realidade com alguém que te fortaleça nos seus piores dias e que seja nesse abraço a sua forma de começar e aliviar o seu dia.
Hoje vou te pedir um favor: Acolha a sua dor, escute ela, compreenda.
Dói no momento, mas não por toda vida, ela deseja te ensinar uma lição e principalmente que você pratique o perdão ao próximo e inclusive a si mesmo.
Somente através do perdão que conseguimos a paz e a condição necessária para seguir em frente.
Do Profundo Abismo -
Do profundo abismo destes versos
ergue-se a mortalha de silêncio
que me veste o corpo desde o
berço ...
Há faces (tantas) por saber em minha face,
ventos, labaredas, agonias e cansaços.
Puras são as pedras! Que francamente
sendo pedras não desejam ser mais nada!
São elas! Assim! Inteiras! ...
Outros barcos virão que a morte não dá,
outro cais, outro mar ...
A vida está presa aos nossos dedos sem
estar em nossas mãos ... tudo é efémero!
Não tenham pena dos meus poemas
castigados!
No Quarto Escuro da tua Ausência -
No quarto escuro da tua Ausência
tranquei meu coração magoado,
fechei as janelas do cansaço
e adormeci na cama do silêncio
onde morro desde o dia em que
nasci!
Aqui a vida respira-te ...
Meu corpo navega-te por dentro ...
Há espadas afiadas e punhais
pontiagudos nos meus olhos ...
É inútil o desespero de esperar-te.
Aqui as mãos são de sangue!
Abre-se em frente a mim um mundo
oculto de espanto e é palpável
o inefável de sê-lo.
Aqui os olhos são de água!
Desnuda-te e lava-te nas minhas
lágrimas ...
Das melhores voltas que o mundo me dar as perguntas, bem mais que nas respostas, o balanço e o avanço sempre será meu.
Das melhores voltas que o mundo me dar, a simplicidade, o passo, a família, os amigos, o trabalho, o balanço e o avanço será meu.
Das melhores voltas que o mundo me dar, o amor, o agradecer, o confiar, o acreditar, a fé, o balanço e o avanço será meu.
Esse balanço e os avanços são o melhor que a vida nos dar.
Querer Ser -
A vida é um fluxo eterno
Num eterno movimento
Um silêncio que é interno
Para lá do pensamento.
É aquele querer chegar
Onde tantos não souberam
Mas há pedras ao passar
Que os outros não quiseram.
Também há a solidão
Há o sonho e a vontade
E bem no fundo do coração
há a esperança e a saudade.
Mas do Sol de cada dia
Há uma vontade de só estar
Um querer ser por ousadia
À procura de um lugar.
Fagulha
Então quando uma pequena fagulha de luz surge na escuridão...
Logo se espalha pelo ar como inúmeras estrelas no céu...
Aquece os nossos corações e iIumina o nosso olhar ...
É o combustível para nossa fé,
E expande todas as possibilidades de acreditar...
Então quando uma pequena fagulha de luz surgir transfor-me a em uma grande fogueira.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
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